terça-feira, 2 de setembro de 2014

Thomas Mann -- Doutor Fausto, sobre a existência

No fundo, existe neste globo somente um único problema, e este se chama: como se abre caminho? como se chega ao ar livre? como se rompe o casulo, para vir a ser borboleta?

(...)

Redenção ou perdição estéticas, eis o destino, que determina a felicidade ou a desventura, a convivência de seres sociáveis na Terra ou o isolamento irremediável, por mais soberbo que este seja. E não é necessário ser filólogo, para saber que a fealdade é odiosa. O afã de abrir caminho, livrando-nos das amarras e do cárcere do feio...talvez vás dizer que debulho a palha vazia, na qual dormíamos, mas sinto, sempre senti e manterei essa minha opinião, apesar de todas as aparências brutais, que esse afã é alemão kat' exochen, é mesmo o que define a germanidade, um estado de alma ameaçado de quimeras, do veneno da solidão, de um provincialismo boçal, de maranhas neuróticas, de silencioso satanismo...

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