dentista
A
Leandro Passos
não sei se devo falar...às
vezes me vejo sendo um velho homem querendo relembrar e da lembrança gostar de
chorar esperança de tudo aquilo que me trouxe até aqui e me fez estar ainda
aqui ferido mas sorrindo dentro das minhas parcas possibilidades todo dia vôo e
vôo como só uma borboletra poderia voar em letras encontro sempre um caminho de
volta e me pacifico esperando que outros olhos vejam tudo aquilo que estou
plantando e não são sonhos desculpem não posso concordar com uma palavra que
engorda mas minimiza o jardim de doces em que estou cativando um futuro menos
duro mais ou menos como um dentista que arranca os dentes de leite porque sabe
que logo num piscar de olhos aquelas crianças que sangram serão adultos que
sangram esse desejo de ver o que está a me esperar que chamam de esperança
chamo de vontade e calor um sol por isso durmo sem cobertor e me sinto
tranquilo quando alguém desconhecido vem em minha direção como se houvesse uma
conspiração de emoção como se todos já soubessem que um poeta só morre por falta
de crença
Do
livro HÁmor, 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário