sábado, 11 de maio de 2013

Manuel Bandeira, NOVA POÉTICA

Vou lançar a teoria do poeta sórdido.
Poeta sórdido:
Aquele em cuja poesia há a marca suja da vida.
Vai um sujeito.
Sai um sujeito de casa com a roupa de brim branco muito bem engomada, e
na primeira esquina passa um caminhão, salpica-lhe
o paletó ou a calça de uma nódoa de lama;
É a vida.


O poema deve ser como a nódoa no brim:
Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero.
Sei que a poesia é também orvalho.
Mas este fica para as menininhas, as estrelas alfas, as virgens cem por cento e
as amadas que envelheceram sem maldade.

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