Hoje está difícil acreditar
Em algo que não seja
A força da natureza
Naturalmente
Como animais que pensamos e
inventamos
Não gostamos de admitir que há
algo maior do que a nossa criatividade
Tão alimentada e criticada num
moto contínuo entre
Admiração (própria) e
desconhecimento (alheio)
Mas querendo ou não
É a natureza que nos comanda e
hoje
Ela provavelmente chora
Por estarmos nos matando
De sede de raiva de fome
Fome democrática
Não temos ainda um país
Temos párias disputando o resto
de comida
Que alguns escolhidos
escolheram
Que devemos engolir
E engolindo seguimos
Querendo fazer de sapos
príncipes
De míopes líderes
De juízes salvadores da pátria
Achando que não temos nada a
ver com o precipício
Que cavamos quando nos
entregamos à simples volúpia
De sermos nós mesmos do nosso
jeito
Sofisticadamente ignorantes
Culturalmente vesgos
Alopaticamente perdidos
Enfim
Civicamente cínicos
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