(...) Lugar sertão se divulga: é onde os pastos carecem de fechos; onde um pode torar dez, quinze léguas, sem topar com casa de morador; é onde criminoso vive seu cristo-jesus, arredado do arrocho de autoridade. (...)
(...) Sertão. O senhor sabe: sertão é onde manda quem é forte, com as astúcias. (...)
(...) Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão pães, é questão de opiniães...O sertão está em toda parte. (...)
(...) De noite, se é de ser, o céu embola um brilho. Cabeça de gente quase esbarra nelas. Bonito em muito comparecer, como o céu de estrelas, por meados de fevereiro! Mas, em deslúa, no escuro feito, é um escurão, que pêia e péga. É noite de muito volume. Treva toda do sertão, sempre me fez mal. (...)
(...) Sertão é onde o homem tem de ter a dura nuca e mão quadrada. Mas, onde é bobice a qualquer resposta, é aí que a pergunta se pergunta. (...)
(...) "Ah, a vida vera é outra, do cidadão do sertão. Política! Tudo política, e potentes chefias. A pena, que aqui já é terra avinda concorde, roncice de paz, e sou homem particular. Mas, adiante, por aí arriba, ainda fazendeiro graúdo se reina mandador -- todos donos de agregados valentes, turmas de cabras do trabuco e na carabina escopetada! (...)
(...) Mas a gente estava com Deus? Jagunço podia? Jagunço -- criatura paga para crimes, impondo o sofrer no quieto arruado dos outros, matando e roupilhando. Que podia? Esmo disso, disso, queri, por pura toleima; que sensata resposta podia me assentar o Jõe, broeiro peludo do Riachão do Jequitinhonha? Que podia? A gente, nós, assim jagunços, se estava em permissão de fé para esperar de Deus perdão de proteção? (...)
(...) Sertão é isto: o senhor empurra para trás, mas de repente ele volta a rodear o senhor dos lados. Sertão é quando menos se espera; digo. (...)
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