domingo, 26 de junho de 2011

ARTUR EDUARDO BENEVIDES, poeta

"POEMA ÀS TRÊS DA MANHÃ

Não há notícias do mundo. Todos
devem estar mortos. Lívidos. Ou quedos.
E em sossego tecem
os últimos segredos.
Tudo cai em repouso. Nada ouso.
E a solidão é esse peso enorme
sobre o mundo que dorme.

Meu corpo não me tem. E sou
aquele que restou, além,
na longa insônia em mim reinventada.
Sou a nudez que não se conformou
em ficar como está, desencantada.

Os mortos não falam:ressoam.
Como aves noturnas voam.
Ou em etéreas canoas passam.
E se embaçam.

(Oh, o silêncio!
O gesto dos que se descompassam.
Dos que se esperam em vão. Ou se espedaçam.)".

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