sábado, 5 de janeiro de 2013

365 dias com poesia -- 5 de janeiro de 2013

Nasce, cresce e morre


A Isabel Scassa


a poesia nasce da necessidade de criar flores em balde; nasce da necessidade de explicar a angústia da solidão; nasce da emoção que o poeta tem de mostrar a emocionante aventura de estar emocionado com os fatos da vida;

a poesia nasce de todos os choros recolhidos dos homens-palhaços que precisam se esconder atrás do nariz vermelho e dos pés pequenos em sapatos enormes;



a poesia cresce e aparece sempre nos momentos de crise, sempre que os homens estão tristes, meio sem noção, sem orientação...(num mundo perfeito sorrisos seriam rimas e as palavras seriam desnecessárias para explicar a solidão -- que não existiria)...



a poesia morre quando o homem acha que o mundo é dele e mata a mata e mata com sede de vingança todos os outros seres todos os outros homens, porque são diferentes;

a poesia morre sempre que um morador de prédio pensa que será assaltado por um mendigo que reclama por não ser ouvido (como ouvirmos um mendigo se não ouvimos nem nossos anseios?);

a poesia morre quando nos deixamos levar por nossas certezas e esquecemos de buscar o antigo olhar infantil que nos salvará a todos como uma religião que pudesse juntar o melhor de todos nós sendo um só!

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