segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

AZOUGUE 10 anos -- Rodrigo de Haro

Na entrevista: "...Sem nostalgia, sem saudade, não existem projetos -- só programação de computador. A saudade é estimulante, disse recentemente o grande Manoel de Oliveira, a propósito de seu último filme Viagem ao começo do mundo. Sem nostalgia alguma não criamos estilos. Isso me parece bem claro.
A verdadeira nostalgia é fundadora, possui natureza ígnea e ativa. Solicita permanentemente o desvendamento das coisas. Participa do ato criativo como um mestre de cerimônias.
Saudade solicita ironia, despistamento e composição. Ironia, dissonância, harmonia -- a respiração do poema.
A concisão também é um rio, se faz com largos movimentos concentrados no olho do vaga-lume.
É preciso reinventar cidades, lugares para acampar, levantar cenários.
Todo indivíduo com mais de 50 anos, no Brasil pelo menos, é sobrevivente de algum lugar destruído, deixa atrás de si uma paisagem degradada. Somos sobreviventes de cruéis bombardeamentos. A encantadora Desterro que eu conheci, não existe mais. Foi destruída pelas especulações da mais cega ignorância. Mas a senha dos bárbaros é a palavra "progresso", e diante dela todos devem baixar a cabeça.".

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