segunda-feira, 31 de outubro de 2016

366 dias com poesia, 31 de outubro de 2016 -- BRAVE HEART

BRAVE HEART

Depois dos 51 anos...

Depois da ilusão vem a dor
Da realidade
Retiro todo o santo dia
O pó das risadas covardes dos que se irritam por não tentar
Os que irrito por conseguir seguir e seguindo continuar a tentar sorrir
É simples assim: a vida é daqueles que desconhecem e por não saber fazem com menos medo de errar
E conseguem transformar perfume de mar em algas doces
Inebriante cheiro de sucesso
Do sucesso de ser quem se é sem querer imitar esse ou aquele outro
Depois dos cinquenta continuo rimando cantando pintando
Amando não parar só que com um pouco mais de sabedoria de não deixar a burrice chegar perto do meu bravo coração de poeta

domingo, 30 de outubro de 2016

366 dias com poesia, 30 de outubro de 2016 -- orquídeas

orquídeas

A Walcir Silva

Aqui dentro agora está quente
(requentei meus sonhos com um cobertor de rimas)

Agora já posso voltar a pensar em pagar contas odiar engarrafamentos e resolver aquele processo que ficou parado me esperando me esperando sem saber se voltaria da rotina de imaginar soluções criativas

Agora depois de voltar talvez nunca mais consiga me cansar de rimar
Porque as rimas gostam de exclusividade
Como orquídeas precisam de atenção pouca luz e amor
Das minhas mãos saíram várias espécies que estão por aí em livros esperando tudo isso
Mas não sei se já morreram de inanição

Espero que não
Espero que não
Espero que não

sábado, 29 de outubro de 2016

366 dias com poesia, 29 de outubro de 2016 -- rugas turcas

rugas turcas

Quando olho no fundo do olho que vejo no espelho
Descubro a coragem que me trouxe até a esse olhar
Mas não é coragem de brigar é coragem de respirar
E tentar continuar seguindo algo chamado instinto

Quando olho de novo no fundo do olho que vejo no espelho
Vejo que a perseguição a mim não foi em vão
Vi vejo verei tudo aquilo que fiz força para resgatar
Vários azuis
Do céu do mar dum olhar
Que precisava existir e foi parido em blues

Quando olho pela última vez nesse poema

No fundo do olho em que me vejo de novo sendo eu aquele que não sucumbiu à maldade cultivada pelo mundo real vi o porquê de tantas rugas que nesse caso não foram fugas mas sim histórias de vida

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

366 dias com poesia, 28 de outubro de 2016 -- A Prisão

A Prisão

A Miguel Gullander

 

olhos são telas
celas
costelas
cabelos
fios de alta tensão
dentes
arames
mãos cadeados
pensamento
prisão

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

366 dias com poesia, 27 de outubro de 2016 -- (céu)


(céu)
"...quis amar o infinito como um corpo."
escopo de um fragmento que se encerra
num sopro de ideia absurda
de possuí-la, estratosfera
de vê-la inteira nos meus braços, sincera...
sério das responsabilidades advindas de ser
seu
(céu)
Marco Plácido, do livro No princípio...POESIO

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

366 dias com poesia, 26 de outubro de 2016 -- falso e azul



falso e azul

quando quisermos ou pudermos parar para ouvir nossa solidão e pararmos de copiar modelos estrangeiros seremos inteiros e poderemos nos fazer ouvir mesmo que em parte mesmo que seja apenas uma pequena parte porque nossa arte será verdadeira na acepção plena do termo nossa arte mesmo que seja num silêncio falso e azul será aquilo que somos que queremos ser que seremos para sempre na nossa única e sonora ilusão de artistas

terça-feira, 25 de outubro de 2016

366 dias com poesia, 25 de outubro de 2016 -- Mortalha



Mortalha

Morte

momento frio por quê
deixamos de sentir nossa eletricidade por quê
deixamos de olhar horizontes por quê
deixamos de cheirar outra alma por quê
deixamos o tempo passar e desse jeito
mesmo antes de morrer
fracassamos não sendo quem poderíamos ser
por quê?

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

366 dias com poesia, 24 de outubro de 2016 -- fumaça de fogão



fumaça de fogão

Aos mestres do Chef’s table

Sal brócolis e pimenta
O último espetáculo de ballet e a urgência...

Na cabeça dum chef não há só comida há arte há a vontade de eternidade...

De repente dum ballet visto surge um prato de metade pato metade frango
E de uma rocha numa ilha no sul da França recheada de algas surge um prato lindo com gosto típico

Aquelas mãos seguiram uma cabeça abençoada por pensamentos em movimentos

Quase não é necessário um fogão porque o fogo interno que queima queima tudo inclusive os alimentos

Com poucos produtos faz arte
Reproduz passados
Inventa presentes
Nos deixa ansiosos pelo futuro

Sinfonia de gostos

Em suas mãos treinadas
pingo é letra
palavras salgadas são orações

Um mestre cuca é mestre porque usa a cuca
Não faz apenas por fazer
Aliás ninguém deve viver por viver

Imitando o mergulho do peixe voador devemos voar e mergulhar
Como se precisássemos de ar
Para nos destacar sendo nós mesmos
Sendo extremos de sabor
Sem temer a opinião dos que ficam sentados esperando a hora da ceia
Apenas esperando a hora da ceia
Apenas esperando a sobra da ceia alheia
Deixamos de ser humanos e passamos a fumaça de fogão fantasmas sem emoção

domingo, 23 de outubro de 2016

366 dias com poesia, 23 de outubro de 2016 -- Sonhador

Sonhador

Este meu sonho:
Deixar de sonhar e realizar
Sujando as mãos de rimas
As camisas de cantigas
As orelhas de tintas
Porque dormi na melodia do sonho
E acordei na ilusão...

(Mundo repleto de espelhos em que os reflexos são sorrisos sinceros ?)

sábado, 22 de outubro de 2016

366 dias com poesia, 22 de outubro de 2016 -- hoopio



hoopio*

Cativando a religiosidade
Sem religião
O amor que é compaixão
A paixão que não é sexo
O nexo causal entre mim e o outro ser
Por rimas
Premissas de vida
Quintessência do que somos
Humanos
Cultivando nossa crença na eternidade de naturezas

*Cativar, em havaiano