CROSSROADS II
Aos punks das periferias feridas
Não
tenho medo de assombração (os mortos não fazem mal a ninguém)
Mas
não gosto de encruzilhadas
Cada
etapa deve ser vivida como cada etapa deve ser produzida
Poema
é poema
Quando
limitado pela melodia é letra de música
Cantar
não é declamar declamar não é atuar
Gosto
do poema lido sem fru-fru (João Cabral já falava isso)
E
quando pinto pinto tentando uma combinação harmônica entre as manchas e as
cores
Tudo
inventado sim
Mas
sem muitas misturas que possibilitem desculpas
Não
faço o livro de poemas e fotos que não é um livro de poemas e fotos
Faço
um livro de poemas que são poesia
Um
disco de músicas que contém músicas
Faço um
quadro com tintas pintadas, manchas da saudade disfarçadas, mas não faço arte
plástica...sou pintador
Nada
de inventar encruzilhadas que para mim são apenas desculpas esfarrapadas