domingo, 13 de abril de 2014

William Hazlift, sobre a civilização

Não se pode perder de vista, entretanto, que o progresso do saber e do refinamento tem uma tendência a circunscrever os limites da imaginação e a podar as asas da poesia. O território da imaginação é, acima de tudo, o visionário, o desconhecido e o indefinido: o entendimento restitui as coisas às suas fronteiras naturais, privando-as da dimensão fantasiosa. Daí que as histórias do entusiasmo religioso e do poético sejam muito parecidas, e que ambas tenham recebido um choque apreciável oriundo do avanço da filosofia experimental. (...) Nunca haverá outro sonho de Jacó. Desde aqueles tempos, os céus se tornaram mais longínquos e dados à astronomia. Não é só o progresso do saber mecânico que se mostra nocivo ao espírito da poesia, mas também aos avanços necessários da civilização. (...) Passo a passo, a sociedade se torna uma máquina que nos transporta de modo seguro e insípido de uma ponta a outra da vida, tudo em confortável estilo prosa.

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