sábado, 8 de janeiro de 2011

ISMAEL NERY

" O eterno nas letras brasileiras modernas:

Os elementos místicos da alma humana não estão sujeitos ao tempo. Colocado no tempo, o homem tende continuamente a abstraí-lo. A grande ideia da abstração do tempo ainda não chegou a ser organizada ou sistematizada pelo homem, mas é fora de dúvida que ele sofre inconscientemente a pressão da ideia. Na vida diária colhem-se a todo momento exemplos disto, a começar pela pitoresca e fortíssima expressão popular matar o tempo. Todo o mundo quer se liberar do tempo. Nós estamos sujeitos ao tempo e contra o tempo. A própria música, uma arte que se desenvolve no tempo, é ouvida por quase toda gente com a finalidade expressa de arrancar o homem do tempo. Joseph de Maistre diz que a própria ideia da felicidade eterna, junta à do tempo, fatiga e espanta o homem. Eis por que o Apocalipse nos revela que, no fim de tudo, um anjo gritará:"Não haverá mais tempo!" Muitos homens julgam que a ideia de eternidade reside num plano de mito, de ficção, ou que a eternidade é a vida de além-túmulo. Entretanto a vida eterna começa neste mundo mesmo: o homem que distingue o espírito da matéria, a necessidade de liberdade, o bem do mal, e que aceita a revelação de Cristo como solução para o enigma da vida, este homem já incorpora elementos eternos ao patrimônio que lhe foi trazido pelo tempo.".

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