domingo, 2 de novembro de 2014

Millôr Fernandes, DO FUNDO DO AZUL DO MUNDO

Durmo sempre entre feras
Acordo entre os escolhos
Visto trajes de andrajos
Mas te amo, amor, amar, amor.


Por isso te procuro.
No fim das paralelas
No repicar dos sinos
Entre as sombras da aurora.


Que nem por ser medroso me apavoro
Teus olhos são mortais, mas me enamoro
Balanço a testa tonta e os guizos soam
Te atendem logo serviçais de prata


Limpei folha por folha do caminho
Tirei nuvem por nuvem da amplidão
E agora, calejada, estendendo a mão,
E te ofereço a terra com carinho


A terra-mãe, esfera
Que arrebenta em dor
Em dor e fruto, em cor
Em cor e sumo, e luz


Eu te ofereço a terra
Feita de fauna e fogo
Roda de flora e aço
Girando, azul, no espaço.

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