A crítica me interessa na medida em que ela ajude o autor a
descobrir-se a si mesmo, sem, contudo, matar-lhe a espontaneidade e
certa atmosfera, talvez ingênua, mas criadora de mistério, em que ele,
principalmente quando poeta, ama envolver a gênese de sua obra. Outro
mérito seu será o de abrir caminho à compreensão do escritor pelo
público. É sabido que essa compreensão, para as obras realmente novas e
valiosas, vem sempre atrasada, e pode caber à crítica o papel de
acerelá-la. Abomino a crítica científica, psicanalítica, biotipológica
e política. Querer explicar a obra literária pela neurose, pela
glândula, pela classe ou por qualquer outra contingência é um esforço
vão, quando não apenas pela revanche contra o criador, tomada pelo
pedante incapaz de criar.
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