quinta-feira, 30 de junho de 2016

366 dias com poesia, 30 de junho de 2016 -- Deus e o diabo

Deus e o diabo

Não crer
É para poucos
E não porque seja uma vantagem
Pois na verdade
Não crer em nada
É ter de resolver tudo
Ser o mundo
Deus e o diabo
Terra do sol
Ser
Glauber
Caetano
Gil
Sarney
Se fazer em mil pedaços de homens e
Ter de trabalhar como mil pedaços de homens
Amar como mil pedaços de homens
Sofrer como mil pedaços de homens
Sem saber como mil pedaços de homens
Chegarão a ser mil homens


Projeto 365 dias com poesia de 2015.

quarta-feira, 29 de junho de 2016

366 dias com poesia, 29 de junho de 2016 -- corte

corte

morte
corte no sentido da vida
corte que dá sentido à vida
se fôssemos imortais
o que precisaríamos fazer?
cantaríamos?
enfilharíamos?
planejaríamos o quê para quem?

a vida planejada pela natureza é perfeita na sua finitude poética


Projeto 365 dias com poesia de 2015.

terça-feira, 28 de junho de 2016

366 dias com poesia, 28 de junho de 2016 -- pássaro árvore

pássaro árvore

(Pássaros em torno de nós...)

Árvores!

Então descobrimos ser natureza
Parados
O vento não nos afeta
O vento só nos afasta
Nefasta constatação: a vida pode dar frutos
Mas também raízes
Cicatrizes identificam nossa idade...

E essa verdade é saudade em folhas não tão verdes que caem de preocupação


Projeto 365 dias com poesia de 2015.

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Lasar Segall, lo expresionista brasileño

Los expresionistas defendían el predominio de la realidad interior sobre la exterior, oponiéndose a los impresionistas y su gusto por la luz cambiante, por la atmósfera volátil, por el movimiento continuo que agitaba la vida en el campo y en la ciudad. El repertorio expresionista, extraído de la realidad circundante, exhibía agudas preocupaciones existenciales, morales, religiosas, políticas y sexuales, expresadas al comienzo con clores puros, contornos marcados y formas de inspiración "primitiva" -- cuyo poder de síntesis había sido tomado prestado del arte de África y de Oceanía, de los niños y de locos. Sus temas principales se dirigieron, con el paso del tiempo, de los idílicos paisajes y desnudos hacía composiciones místicas y visionarias, hasta llegar a retratos de intensidad visceral y escenas urbanas con tipos humanos moralmente descalificados.

(...)

Para los expresionistas (...) es necesario que cada uno supere lo exteriormente verdadero (lo interesante) en beneficio de lo esencial (interiormente verdadero). (...) Cada uno debería ser estimulado sólo para entender lo esencial a partir de sí mismo de forma personal verdaderamente indispensable.

La idea de que el arte debía expresar lo "interiormente verdadero" y, al mismo tiempo, la convicción de que la permanencia de un estilo era "contrarrevolucionaria", explica en buena parte el "estilo"-- si podemos usar la palabra camaleónico del artista (Segall).

366 dias com poesia, 27 de junho de 2016 -- MORADIA

MORADIA

A Giorgio Morandi

Em suas obras
escutamos o silêncio da paz
tentamos entender como num mundo tão barulhento ainda é possível algum silêncio azul
o céu está repleto de aviões
o chão de bombas
explodindo ilusões de esperança
ferros retorcidos corações espremidos
em vermelho sangue
olhos opacos
temos
braços amarrados em angústia
precisamos de algum silencioso toque de esperança
mesmo que pendurado em tintas
mesmo que somente nas esquinas de nossas retinas


Projeto 365 dias com poesia de 2015.

domingo, 26 de junho de 2016

366 dias com poesia, 26 de junho de 2016 -- VIDA

Enquanto te ofereço um olhar
Você me esquenta somente com a luz do sol
Enquanto te amo com fome
Você chora chuvas de tormentas e me balança com curvas de estrada
Enquanto rimo canto pinto para tentar te conquistar
Você apenas me olha, imagina escutar
Enquanto canso de tanto gritar seu nome
Você, vida, quer me esquecer
O que devo fazer?
O que devo fazer? 

VIDA


Projeto 365 dias com poesia de 2015.

sábado, 25 de junho de 2016

366 dias com poesia, 25 de junho de 2016 -- hipotenusa

hipotenusa

Vendo uma obra de Paulo Della Nina

...e o que é a arte?
senão a esmola do próprio esforço
o entorno
do entorno
o oco
o eco
o troco das ilusões

o que é a arte?
senão a valorização dos senões
o seno
o cosseno
o cateto da hipotenusa
a musa do tempo

sexta-feira, 24 de junho de 2016

366 dias com poesia, 24 de junho de 2016 -- Naturalmente

Naturalmente

Poesia
É a melodia
Do silêncio da solidão
A negação da humilhação
De ser tratado como comum
Num mundo idiota
Que desconhece nossa inclinação
Para natureza
De Deus


Projeto 365 dias com poesia de 2015.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

366 dias com poesia, 23 de junho de 2016 -- poetai ou paieta

poetai ou paieta

A Vinícius Plácido, aos 23 anos

(Confesso que fiz outro poema mais bonito
mas com pouca emoção
e como prometi a mim mesmo
que tudo que escrevesse seria de verdade
joguei fora aquele e fiquei com esse que dói mais
aquele não seria do meu jeito e não sendo do meu jeito eu não seria seu pai)

Vini
Te amei desde que você nasceu
mas tive medo
(você vai ver)
meninos não são treinados para ser pais
somos sempre os mocinhos ou bandidos ou supermen
mas não brincamos de ser pai
e aí quando somos é um susto só
te amei desde o início
mas foi difícil concatenar
as coisas
é difícil amar quem não conhecemos
e esse exercício diário foi sendo treinado
dia a dia
e aí quando me dei conta você já tinha feito dezoito anos
e não sabia que eu te amava por inteiro
com todos as qualidades e os defeitos que dividimos
(sim, porque somos parecidos)
mas saiba que escolhi e escolho te amar todos os dias
(como escolhi e escolho amar a mim, sua mãe e seus irmãos)
na certeza que quando for a sua vez, se você quiser,
poderei ser melhor
com a experiência dos erros vividos

do seu pai

chato implicante ranzinza mas seu

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Portinari sobre Lasar Segall

La obra de Lasar Segall se inscribe entre las de más alto valor y importancia en el arte contemporáneo. Él fue un artista de rara honestidad, fiel hasta el fin a su oficio e incapaz de subordinar su inspiración a los factores momentáneos de sucesso. (...)

Considerando que fue un artista de primera calidad, no pienso, sin embargo, que su mérito con relación a nuestra pintura se deba a la aducida condición de pionero. No me parece justo tal concepto de "pionerismo" en arte, sobre todo en un país como el nuestro, tan expuesto a las influencias del exterior que, por otra parte, siempre nos llegan con atraso: véase, por ejemplo, el caso de la Semana de Arte Moderno, que era supuestamente pionera en artes plásticas en una época en la que ya Picasso, cansado del "modernismo", se volvía hacia los temas de inspiración clásica. El mérito real de la pintura de Segall es otro, reside en el valor intrínseco de la obra, en la incansable y victoriosa búsqueda de los medios de expresión de la realidad.
Él merece el respeto y la consagración debidos a todos los creadores que, sin preocupaciones de cronología o precedencia, hicieron y hacen auténtico arte.

Lasar Segall, 1957

El 2 de agosto fallece en su casa de la Rua Afonso Celso, en San Pablo, víctima de una dolencia cardíaca. Su personalidad es recordada en un artículo de Arnaldo Pedroso d'Horta para la revista Anhembi: "La noticia de la muerte, que refieren los periódicos, no encuentra eco en nuestra mente. Le falta una confirmación íntima: no podemos verlo muerto, no aprendimos a imaginarlo así. Creemos que él mismo no sabría cómo comportarse si tuviese que representar ese papel; su sentido de la ironía y del ridículo, permanentemente alerta, siempre bullicioso, no se adecuaria a la rigidez cadavérica, al innemorial teatro de la muerte. No es posible pensar en Segall si no es viviendo, viviendo su mímica facial tan rica y maliciosa, viviendo aquellas palabras que buscaba con tanto esmero en una aparente torpeza de quien nunca perdió el acento extranjero. Y casi estamos tentados de asegurar que su redacción verbal era desmañada a propósito en la coordinación de los sustantivos con los adjetivos, del singular con el plural, del masculino con el femenino, porque lo pintoresco de ese parlotear formaba parte del "personaje Segall".


Paulo Mendes de Almeida: "Segall no obstante los diversos ciclos en que podemos clasificar su carrera, era, por excelencia, un rumbo -- uno solo -- y en él el artista nunca dejó de profundizarse. Y es precisamente eso lo que da, como expresión auténtica, el caráter de necesidad que toda su obra respira. En eso, en esa persistencia, en esa obstinación, en esa coherencia permanente, su caso encuentra paralelo con el Braque, por ventura el más sólido pintor de nuestros tiempos".

366 dias com poesia, 22 de junho de 2016 -- humanos II

humanos II

Antes da saúde precisamos de sonhos
Que nos engordem de possibilidades
Mesmo que mentirosas
O poeta já disse que mentiras sinceras nos interessam
Precisamos acreditar em algo maior
Em algo que não seja visto sentido com as mãos...
Precisamos acreditar em algo
Que não se identifique em algo que se acredite apenas pelo desejo de acreditar
Porque na verdade mais do que qualquer coisa gostamos de nos sentir acreditando
(é o brilho da ilusão que nos faz humanos...)


Projeto 365 dias com poesia de 2015.

terça-feira, 21 de junho de 2016

Lasar Segall, 1935

El crítico Geraldo Ferraz publica el artículo "Segall escultor" en el Diário da Noite, comentando las primeras esculturas de Segall: "Cuando regresó de París, hace do años, y fue para el barrio alto de la Vila Mariana, Segall traía apenas un trabajo de escultura. Era un bajorrelieve de yeso colorido, llamado Familia, en el que se destacaban, liderándose de la superficie lisa de las telas extendidas, las figuras que el pintor plasmó, primero, en la materia maleable de sus cuadros...La transición del artista hacia la escultura fue una etapa largamente meditada. (...)
La gran obra es esta Maternidad.
La figura de mujer no piensa más. Sólo las manos tiemblan y vibran acariciando y envolviendo el corpo de la criatura. La cabeza infantil se apoya en los senos protectores. Y, freudianamente, todo ese conjunto sintetiza la idea de que el hijo, aun después de nacido, permanece dentro del cuerpo donde fue gestado. En sus entrñas. En su sangre. Es toda una obra poderosamente simbólica y realista en su profunda verdad, absorbente en su alta sonoridade de poema humano. Preso acá abajo y tan universalmente grandioso que se confunde con la tierra donde el grupo de Maternidad pesa y se transfunde, identificado con la substancia cósmica.

Lasar Segall, 1931

Waldemar George saluda la vuelta del artista a Europa, -- que, "representa no una parte del mundo, sino un estado de civilización, según el crítico -- historiando su trayecto desde el período alemán y la vivencia de la atmósfera expresionista hasta los años brasileños y la producción bajo el impacto del "nuevo mundo" colorido y exótico".
El "nomadismo" -- dice él -- corresponde, en la obra de Lasar Segall, a un modo de ser, a una forma de existencia, a una visión de mundo de las más nobles y elevadas. Restasuperar una última etapa. Segal reencontró el sentimiento de la forma en si. A esa forma, conseguirá animarla y humanizarla? Él intenta ablandarla. Sin perder de vista el gran movimiento del conjunto, él detalla las figuras, descarta la construcción pura. Busca la cabeza, la caja craneana más allá del óvalo y más allá de la esfera. Busca el brazo más allá del cilindro. Busca la unión orgánica de las partes. Unifica el cuerpo. Casa y armoniza las formas. Eleva la composición.

Lasar Segall, 1922

Publica el álbum Recordación de Vilna em 1917 (5 puntas secas), con prólogo de Paul Ferdinand Schmidt, quien hace el seguiente análisis:
"Recordación de Vilna: aqui, su nostalgia de la patria se reviste de la vibración melancólica del sufrimiento ruso. El horizonte infinito de la tierra rusa y el cielo nublado de Vilna se graban en las personas; la monotonia de la existencia se tiñe de sangre por la constante amanaza del pogrom. Ese mundo distante mantiene de forma tan intensa los recuerdos de la juventud de su gente que toda la obra de Segall está marcada por el amparo de esta melancolia y de la vida sin alegría. Pero la fuerza estética es impresionante. Segall arranca de una única cuerda melodías infinitamente variadas. Cada imagen, cada nueva técnica empleada, hace surgir un nuevo universo pleno de significado.".

366 dias com poesia, 21 de junho de 2016 -- superego

superego

Eu poderia estar matando
Eu poderia estar roubando
Eu poderia estar governando
Mas
Estou rimando
Tratando a vida como se fosse a única alternativa


Projeto 365 dias com poesia de 2015.

domingo, 19 de junho de 2016

366 dias com poesia, 20 de junho de 2016 -- restos

restos

(Difícil admitir:
Mas são as perdas
Que valorizam o restante de tempo que temos
Por isso um sorriso não é inconsciência
É apenas uma escolha...)


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sexta-feira, 17 de junho de 2016

366 dias com poesia, 19 de junho de 2016 -- BIRDMAN

BIRDMAN

Foda,
Não é abrir as asas
E alcançar o mundo com as mãos pela
Ilusão de controlar o tempo, no momento do show,
Sendo o senhor supremo do (meu) universo.
Foda,
É ter de fechar as asas e encarar a rotina cinza do mundo real
Com curiosidade sociológica para saber até que ponto as pessoas mentem para si e sorriem!


Projeto 365 dias com poesia de 2015.

366 dias com poesia, 18 de junho de 2016 -- cego

cego

Por que Paris?
Porque a tristeza que sinto
Vem de uma música que nunca tinha ouvido de Aznavour
Porque é como se se tivesse vivido lá como se entendesse suas pontes sem tê-las construído
Como se sentisse doer nos olhos sua luz excepcional sem nunca ter podido olhá-la
Não é um conhecimento de livro nem de experiência
É um conhecimento de sentimento
E conhecimento de sentimento não precisa de palavras nem de imagens
Precisa apenas de crença
Crédulo amo Paris como a primeira vez que não a vi


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366 dias com poesia, 17 de junho de 2016 -- Idade de árvores

Idade de árvores

Crio criaturas
Sombras
Em tintas frias
Sorrisos na vermelhidão
Suo cismas sofro solidão
Mãos procuram tintas
Ritmos sumindo com a bateria
De corações atormentados que sorriem falso
Rimas risos rinite narinas procurando ar
Amarelo dengue azul freqüente
Ajuda a escrever rimas rumo à expiração
Inspiro certezas vomito confusão
Mental confissão de que precisamos de nós
Para contarmos nossas idades de árvores


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quinta-feira, 16 de junho de 2016

366 dias com poesia, 16 de junho de 2016 -- Difícil dor

Difícil dor

A Celso Blues Boy

É difícil
Muito difícil...
As crianças adultos
Não acreditam
No choro compulsivo
Dum adulto criança

Crianças crescidas
Não perdoam as adultas feridas
Isso o poeta já cantou
E sabe
Já sabe que por falar disso não será perdoado

A dor é única e não deve ser compartilhada
A dor deve ser escondida em sorrisos de carnaval, pensam
A dor que mostra nossa humanidade ainda em semente
Precisa de lágrimas para dar frutos em árvores divinas
Precisa de retinas puras como já não conseguimos ter, penso


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quarta-feira, 15 de junho de 2016

Lasar Segall, 1918

Publica, con prólogo del crítico Will Grohmann, el álbum 5 Litographien nach der Sanften (Cinco litografias sobre Una dulce criatura), inspirado en el cuento Krotkaya (Una dulce criatura), de Dostoievski. El crítico dice que "(los) elementos de la expressión gráfica de Segall presentan una tendencia a luchar por una vida autónoma, capitulan y se mezclan a las melodías dolorosas de una confraternizada tragedia humana. Y el encuentro de los dos rusos, que se podría suponer imposible, se transforma en un todo armónico por el agregado de sentimientos semejantes, que impelen a la búsqueda de una forma, con la salvedad de que el autocontrol de Dostoievski de la última fase aparece aun más transparente en las páginas de Segall. Mientras tanto, permanece misterioso el modo en que trazos y superficies, escasos y económicos, son capaces de expresar un lenguaje tan intenso. La construcción es tan consecuente y tranquila en sí misma como la temática de una música exacta. Se trata del mismo trazo para la mano, el ojo o el movimiento de la cabeza, apenas con otro significado, en la medida en que las relaciones se alternan. Todo señal que no sea indispensable queda fuera. No se percibe ni un vestigio de aquello que compone el ambiente circundante de acción en el texto. Las figuras quedan solas y crean en si mismas una atmósfera que es al mismo tiempo interior y exterior. De ello resulta la eterna oposición hombre/mujer y, tal como en el cuento, es tan poco erótica como pan-trágica y metafísica.

366 dias com poesia, 15 de junho de 2016 -- sal e sexo

sal e sexo

Só será céu se silenciarmos.
Só será sal se sufocarmos.
Só será sólido se cimentarmos.
Só será sexo se nos esquecermos.


Projeto 365 dias com poesia de 2015.

terça-feira, 14 de junho de 2016

366 dias com poesia, 14 de junho de 2016 -- universo

universo

Gosto do gosto de Deus no rosto
Sinônimo de lágrimas
Depois letras palavras e orações
Poesia é a própria benção
Perdoar(-se) por ser humano e eterno
(porque único até morrer...)


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segunda-feira, 13 de junho de 2016

366 dias com poesia, 13 de junho de 2016 -- bonsai

bonsai

Nasci para árvore de floresta
Não para bonsai
É muito mais bonito sonhar alto
Sem medo de cair
Por que ficar negociando um
Sentimento diminuto no mundo?
Prefiro cair de cara perdendo dentes
Do que me arrepender por não tentar...

(...e imundo de ilusão sujo as mãos de tinta e inseguro rio de tudo isso...)


Projeto 365 dias com poesia de 2015.

domingo, 12 de junho de 2016

366 dias com poesia, 12 de junho de 2016 -- o mar

o mar  


A Nélson Cavaquinho

não jogue luz
sobre minha tristeza
deixe-a seguir azul

(cor do céu
em reflexo
cor de olhos
sem nexo
que seguem
a tristeza da luz)



Projeto 365 dias com poesia de 2015.

sábado, 11 de junho de 2016

366 dias com poesia, 11 de junho de 2016 -- dedo babado

dedo babado

Antes da lágrima
Cuspo a palavra
Que define a direção

Antes da farpa
Cuspo a palavra
Lança de sensação

Antes que ouça asneiras
Vomito besteiras
Sobre Picasso Drummond

Antes da ressaca
Tomo ar contra a solidão

Antes que venham estou indo
Antes do latido o carinho
Afago esperto contra a mordida certa

Antes prevenido do que machucado
Antes do não um arranhão

Isso é a arte do meu jeito
Um cheiro de dedo babado impresso na tela


Projeto 365 dias com poesia de 2015.

sexta-feira, 10 de junho de 2016

366 dias com poesia, 10 de junho de 2016 -- sentiventos

sentiventos

na vida as coisas têm tempo e prazo
tempo para acontecer
e prazo para acabar

uma flor não nasce no mar
uma ave não voa sem asas

o sal salga pelo paladar
o doce para acalmar

tudo tem vez e lugar
tudo existe pelo nada
que sentimos
quando estamos
sem direção na crença
absurda da verdade absoluta


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quinta-feira, 9 de junho de 2016

quarta-feira, 8 de junho de 2016

366 dias com poesia, 08 de junho de 2016 -- Lugares-incomuns: samba

Lugares-incomuns: samba

A samba frio (sangue)
O samba que corre em suas veias (sangue)
Samba de pedra (selva)
Samba explícito (sexo)
Samba, suor e lágrimas (sangue)


Projeto 365 dias com poesia de 2015.

terça-feira, 7 de junho de 2016

366 dias com poesia, 07 de junho de 2016 -- Orvalho

Orvalho

Honra
Hoje
Ora

Hoje
Olhos 
Ontem
Ombros

Olhem
Orem

Homo sapiens
Honrado
Horas


Orvalho


Projeto 365 dias com poesia 2015.

segunda-feira, 6 de junho de 2016

366 dias com poesia, 06 de junho de 2016 -- Arte

Linda bailarina
De seus olhos de tinta
Escorrem histórias

Passos esforços
Do corpo dolorido

Evoluções

Sorrisos encobrem a dor
De crescer de esticar a vida
No limite máximo de sua coragem

Continue nos alegrando fazendo a sua parte que é...

Arte


A Maritza Rodrigues

domingo, 5 de junho de 2016

Giacometti, CÓPIAS DE OBRAS FAMOSAS -- Paris, 18 de outubro de 1965

Impossível concentrar-me no que quer que seja, o mar invade tudo, para mim ele não tem nome apesar de hoje ser chamado de Atlântico. Durante milhões de anos, ele não tinha nome e um dia não terá mais nome, sem fim, cego, selvagem como é hoje para mim. Como falar aqui de cópias de obras de arte? -- obras efêmeras e frágeis que existem aqui ou ali nos continentes, obras de arte que se desfazem, que definham, que se deterioram dia após dia, muitas delas, e entre as que prefiro, já estavam sepultadas, soterradas pela areia, pela terra, pelas pedras e todas seguem o mesmo caminho. e todas aquelas que um dia me emocionaram tanto e que hoje olho quase com indiferença e se tornaram pálidas e vazias na minha memória. Quase todas imagens precárias, fracas, pretensiosas que, bem ou mal, posso dispensar; mas ao mesmo tempo surgem todas as obras emocionantes e maravilhosas que existem, inumeráveis. Mas muitas vezes essas mesmas são apenas testemunhas das mais duras, obscuras e intoleráveis civilizações pelas quais tenho mais horror.

Na realidade, já não sei o que pensar do que quer que seja e, além disso, cada palavra que escrevo é apenas a expressão da minha vaidade, da minha pretensão, da minha hipocrisia, sim, do meu prazer de brilhar e de surpreender, "qualidades" essas que eu já ostentava aos doze anos de idade. Felizmente, houve depois um período muito longo de calmaria, na verdade até quase os últimos anos, mas agora sou aquele que era aos doze anos, não, não totalmente, tenho feito enorme progresso, agora só avanço dando as costas para o alvo, só faço desfazendo.

Giacometti, GORDO -- Paris, 1957

Faço certamente pintura e escultura, e isso desde sempre, desde a primeira vez que desenhei ou pintei, para agir sobre a realidade, para me defender, para me alimentar, para engordar; engordar para melhor me defender, para melhor atacar, para agarrar, para avançar o máximo possível em todos os planos, em todas as direções, para me defender contra a fome, contra o frio, contra a morte, para ser o mais livre possível; o mais livre possível para tentar -- com os meios que me são hoje os mais adequados -- melhor ver, melhor compreender para ser o mais livre, o mais gordo possível, para se despender, para me despender o máximo possível no que faço, para correr minha aventura, para descobrir novos mundos, para fazer minha guerra, pelo prazer? Pela alegria? Guerra, pelo prazer de ganhar e perder.

366 dias com poesia, 05 de junho de 2016 -- duas mãos

duas mãos

A tristeza não cansa
O que cansa é a falta de esperança
(Essa nossa segunda pele...)
Se não acreditarmos tudo estará acabado
Precisamos acreditar em algo que nos dê paz
Que iniba nossa feia mania de avançar no que é do outro ser
Que está ali a rezar pedindo paciência, amor, dinheiro?
Precisamos de quase tudo que não é nosso?
Ócio criativo ódio do sorriso alheio?

(Precisamos urgentemente de sonhos, nossos, que preencham nossa Necessidade de ilusão
Precisamos insanamente de pelo menos mais duas mãos!)


Projeto 365 dias com poesia de 2015.

sábado, 4 de junho de 2016

366 dias com poesia, 04 de junho de 2016 -- compositores

compositores

A Fábio e Alessandra Coelho

sim
o mar
(“O mar quando quebra na praia é bonito é bonito...”)
também salga o amor
no barulho das ondas há
olhos sorrindo
bocas brilhando
dois amores com calor
impulsionando vidas
impressionando os ventos
alísios
alívio ver
dois amigos sendo
um
navegar

(“Navegar é preciso viver não é preciso...”)


Projeto 365 dias com poesia de 2015.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

366 dias com poesia, 03 de junho de 2016 -- gastador

gastador

action sexo medo segredos expressos num pincel nervoso seguro por mãos nervosas num cérebro nervoso só pode dar em imagens manchadas
não há branco puro não há vermelho que baste não há azul esperanço
pinceladas iradas querendo o centro espremendo os desejos intenso sendo aquele que exerce o ofício de pintar a dor mesmo com dor mesmo com medo e mantém o segredo até o final: não pensar em nada apenas combinar cores baseado apenas na intuição do acaso, se é que o acaso existe

(um vício esse negócio de misturar tintas...)


Projeto 365 dias com poesia de 2015.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

366 dias com poesia, 02 de junho de 2016 -- amor

amor

Puro como o azul
Azul como um: juro!
Juro! Como um urro
Urro como um murro
Murro como um muro
Muro como um: Hum!
Hum! como rum
Rum como duro
Duro como cru
Cru como o amor


Projeto 365 dias com poesia de 2015.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

366 dias com poesia, 01 de junho de 2016 -- Inteiros

Inteiros

Hoje me dei conta
Ontem foi um dia maravilhoso
Porque estava inteiro
Ri, chorei, amei, e pensei:
Metade do tempo passamos esperando algo
A outra metade tristes porque aquilo que esperamos não veio?..


Projeto 365 dias com poesia de 2015.