Considero-os com o máximo de simpatia, porque o espetáculo da vida em movimento e desenvolvimento é sempre bom de se ver. Mas não posso levar a sério as tentativas esporádicas para fazer dos novos um partido literário em luta com os mais velhos. Isso é tolo e não adianta coisa alguma. Querer combater um escritor porque ele já tem vinte anos é um índice da maior pobreza: a deficiência da noção do tempo, e da riqueza que pode haver no tempo anulado e sedimentado.
Sinto-me perfeitamente novo aos meus quarenta e tantos anos, enquanto vejo por aí alguns rapazes dos mais tenros, vítimas de uma circunspecta mentalidade acadêmica, incapaz de aventura pessoal ou literária, preocupados em organizar a sua glória publicitária e invejando friamente os que se tornaram conhecidos antes deles. Esses novos na realidade são os piores velhos, e esses eu não posso admirar, por maior que seja a minha cumplicidade com a juventude em geral.
Desconfio dos que vivem pregando a necessidade de sufocar influências, mas continuam docilmente influídos. Por mim, sempre aconselhei os que me procuram a não continuar a experiência dos mais velhos, e mesmo a reagir contra ela. mas fazer política em torno desses assuntos, atacar os escritores de gerações anteriores para tomar conta da posição que eles ocupam, como se houvesse uma posição material a conquistar, e a vida literária se fizesse em termos de corrida de cavalos, isso é ridículo e triste.
Felizmente, nem todos os moços pensam assim. Digo mais: a maioria deles não pensa assim. O que eu desejo profundamente dos novos é que eles façam ouvir a sua própria voz, ardente e poderosa; que não copiem os mais velhos ainda quando pareçam combatê-los, como também não se sintam presos a nós por compromissos de respeito ou falsa ternura; e que façam coisas novas.
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