quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Thomas Mann -- Doutor Fausto, sobre o casamento cristão

Esse homem tinha realmente o direito de pedi-la em matrimônio, o direito de olhá-la, de desejá-la, de desejá-la para sua esposa cristã, como nós, os teólogos, dizemos com o justo orgulho de termos surrupiado ao Diabo a união carnal, convertendo-a num sacramento, no sacramento do casamento cristão. Muito engraçado, no fundo, essa usurpação do ato natural, pecaminoso, que realiza o sacrossanto pelo simples acréscimo da palavra "cristã", que, de resto, não altera nada. E, no entanto, cumpre admitir que a domesticação da malvadez natural, do sexo, mediante o matrimônio cristão, tem sido uma inteligente solução de emergência.

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