quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Poetas Portugueses 4

David Mourão Ferreira, em:

"CASAS CAIADAS

Por entre casas caiadas

de luar e de silêncio,

paira no meio da estrada

a poeira de outros tempos...

Por entre casas caiadas,

mas com desgraça por dentro

(ó varandas enfeitadas

com trepadeiras de vento!),

algumas desmanteladas,

de apodrecidas empenas

(todavia nos telhados

antenas e cataventos...),

por entre casas caiadas,

por entre casas (Silêncio,

que ronda o medo da estrada

em automóveis cinzentos!)

há jorros de luz salgada,

há torrentes de veneno...

E dentro daquelas casas

quando foi que nós morremos?".

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