(...) Afinal, o que havia de "novo" nessas atitudes? Nada especialmente, e muito.
O "novo" já não mais seduz o artista, que agora olha para tudo e para todos como "inspiração", ou melhor, como excitação: tudo já foi feito, é só recolher os fragmentos que estão à mão, combiná-los e recombiná-los de modo que faça algum "sentido", seja lá o que isso queira dizer. Convulsionando o estabelecido, tal procedimento vai conferir um aspecto de crise, de busca e experimentação ao momento. Daí parecer oscilar entre o "novo" e o "déja vu". Ora, decerto que entre utilizações gauches, citações, cópias baratas e o bom uso correu muita tinta.
O que se percebe, portanto, não é o "novo", mas uma reflexão poética sobre o que já foi feito. Assim, conhecimentos anteriores são rearranjados e nenhuma novidade é avistada. "Novo" é somente o não-familiar -- frequentemente uma mistura ainda não realizada de dois "velhos": uma espécie de evolução darwinista. Não é possível fazer coisas totalmente novas a partir do nada, tem de haver alguma coisa antes para se obter uma variação das coisas existentes. Alegar ou exigir um "novo" a essa altura dos acontecimentos é endossar uma compulsão vanguardista: ainda não será desta vez que se vai exaurir a história da arte." (...)
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