sábado, 21 de maio de 2011

JORGE BARBOSA, poeta caboverdano

"NAUFRÁGIO

(Para João Lopes)

Ai a tristeza do vento
chorando...
Ai as nuvens indo à solta
em louca corrida
medrosas, fugindo á mão estendida...
Ai a solidão dos montes
despidos, à nossa volta
onde a vida aos poucos consome
-- seios nus ensanguentados
onde as raízes
morrem de fome...

...E nos rostos ensombrados
rondam saudades: -- países
navegam velas: -- distâncias...
Gestos parados
caladas ânsias
gritos sem voz...

Mas assim...
Teu sorriso inocente me prendendo
o soluço da tua voz chorando em mim
o hálito da tua presença me afstando
e o medo de trair-me
e o medo de quebrar o encantamente
tornando a minha fuga o único caminho...

E assim te amo como a um amor distante.".

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