SONETO DE OTTAWA
E o tempo...o tempo o belo escarnecido,
por mais longo que seja sempre breve,
uma brancura plácida de neve
desgarrada do céu escurecido,
o tempo, que não cumpre o prometido
e jamais paga o soldo que nos deve
e finge estar parado quando a leve
folha estremece no jardum florido,
o tempo que dá voz às águas mudas
e o dia fugitivo torna em pura
noite de um vivo tempo não vivido,
e veste ao sol as árvores desnudas,
crava em nós sua flecha, e uma brancura
de neve cai do céu escurecido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário