Para Keats, um poeta é a coisa menos poética da existência, porque ele não tem identidade.
Para Edgar Allan Poe, todo pensamento, para ser breve, é sentido por cada um como uma afronta pessoal à própria pessoa.
Para Walt Whitman, dentro do homem há multidões.
Para Nietzche, um homem só, só com suas ideias, passa por louco; e meu coração...força-me a falar como se eu fosse dois.
Para Rimbaud, eu é um e outro.
Para Flaubert, Madame Bovary sou eu.
Para Baudelaire, o artista só é artista com a condição de ser duplo; e quem não sabe povoar a sua solidão também não sabe estar só em meio a uma multidão atarefada. O poeta goza do imcomparável privilégio de ser, à sua vontade, ele mesmo e outrem. Como as almas errantes que procuram corpo, ele entra, quando lhe apraz, na personalidade de cada um.
(Trechos do livro Fernando Pessoa, uma quase autobiografia, de José Paulo Cavalcanti Filho).
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