Duas da madrugada: noite de luar. O comboio detém-se
no meio da campina. Bem ao longe, pontos luminosos, urbanos,
tremulam friamente e perdem-se de vista.
O mesmo sucede quando sonhamos tão profundamente
que nunca havemos de nos recordar onde estivemos
ao regressar ao nosso quarto.
Ou como álguém com uma doença tão adiantada
que todos os anos vividos passam a ser pontos trêmulos,
um enxame frio e sem importância no horizonte.
O comboio continua sem se mexer um milímetro.
São duas da madrugada: luar intenso, poucas estrelas.
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