quarta-feira, 30 de março de 2016

366 dias com poesia, 30 de março de 2016 -- P Á S S A R O

parecequehojeédaquelesdiasqueumatopadavirapoesia
emqueumgrãodepoeiradumaobramalfeitanaesquina
salvaumalágrimaemolhossecosdahipocrisiaquegrassa
queassaquegraçaasaessacoisaderimaremetransformar
de homem cansado em

P  Á  S  S  A  R  O


Projeto 365 dias com poesia de 2015.

terça-feira, 29 de março de 2016

366 dias com poesia, 29 de março de 2016 -- Verdade V

Verdade V

Difícil não é pintar o quadro simples
Pintar o quadro simples é fácil
Difícil é saber ver no quadro a hora de parar de pintá-lo
Para torná-lo simples


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segunda-feira, 28 de março de 2016

366 dias com poesia, 28 de março de 2016 -- a menina

a menina

entre a solidão da dor e do amor
nasce
uma menina
a rima
linda
com os olhos do pai
e os lábios da mãe
chora de fome
como o pai escreve
de fome
o homem some com o medo e produz desejos



Projeto 365 dias com poesia de 2015.

domingo, 27 de março de 2016

366 dias com poesia, 27 de março de 2016 -- guepardo

Nunca houve não há não haverá
Registro mais triste
Signo anti-humilde severo senso de altivez
Talvez outro se equivalesse
Talvez
A raiva misturada à saliva gasta
Por horas e horas de sessões intermináveis de ilusão...
Nos seus olhos de guepardo
Algo está errado
Uma sensação de alto risco
Intenso ritmo rico cheiro de perigos
Quando fostes
Um buraco no jazz se abriu
Estás em paz?
A paz existe?
Com sua ausência todos estamos tristes...

A Eric Dolphy


guepardo


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sábado, 26 de março de 2016

366 dias com poesia, 26 de março de 2016 -- rotina

rotina

A Goethe

Não preciso que me convidem para ver o amanhecer
Eu sei sofrer
Acordo nas madrugadas
Convivo com a escuridão
Todo dia às três a solidão vem me buscar
Acordo com o peso dos medos
Travo amargo de rotina
Fel pela garganta escorrendo
E o desespero de ver a luz do dia chegar
Um bluesman atormentado pelo som do silêncio...

Sem música a vida não existiria



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sexta-feira, 25 de março de 2016

366 dias com poesia, 25 de março de 2016 -- mentol

mentol

se soubéssemos escutar com a emoção e não com os ouvidos
daríamos razão
àqueles que vivem de ilusão

aos que arranham os dedos
cativando pétalas da palavra
segredo
de agir sem pensar
no tamanho da alegria de errar
e do erro
produzir
sentimentos



Projeto 365 dias com poesia de 2015.

quinta-feira, 24 de março de 2016

366 dias com poesia, 24 de março de 2016 -- Tengo ganas de ti

Tengo ganas de ti

Depois do filme...

Qual o segredo para o futuro?
Avançar!

Sozinho não há como!

Preciso de dedos que cuspam segredos
Preciso de olhos que chorem nãos
De mãos que formem orações
De versos que forcem os outros
A amar...

Preciso de um papel queimado para enviar aos céus a fumaça dos meus sonhos


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quarta-feira, 23 de março de 2016

366 dias com poesia, 23 de março de 2016 -- estações II

estações II

Esse agosto que trago em mim
Gosto de desgosto na saliva
Cheiro de solidão
Sempre tem algo de primavera
Uma chuva com arco-íris, talvez
Pingos me lembrando lágrimas
Que rimo em palavras fáceis de serem ditas, às vezes
Sempre difíceis de serem escritas
Porque se fixam para sempre nos olhares invernais
Invejo a preguiça dos sem emoção
(aqueles que de tanto negarem-se já não sabem quem são)
Que vivem apenas esperando a chegada do sol que lhes dê sombras

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terça-feira, 22 de março de 2016

366 dias com poesia, 22 de março de 2016 -- máquina fotográfica

máquina fotográfica

ninguém me contou quando minha mãe morreu
ninguém me contou... eu estava lá e eu senti
ninguém sofre a dor alheia
solipsismo?
bobeira!
todos nós
(não só os artistas )
só sabemos o que é
quando nos atinge
ninguém sente fome, sede, medo
pelo outro
aquele que sabe o que é ficar sozinho
sabe tudo sozinho
não precisa de livros
relatando a experiência
os livros ensinam no máximo a aprender a disfarçar as lágrimas diante duma máquina fotográfica


Projeto 365 dias com poesia de 2015.

segunda-feira, 21 de março de 2016

366 dias com poesia, 21 de março de 2016 -- Al Pacino

Al Pacino

Não adianta Monk tocar daquele jeito cheio de dança
De nada adianta Mingus gritar contrabalançando a pança
Não quero ouvir mais o blues ácido do Miles
A alegria incontida de Coltrane
Enjoei deles e de mim parei de querer cativar ilusão
Voltarei a ser pequeno
Do tamanho do tamanho real que tenho
E ficarei chorando a semente, futura sombra
Até que as rugas me permitam dizer ter experiência
Para poder tirar onda de velho sagaz


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domingo, 20 de março de 2016

366 dias com poesia, 20 de março de 2016 -- beiradorio

beiradorioAIberêCamargotododiadormimosevamosparaaterradonadadevezemquandoassombradaporsonhosquenosprovamqueconseguiremosquasenadaetododiaaoacordarmoscontinuamosnosperguntandoparaondevamosquandopassamos?


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sábado, 19 de março de 2016

366 dias com poesia, 19 de março de 2016 -- cavalo púrpura

cavalo púrpura

A Marc Chagall

Chagall sonha sonha
sonha buquês de flores que sustentam o amor
sonha a dor rosa sonha a cor que sustenta a dor fora do quadrado do quadro
(registra o sonho do sonho magnetizado)

Chagall foi é será  poeta que navega o sonho
Cavalo alado púrpura azul imaginado em dedos
densos tensos por
olhos de outrora do gueto sentimento



Projeto 365 dias com poesia de 2015.

sexta-feira, 18 de março de 2016

366 dias com poesia, 18 de março de 2016 -- instinto fugaz

instinto fugaz

A Kandinsky

uma voz ouvida
sem sentido
pode ser voz
pode ser grito
pode ser música para meus ouvidos
pode ser tinta, lilás
pode ser tinto, vinho signo
extinto

instinto fugaz


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quinta-feira, 17 de março de 2016

cicatriz

poesia

seiva

cera

ameixa

raiz

cicatriz 

Sopa de letrinhas



Hoje é daqueles dias em que um copo d’água em cima da mesa dá um poema
Como se fosse só esticar a mão e pegar numa árvore virtual uma fruta
Assim nada me irrita passo a observar sociologicamente a necessidade da mentira como prática social
Tem ex-presidente se dizendo honesto (a Lula)
Um atual fingindo ser competente com qualidade gerencial (o Dilma)
Um pessoal na televisão fingindo cantar
E eu em casa fingindo escutar
O silêncio para a poesia é fundamental
Quanto menos besteira se ouve
Mais as lembranças em imagens povoam minha mente
E sempre sai algo entre o cínico e o lírico
Porque a vida também não é essa coisa linda que os românticos adoram destacar

A vida sangra e é essa cor de sangue que pretendo registrar aqui em letras que (também) enganam que são poemas

366 dias com poesia, 17 de março de 2016 -- fabulosos

fabulosos

O artista pinta borda esculpe decupa a vida
O susto
O medo o segredo o degredo o esqueleto o amigo o aflito desejo o enigma
Ninguém sabe nada da vida
E todos adoram afirmar
Talvez afirmem para não ter de pensar: por que começou? quando termina?
Responder é mais fácil do que perguntar
Afirmando seguimos amando calando chorando palavras que não desejamos
Mas que existem como inveja calúnia difamação
Poderíamos ser (e somos) pedaços de estrelas mas preferimos olhar para o chão e negar a existência fabulosa do céu...?


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quarta-feira, 16 de março de 2016

366 dias com poesia, 16 de março de 2016 -- Maestro

Maestro

A Daniel Passuni

Anjo protetor dos filhos
Que se multiplicam na sua frente
Para se verem refletidos
Não se esqueça do ritmo
Importante na música
Importante na vida
Linda melodia produzida com uma flor
Jardim de acordes
Harmonia rica em família
Não se esqueça que és o professor dos meninos
Cada palavra
Cada sentimento
Cada desígnio
Partira da sua partitura:

Música maestro para o amor! 

terça-feira, 15 de março de 2016

Fome democrática



Hoje está difícil acreditar
Em algo que não seja
A força da natureza
Naturalmente
Como animais que pensamos e inventamos
Não gostamos de admitir que há algo maior do que a nossa criatividade
Tão alimentada e criticada num moto contínuo entre
Admiração (própria) e desconhecimento (alheio)
Mas querendo ou não
É a natureza que nos comanda e hoje
Ela provavelmente chora
Por estarmos nos matando
De sede de raiva de fome
Fome democrática
Não temos ainda um país
Temos párias disputando o resto de comida
Que alguns escolhidos escolheram
Que devemos engolir
E engolindo seguimos
Querendo fazer de sapos príncipes
De míopes líderes
De juízes salvadores da pátria
Achando que não temos nada a ver com o precipício
Que cavamos quando nos entregamos à simples volúpia
De sermos nós mesmos do nosso jeito
Sofisticadamente ignorantes
Culturalmente vesgos
Alopaticamente perdidos
Enfim
Civicamente cínicos





CEÚ SOL



Vendo uma fot’obra de arte de Jeannette Priolli

o céu
tela do sol
o sol sendo sorriso
solto
simples
precioso
sim
sou
seu
sim
céu
sol
completam a tristeza de menos um dia

sem o mar a me olhar 

Aquele prédio

Aquele prédio

À memória de Bertha Plácido

Aquele prédio encoberto por um céu azul
Com parte na sombra
Rima com as árvores que estão sofrendo com o vento
Parece que me convida a olhá-lo
Como se por falta de uma ideia original tivesse desesperado
Como estão as folhas daquelas árvores
Ainda não estou desesperado
Mas começo a ficar
Quando lembro que alguém que não vejo há muito
Alguém que não posso mais tocar
Adorava todos os verdes diferentes que a vida lhe impunha
Espero a lágrima desejo a lágrima enxugo a lágrima

E volto a pensar: que a saudade é amor e dor... 

Zico



A Arthur Antunes Coimbra

Não há palavras para expressar o que sinto por Zico
Mas como aqui não se imprimem lágrimas tentarei...

Zico foi a alegria da minha adolescência
Comecei a acompanhar futebol em 1978 com aquela cabeçada de Rondinelli
Flamengo campeão em cima do Vasco
Coitado durante anos e anos só levou sacode
Zico Adílo Júnior Leandro e Nunes, Nuni, para os íntimos, faziam a festa
E de título em título conheci o que era coragem de tentar vencer
Esses caras deveriam ter estátuas na Gávea
Porque foram eles que ensinaram a minha geração a sorrir
Zico comandando o time e a massa fazia o Maracanã tremer
Todos já iam pro jogo sabendo que o Flamengo venceria, principalmente se fosse uma final de campeonato
Foram esses jogadores que fizeram a fama de que: “...se deixar o Flamengo chegar...”.
Foram eles que me fizeram acreditar no treino para a conquista do jogo e tudo isso fica registrado sem que saibamos mas quando vejo Zico aquela sensação de frio na barriga aparece e me esclarece o quanto foram importantes aqueles anos
Zico não formou só uma geração de Flamenguistas
Zico formou uma geração de homens que sabem o valor da vitória e a dor da derrota


Parabéns Zico e obrigado!

366 dias com poesia, 15 de março de 2016 -- Moiras

Moiras

Vendo o último quadro “Solidão” de Iberê Camargo

Tece
Segura
Corta
O artista tece segura e corta retira d-
Á vida (há)
Uma Solidão
Solidão azul sólida flor
Violeta simples mas preciosa
Planta colhe ceifa a roseira (em que somos rosas)
Signo espinho
Rimo espinhos
Rio espírito
Livre inseguro ingênuo
Tênue (des)ilusão
Pintada à exaustão
Botão de flor oferecido
Como obra d’arte
Vomito sinceridade
Azuis violetas negras
Três irmãs que me trazem a certeza do machado fim


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segunda-feira, 14 de março de 2016

366 dias com poesia, 14 de março de 2016 -- Creio II

Creio II

Escrevo errado mas escrevo

Canto errado mas canto

Pinto errado mas pinto

Falo errado mas falo
Talvez por isso não seja escutado
Os educados adoram forma ao conteúdo
Pensam saber de tudo
Quando desconhecem a possibilidade de perceber na ingenuidade da Ignorância

Criatividade



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domingo, 13 de março de 2016

366 dias com poesia, 13 de março de 2016 -- sonhos pequenos

sonhos pequenos

cor dura
pura dor
púrpura
flor em vaso de plástico
tantas tintas tantas lágrimas
amarradas em olhos opacos
em rostos gris
onde estão as mãos (as mães)
onde estão as sementes
que adubarão
meus pequenos sonhos?


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sábado, 12 de março de 2016

olha setembro

olha setembro está chegando está cegando de vontade de saber quanto tempo ainda falta para saber quem sou e o que estou fazendo aqui

olha setembro está batendo na porta e ainda olho desconfiado o que sinto? Como posso desconfiar de mim?

Sendo assim acho melhor inventar uma melodia triste e não colocar palavras para tentar despistar a falta de alegria?


olha setembro está chegando cegando ensurdecendo-me de melodias que rimo e sorrio sem som

canção


 Todos que cantam encantam?

Todos que gritam se escutam?

 

Todos que pintam ilustram?

Todos que se sujam se culpam?

 

Todos que riem rimam?


Todos que amam sangram?

em lembranças


 


a bondade
no bonde foi embora
para uma rua de paralelepípedos
de Santa Teresa
se escondeu
do mundo de hoje
como uma criança se esconde
da mula-sem-cabeça do saci pererê ou da cuca
tentando sobreviver
em lágrimas
procurou se esfriar
em palavras
tentou traçar um mapa
que a levasse
àquela árvore
que ouvia o avô contar
frondosa natureza
que salvou com sua sombra a humanidade
que a marcava
em lembranças 

366 dias com poesia, 12 de março de 2016 -- Arlequim

Arlequim

Arrasado pelo tempo
Arrastado pelo vento
Vou seguindo
Solamente
Um dia de cada vez
Ouço tamborins e cuícas
Anunciando a alegria
Não me dizem respeito
Estou ligado na droga mais poderosa do mundo:
Consciência!
Com ela rio choro
Aconteço
Ela é capaz de me fazer querer continuar
A trilhar a caminhada
Por quilômetros de avenidas com falsas risadas


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sexta-feira, 11 de março de 2016

366 dias com poesia, 11 de março de 2016 -- O anjo

O anjo

“O anjo que está em mim ainda pode sofrer”

Recado de todos os grandes do jazz
Recado de todos os grandes das artes
Recado de todos os grandes
O que nos afasta e repugna
Pois nos vemos pequenos diante de tamanho desapego
Diante de tamanho desapego nos sentimos tremendo
Quando gostaríamos de ser tremendos
Mas para ser tremendos temos que mesmo tremendo
Esquecer de quem somos para tratar a vida como se fossemos inteiros


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quinta-feira, 10 de março de 2016

366 dias com poesia, 10 de março de 2016 -- Sorrysos cynzas

Sorrysos cynzas

A Pablo Picasso

Picasso era tão extremamente plástico que parecia um elástico vomitando cores entre as cinzas duma sociedade hipócrita que sempre aposta que o silêncio é melhor do que os gritos que para alguns poucos ouvidos são canção Picasso assustava menos com o touro e mais com o tamanho da sua liberdade adquirida no sofrimento de entender-se extremamente humano enquanto suamos desculpas esfarrapadas Ele nos amarrava e de nossos segredos sorria em pinceladas inclusive cinzas


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quarta-feira, 9 de março de 2016

366 dias com poesia, 09 de março de 2016 -- estopim

estopim

Os jovens já sabem
Não querem escutar para aprender
E eu
Que levei dez anos burilando sem saber
A primeira frase do meu primeiro poema
Que precisou de tanta saudade para ter força para aparecer
Continuo esperando por...


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terça-feira, 8 de março de 2016

366 dias com poesia, 08 de março de 2016 -- devir pictórico

devir pictórico

A Fabian Marcaccio

Num mundo seco
A pintura molha
Conhecimento úmido
Com outras artes naturais
Pó de raízes
Urucum
Cipós
Poesia
Mundo subterrâneo
Quase tudo molhado
Pela chuva de lágrimas
Das necessidades que temos e que sabemos não conseguir


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segunda-feira, 7 de março de 2016

366 dias com poesia, 07 de março de 2016 -- sangro

sangro

A Marc Chagall

Enquanto espanto sons
Espanco imagens absurdas
Mantos com abotoaduras em
Santos do pau-oco piscando ilusões
Enquanto canto sensações
Espanto solidões
Em mantos venero santos tantos quantos preciso sonhar


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domingo, 6 de março de 2016

366 dias com poesia, 06 de março de 2016 -- choques

choques

 

na terra dos homens que buscam medalhas
a palavra era de prata
o silêncio era o que devia existir: ouro!
todo ar de palavras desperdiçado
provocava choques
e ninguém queria viver de choques

toda vez que se abria a boca tinha que se oferecer ou obter uma resposta
quem controlava o processo?
(e se a outra pessoa mentisse sobre o silêncio?)
não pergunte para mim ainda estou espantado com o fato de não ter me dado conta dessa realidade

adormecido?
esquecido?
inibido?
talvez
tantas são as possibilidades
que preciso pensar antes de falar

(talvez responda num próximo poema)...


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sábado, 5 de março de 2016

366 dias com poesia, 05 de março de 2016 -- estátua

estátua

Depois de ouvir Time do Pink Floyd

Por que querer crescer?
Quanto mais alto maior o tombo...
Parado quase sem respirar
Não arrisco incomodar
E fico um bom tempo sem pensar pois sem pensar não preciso me movimentar

Acontece que às vezes gostaria de sentir o gosto do vento
Saber como ardem meus olhos no movimento
E é esse peso que tenho que me faz não acreditar em mim em nada nem em ninguém
Enfim vou seguindo esperando algo alguém outra vida talvez...


Projeto 365 dias com poesia de 2015.

sexta-feira, 4 de março de 2016

366 dias com poesia, 04 de março de 2016 -- pedra de Itapuca

pedra de Itapuca

Estou
Tentando aprender a ouvir
O silêncio
Pressentimento
De emoção
Por escutar
O respiro das ondas
Contando quantas chegadas nas areias da praia...
As histórias dos pescadores dos pecadores dos amores em cordões perdidos
Anéis aflitos procurando dedos que continuem a contar sua história
Que tem sua canção nos suspiros que a civilização não nos deixa ouvir
Sim
Estou tentado a ouvir...

(e, quem sabe, me escutar...)


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quinta-feira, 3 de março de 2016

366 dias com poesia, 03 de março de 2016 -- olhos de purpurina

olhos de purpurina

nesse silêncio carnavalesco
penso
e se a ilusão for necessária?
e se precisássemos da imaginação
como poeira nos olhos
que nos fizesse lacrimejar
espirrando toda a realidade que está a nos cansar
de nós mesmos?
e se só fossemos inteiros na alegria,
tristeza com olhos de purpurina?


Projeto 365 dias com poesia de 2015.

quarta-feira, 2 de março de 2016

366 dias com poesia, 02 de março de 2016 -- broto poeta

broto poeta

Depois do poema Flor Amarela de Ivan Junqueira

Poeta
Te guardo menino
Atrás da montanha
Sendo flor amarela.

Mesmo quando descanso
Virando hera
Cuido do broto poeta
Menino
Sendo flor amarela.


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terça-feira, 1 de março de 2016

366 dias com poesia, 01 de março de 2016 -- cremes e lágrimas

cremes e lágrimas

Quando sujo um quadro de branco
Sujo o quadro de branco do medo
Do medo que sinto sobre tudo
Sobretudo da falta de argumentos
Palavras ao vento que ouço e vejo
De quem quer comprar
Apenas comprar
Um lugar no céu no sol no mar
Esquecendo-se da água fria de nossas lágrimas das perdas que já temos e ainda teremos esquecendo-se de tudo de tudo do nada de nada enquanto fecha fecho os olhos para enxergar o defeito alheio que é nosso...

Ah! se soubéssemos respirar... 



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