" Uma pomba
Triste, na aldeia, uma pomba está,
em sua vil gaiola a chorar,
porque o amado a abandonou:
devei-la, amigos, bem consolar.
Oh! existência penosa em mim!
Não há no mundo alguém triste assim,
como eu, traída por seu amado;
não te aproximes, amor, de mim.
Que eu te traí, dizes; nós dois já
nos entendemos: sempre será
teu o meu corpo, mas pela vergonha
da família é que te hei de deixar.
Ó traidor, que foste dizer?
Nunca te cansas de me ofender?
Bem te aproveitas de que sou fraca,
de quem és filho logo se vê.
Quero em segredo, amor, te rever,
os meus anseios esclarecer;
te amei de todo o meu coração,
mas vou deixar-te, e hei de morrer.
A minha cova quero cavar
pra que o meu corpo triste se vá,
pra que desfrutem meus inimigos:
mancomunada com eles estás.".
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