Aquele belo parente dos pássaros
que escondia sua sombra da chuva
enquanto tu conduzias,
sobre ardentes cadernos, o voo de sua mão.
O menino -- lembras? -- aquele que subia
pelo estame encarnado do verão
para contar-te rios de perfume,
cabelos louros e país de nardos
Teu menino predileto ( se o visses!)
é a alma de um cego que pena entre cactos.
É hoje o outro, o sem-rir, o pálido,
raivoso jardineiro de outonos enterrados.
E sabendo disso o quiseste tanto?
Acostumaste-o ao mar,
ao sol,
ao vento, para que hoje ande respirando asfixias
num poço de náufragos?
Para esta pobre condição de neve
defedeste suia luz de apaixonado?
Poesia, não quero este caminho
que me leva a pisar sangue no prado
quando a lua nos diz que é orvalho
e minha alma jura que é espanto.
Poesia, não quero este destino!
Leva tuas sandálias!
Devolve minhas mãos!
O final da história há de contar as estrelas
e as folhas que cobrirem meu sonho sepultado.
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