"TERCETOS
Eu sou um rio, a água fria de um rio.
Profundo, cabe em mim todo o vazio.
Um reflexo me causa calafrio.
Sou uma pedra de cara escalavrada,
Uma testa que pensa, e sonda o nada,
Uma face que sonha, ensimesmada.
Sou como o vento, rápido e violento,
Choro, mas não se entende o meu lamento.
passo e esqueço meu próprio sofrimento.
Sou a estrela que à noite se revela,
O farol que vê longe, o olhar que vela,
O coração aceso, a triste vela.
Sou um homem culpado de ser homem,
Corpo ardendo em desejos que o consomem,
Alma feita de sonhos que se somem.
Sou um poeta. Percebo o que é ser poeta,
Ao ver na noite quieta a estrela inquieta:
Significação grande, mas secreta.".
Nenhum comentário:
Postar um comentário