Por que
você é pego de surpresa com a gravidez de sua filha ou da namorada do seu filho?
Provavelmente
porque você não estava atento(a) aos claros sinais de animação dos namorados!
E
porque você não estava atento(a)?
Porque
não tinha tempo para tomar conta da menina ou do rapaz, ocupado (a) que estava enfrentando
os desafios da vida! (METÁFORA)
Então...
Isso
também aconteceu com a Dilma, de agora em diante chamada apenas de Presidenta.
A
presidenta se assustou com as manifestações por que:
(a)
queria viajar?
(b)
tinha de ouvir o mestre, nos assuntos de Estado?
(c)
estava preocupada com a outra candidata?
(d)
estava preocupada em maquiar os dados econômicos para ganhar votos para a
reeleição?
(e)
todas as respostas anteriores.
A
presidenta-candidata estava uma graça fazendo o dever de casa...(IRONIA)
E
quando a merda fedeu, sem fôlego, apresentou um plano de ação tão frouxo que no
primeiro dia após o desastre voltou atrás e fez reuniões pregando uma reforma
política.
Pior,
parece que os estudantes do MPL (Movimento pelo Passe Livre) saíram
de uma reunião, marcada às pressas, decepcionados com o seu total despreparo.
Então,
se ela não entende minimamente dos assuntos inerentes ao ato de governar, fomos
nós que escolhemos mal...
Despreparo
dela como eleita e nosso como eleitores!
Aliás,
despreparo sem explicação, pois tem ela, com ou sem o mestre, dez anos de
exercício do poder e nosso, porque adoramos acreditar em soluções mágicas! Por
isso, Collor de Mello foi eleito, lembram dele?!
E
nesses dez anos o que foi feito?
Se
a classe média que estuda mais não tem noção daquilo que lê, imagina o povão
que passa de ano nos colégios caindo aos pedaços de nosso país...O país se transformou numa indústria de bolsas!
Royalties
do petróleo e do Pré-sal?
Apoiar
o Cabral, Maluf, Collor, Sarney?
Lutar
pela absolvição dos envolvidos no mensalão?
Importar
médicos para um sistema de saúde falido?
Difícil
situação é a nossa que não vemos qualidade de liderança em quem nos representa
e teremos que fingir não ver o completo caos em que estamos metidos a bem da
tímida democracia que tentamos salvar...Bom, mas fingir é nosso talento... (IRONIA)
E
a oposição ao PT?
TODOS
os partidos, todos estão sem propostas porque só tinham como objetivo uma
vaguinha no Ministério para angariar trabalho, ops!, verbas, motivo dos trinta
e oito ministérios.
Dilma,
desculpe, mas engravidar é a parte mais fácil do trabalho! (IRONIA)
ontem
descobri que um livro feito de palavras erradas com a paginação trocada pode
ser tão importante quanto qualquer obra de Dante tão grande quanto qualquer
elefante tão enorme quanto qualquer jiboia no bote um livro feito com o carinho
de uma criança que ainda não sabe escrever mas já sabe o tamanho daquilo que
queremos ler
Na consciência da verdade, uma vez considerada, o homem vê então, por toda parte, apenas o aspecto horroroso e absurdo do ser...Aqui, neste supremo perigo da vontade, abeira-se, como feiticeira da salvação e da cura, a arte; só ela pode transmutar aqueles pensamentos nauseantes sobre o horror e o absurdo da existência em representações com as quais é possível viver: são elas o "sublime", como domesticação artística do horrível, e o "cômico", enquanto descarga artística da náusea do absurdo.
crenças
próprias lendas
administradas com fervor
lágrimas produzidas pelo temor
de dar direção
errada
quando o erro
é o estrume do produto final
eu flor
Tenho medo de escrever. É tão perigoso. Quem tentou, sabe. Perigo de mexer no que está oculto -- e o mundo não está à toa, está oculto em suas raízes submersas em profundidades do mar. Para escrever tenho que me colocar no vazio. Neste vazio é que existo intuitivamente. Mas é um vazio terrivelmente perigoso: dele arranco sangue. Sou um escritor que tem medo da cilada das palavras: as palavras que digo escondem outras -- quais? talvez as diga. Escrever é uma pedra lançada no poço fundo.
Paciência da aranha formando a teia. Ademais fico perturbada por enxergar mal no claro-escuro da criação. Fico assustadiça com o relâmpago da inspiração. Eu sou medo puro.
uma criança
às vezes
é um arrepio
porque seus olhos
ofendem
pelo: "acredito"
que gritam
e por isso nos ofendem de credo
desacreditados que estamos
de tanto levar porrada da vida
e por isso não conseguimos mais enxergar a beleza do grito
não somos poetas
porque escrevemos
somos poetas
porque cativamos
sentimentos
plantamos palavras
colhemos aflitos
olhares bem-vindos
mesmo sem ter escrito um poema
um menino ao tentar entender outra solidão
já é poeta
das palavras não escritas
mas poeta
das palavras não ditas
mas poeta
pela intenção de estender a um olhar calejado
um tênue sorriso
como princípio
Ninguém conseguirá
Ninguém conseguirá aplacar a voz
Ninguém conseguirá aplacar a voz que fala o que sente
Ninguém conseguirá aplacar a voz que fala o que sente e que geme verdades
Ninguém conseguirá aplacar a voz que fala o que sente e que geme verdades e inventa possibilidades
Ninguém conseguirá aplacar a voz que fala o que sente e que geme verdades e inventa possibilidades e que ninguém calará porque o calo está sendo curado
Ninguém conseguirá aplacar a voz que fala o que sente e que geme verdades e inventa possibilidades e que ninguém calará porque o calo está sendo curado e o calo somos nós magoados
Ninguém conseguirá aplacar a voz que fala o que sente e que geme verdades e inventa possibilidades e que ninguém calará porque o calo está sendo curado e o calo somos nós magoados e pingando respeito e amor-próprio
Ninguém conseguirá aplacar a voz que fala o que sente e que geme verdades e inventa possibilidades e que ninguém calará porque o calo está sendo curado e o calo somos nós magoados e pingando respeito e amor-próprio e querendo sarar e querendo purgar nossas culpas
Ninguém conseguirá aplacar a voz que fala o que sente e que geme verdades e inventa possibilidades e que ninguém calará porque o calo está sendo curado e o calo somos nós magoados e pingando respeito e amor-próprio e querendo sarar e querendo purgar nossas culpas sem culpar os outros com desculpas
Ninguém conseguirá aplacar a voz que fala o que sente e que geme verdades e inventa possibilidades e que ninguém calará porque o calo está sendo curado e o calo somos nós magoados e pingando respeito e amor-próprio e querendo sarar e querendo purgar nossas culpas sem culpar os outros com desculpas não querendo culpar os outros com nossas culpas de apatia esdrúxula, que agora GRITOU!
Sobrinho
Vejo em você um menino
Que tem a oportunidade de não esperar
Amadurar para tecer em letras
Poemas que possam curar
De alento
Corações vazios de silêncios
Não se importe em arriscar
Se precisar te dou a mão
Da ilusão
Para que no voo possamos molhar a paisagem cinza
Embelezando-a com palavras azuis
Desde que o PSOL
Virou o PT
E o PT virou a
ARENA
Navegando em navios piratas
Praticando a explícita pilhagem
Em mares nunca dantes navegados
(Como sempre gosta de frisar o comandante)
Com cofres públicos sendo esvaziados
Na nossa cara
A garotada passou a prestar a atenção
Na diferença
Entre o que se faz e o que se fala
E enjoada
De ser mal tratada
Geral esperou o momento em que câmeras do mundo todo
Estariam no Brasil
Para mostrar aos habitantes do globo
Que somos o país do futebol, pais do PAC
Mas não somos otários
Parabéns aos jovens futuros políticos do país
Só espero que vocês
Como os antigos guerrilheiros
Não se vendam ao sistema
Plim plim
Volto depois dos comerciais...
Depois de ler Soneto de Amor Total, de Vinícius de Moraes
Canto o amor que amo tanto
Verdadeiro amor é o que arde
Amo, como amigo, como amante
Essa é a dura realidade
Amo a liberdade de amar-te, calmo, excitante
Fogo de palha, cativante,
Na lágrima da saudade que é eternidade
A cada passo, sem mistério, sem virtude
Como um bicho deixo pegada
Maciça e permanente
Pedra-imã pungente, rocha de dor de lágrima
Quiça um dia cansado de amar-te tanto
Mergulhe para mar virar e terminar de te molhar
que eu seja erva raio
no coração dos meus amigos
árvore força
na beira do riacho
pedra na fonte
estrela
na borda
do abismo
moinho de versos
movido a vento
em noites de boemia
vai vir o dia
quando tudo que eu diga
seja poesia
dia
dai-me
a sabedoria de caetano
munca ler jornais
a loucura de glauber
ter sempre uma cabeça cortada a mais
a fúria de décio
nunca fazer versinhos normais
ver
é dor
ouvir
é dor
ter
é dor
perder
é dor
só doer
não é dor
delícia
de experimentador
lembrem de mim
como de um
que ouvia a chuva
como quem assiste a missa
como quem hesita, mestiça,
entre a pressa e a preguiça
furo a parede branca
para que a lua entre
e confira com a que,
frouxa no meu sonho,
é maior do que a noite
como um coto caro ao roto
incrédulo tiago
toco as chagas
que me chegam
do passado
mutilado
toco o nada
aquele nada que não para
aquele agora nada
que tinha
a minha
cara
nada não
que nada nenhum
declara tamanha danação
tanta maravilha
maravilharia durar
aqui neste lugar
onde nada dura
onde nada para
para ser ventura
sim
eu quis a prosa
essa deusa
só diz besteiras
fala das coisas
como se novas
não quis a prosa
apenas a ideia
uma ideia de prosa
em esperma de trova
um gozo
uma gosma
O dourado dum mar de borboletras
Conseguiu arrancar-me rimas
Senti
Partes de lágrimas se soltarem
E ao voarem viraram palavras
Palavras ao vento
Que somos nós querendo voar
Na esperança ímpar
De achar um lugar
a luz se põe
em cada átomo do universo
noite absoluta
desse mal a gente adoece
como se cada átomo doesse
como se fosse esta a última luta
o estilo desta dor
é clássico
dói nos lugares certos
sem deixar rastos
dói longe dói perto
sem deixar restos
dói nos himalaias, nos interstícios
e nos países baixos
uma dor que goza
como se doer fosse poesia
já que tudo mais é prosa
tempestade
que passasse
deixando intactas as pétalas
você passou por mim
as tuas asas abertas
passou
mas sinto ainda uma dor
no ponto exato do corpo
onde tua sombra tocou
que raio de dor é essa
que quanto mais dói
mais sai sol?
Escrevia no espaço.
Hoje, grafo no tempo,
na pele, na palma, na pétala,
luz do momento.
Soo na dúvida que separa
o silêncio de quem grita
do escândalo que cala,
no tempo, distância, praça,
que a pausa, asa, leva
para ir do percalço ao espasmo.
Eis a voz, eis o deus, eis a fala,
eis que a luz se acendeu na casa
e não cabe mais na sala.
um bom poema
leva anos
cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto
vai pela sombra, firme,
o desejo desespero de voltar
antes mesmo de ir-me
antes de cometer o crime,
me transformar em outro
ou em outro transformar-me
quem sabe a obra de arte,
talvez, sei lá, falso alarme,
grito caindo no poço,
neste pouco poço nada vejo nem ouço,
mais mais mais
cada vez menos
poder isso, sinto, é tudo que posso,
o tão pouco tudo que podemos
Passarinho parnasiano,
nunca rimo tanto como faz.
Rimo logo ando com quando,
mirando menos com mais.
Rimo, rimo, miras, rimos,
como se todos rimássemos,
como se todos nós rissemos
se amar fosse fácil.
Perguntarem por que rimo tanto,
responder que rima é coisa rara.
O raro, rarefeitamente, para,
como para, sem raiva, qualquer canto.
Rimar é parar, parar para ver e escutar
remexer lá no fundo do búzio
aquele murmúrio inconcluso,
Pompeia, ideia, Vesúvio,
o mar que só fala do mar.
Vida, coisa, pra ser dita,
como é dita este fado que me mata.
Mal o digo e já meu dito se conflita
com toda a cisma que, maldita, me maltrata.
Nunca vi tanta tristeza
Nos olhos de um menino que não sabia que eu o via
E ouvia as histórias que ele não conseguia contar
Porque estava tentando sobreviver
Ao invés de sonhar
Tentava sobreviver
Como tentamos todos
Tolos quando esquecemos de ouvir
O barulho de gemido que emitimos
Ao fingirmos um sorriso
a bondade
de bonde foi embora
para uma rua de paralelepípedos
de Santa Teresa
se escondeu
do mundo de hoje
como uma criança (não) se esconde
da mula-sem-cabeça do saci pererê ou da cuca
tentando sobreviver
em lágrimas
procurou se esfriar
em palavras
tentou traçar um mapa
que a levasse
àquela árvore
que ouvia a avó contar
frondosa natureza
que salvou com sombra sua humanidade
marcada em lembranças
Ouvindo Invierno Porteño, de e com Astor Piazzolla
Quantas emoções resistem a um aperto no peito
Dum abraço sofrendo?
Em quantos suspiros definimos nossos riscos de vida?
Sabedores da malícia quando poderemos deixar de duvidar?
É certo sempre querermos acertar?
Uma melodia nos incita ou só sofremos quando queremos?
Quando iremos parar de apostar contra nossos desejos?
difícil transformar segredos
em palavras
como tais
preferem ficar
incógnitos
pingando autocomiseração
quando expostos
são como ossos quebrados
dentes cariados
à exposição
fatos concretos
demais corretos
na conta corrente do poeta
que esfrega a testa com a preocupação de estar entregando ouro ao bandido deixando como todos de mentir para se nutrir do néctar da verdade
que ilustra o tamanho da arte que é entregar-se ao ato de desvendar-se
toda vez que estou desanimado leio alguns poucos comentários sobre o meu trabalho de amigos diletos quase secretos diante da massa de ignorância que nos permitimos aturar e são esses pequenos gestos de sombra de prédios que me soerguem me tornam um gigante pensando no tamanho das formigas que somos quando nos deixamos desperdiçar em migalhas
Calma
Bailarina
Sabedoria fria
Em olhos descobertos
Para descobertas
Cabelos ao vento em música de momentos
Intensos
Raiz de cruz
Pés nus
Para a dança da vida
Esse jardim que vejo daqui não é eterno
Mas é terno
Cheio de flores azuis
Que brinquei com Quintana
Disse a ele:
“Mário, estuário
Menino levado
Rei dos azuis metais em dedos de asas
De passarinho que declara o tamanho
Da vida
Num encontro de pequenas rimas...”
E ele respondeu:
“Marco, nada plácido
És amargo e ácido
Na medida em que seus olhos ariscos de menino
Tentam suplantar o risco...doce azul...”
(...e entre flores continuo a plantar conjunções!)
Na árvore em frente à minha varanda
Borboletas brincam de flor
Folhas brincam de cor, verde
Eu brinco de dor, sempre
Escrevendo até não resistir e dormir
Para sorrindo inventar
Borboletras, flores, verdes e dores dolorindo só um pouquinho
Somente acredito em Deus quando olho
O céu
Adoça meu olhar
Aguça o modo de enxergar a linha do horizonte e lembrar para qual horizonte quero
Nadar
Ter coragem de esperar uma estrela cadente, boiando
Um pedaço de macarrão ao dente, falando
Um deus salgado experiente, rezando
Que
Espanta
Espanta pela falta de possibilidade
Enganado?
Quase sempre para todo o sempre?
Amem quente antes que o mundo acabe
Rubem Braga
Amava
A cor, o mar e o silêncio
Entrava nas palavras
Que eram suas
Por vontade de exercê-las
Ódio aos proxenetas
Pequenos aproveitadores da crença alheia
Tinha amor pela natureza
Que elegeu azul
Nos olhos de suas musas
Mulheres com sabor de
Suco da fruta desejo
Que plantava em seu quintal do céu
Quando crianças não conhecemos a vida
Brincamos de ser pessoas
Aprendendo as coisas necessárias
As mais importantes
Mas não conhecemos
Normalmente
As grandes dificuldades...
Ao descobrirmos
Minimamente como a vida funciona
Levamos um susto
E é o primeiro passo depois do susto
Que indicará quem somos
Uns ficarão paralisados
Outros viajarão na maionese
E há ainda aqueles
Que escreverão
Cantarão
E
Pintarão o susto
Não há medida certa a ser tomada
Há apenas o jeito com que iremos lidar com a vida já assustados...