terça-feira, 23 de setembro de 2014

Bruno Giorgi na visão de Jacob Klintowitz

Este Meteoro é o símbolo visual de Brasília. (...) Esta escultura de Giorgi é feita de ritmos partidos e novamente restabelecidos. Entre seus vários vetores estabelece-se um vazio espacial capaz de conferir dinamismo em toda a escultura. É importante ver o que está desenhado como forma e o que não está desenhado, os vazios, o oco, mas que dá vida ao existente. O que está e o que não está são uma única entidade espiritual...mas é este Meteoro o símbolo, por sua vez, das relações entre a terra e o céu. A pedra sempre foi adorada, em todas as civilizações. Pois, a pedra é o símbolo do que veio do céu e está na terra. veio de Deus e está com o homem. Ela é um elo de união entre o alto e o embaixo, o atemporal e o temporal, entre o Senhor e a sua Criatura. A pedra é um presente dos deuses.


(...) A escultura contém elementos de linguagem ancestral. A escultura é feita de matéria. O homem encontra e revela a significação da matéria. E quando a escultura é capaz de retomar temas essenciais e conferir a eles um valor mítico, nós nos encontramos diante da verdadeira manifestação artística. A emoção e a receptividade das pessoas, mesmo quando isto não está claro no seu espírito, se deve à possibilidade desse encontro. A consciência, a forma e o mito.

è por tratar destas questões essenciais que a obra de Bruno Giorgi pode transitar com facilidade da figura para a abstração e desta para a figura. Não há diferença real. A arte é sempre uma abstração conceitual. O que importa, neste caso, é que o artista permanece coerente e objetivo na explicitação de seus assuntos e temas. E, ressalvando as simples aparências, estes assuntos e temas são sempre os mesmos. Também os materiais, mármores, bronzes, aço, não são capazes de alterar a proposta do artista. Eles se ajustam à sua realidade e nota-se a mesma mão e o mesmo cérebro a inventar essas formas.

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