A época na qual escrevo e que tem de me permitir deitar no papel, no meu calmo retiro, estas recordações, traz no seu ventre terrivelmente intumescido uma catástrofe nacional, em comparação com a qual a derrota precedente se afigura um módico infortúnio e a liquidação sensata de um empreendimento malogrado. Até mesmo um fim ignominioso é diferente, é mais normal do que o imenso castigo que atualmente nos aguarda, comparável ao que outrora se abateu sobre Sodoma e Gomorra, e que, da primeira vez, não havíamos provocado assim.
Ele se aproxima; já não pode ser evitado, há muito tempo. Não posso acreditar que ainda exista alguém que tenha a menor dúvida a esse respeito.
Que essa sensação deva permanecer envolta em silêncio é outra circunstância alucinante. Certamente já era sinistro que, em meio a uma enorme multidão de obcecados, uns pouco clarividentes tivessem de viver de lábios selados. Mas o horror se torna total, quando todos, no fundo, já têm conhecimento da situação, e, no entanto, estão coagidos a manter um silêncio coletivo, embora cada um leia a verdade no olhar esquivo ou angustiadamente fixo do vizinho
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