sábado, 31 de dezembro de 2016

366 dias com poesia, 31 de dezembro de 2016 -- A paisagem

A paisagem

Tristes daqueles que não se entusiasmam com a própria vida
Que não aprenderam a inventar desafios
Mesmo que percam mesmo que não consigam chegar a algum lugar
Tristes daqueles que querem ter a certeza do sucesso
Tristes por desconhecerem que melhor do que chegar é apreciar a paisagem
Vista do ângulo de quem está sedento por ela


Obrigado pela paciência em 2016, Feliz 2017 e inté...

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

366 dias com poesia, 29 de dezembro de 2016 -- LETRA FRIA DA LEI

LETRA FRIA DA LEI

Enquanto a rotina fria do dia a dia reina
Maluco é o cara que escreve verdades
Por que escrever verdades num mundo de sorrisos de carnaval?
Loucura típica dum cara anormal
Então normais nos afastemos do anormal
Deixando-o falando sozinho...
E depois pretendemos ser considerados excepcionais?
Em quê mesmo?

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

366 dias com poesia, 28 de dezembro de 2016 -- Cinzas

Cinzas

Único a machucar o vento
O tempo
Também machuca a gente
Deixa marcas que chamam rugas
Que chamo desilusões
Nos transforma em rabiscos
Pelas culpas acumuladas
Nos apaga em cinzas
Nos lembrando que somos natureza

Apenas natureza

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

366 dias com poesia, 27 de dezembro de 2016 -- MENINICE

MENINICE

Aquele olhar cansado
Ainda não é meu
É quiça será
Mas se tiver sorte de viver mais
Um dia será
E por que será?
Será porque eu luto para viver
ou para não viver? ...será que aceito as coisas como elas são
Ou não quero saber e me lanço sem medo do meio-fio?
Será que meus dentes ajeitados pelo dentista desmentem o que lhes digo?

Às vezes penso que esse jeito menino antecipou-me a velhice

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

366 dias com poesia, 26 de dezembro de 2016 -- Ó PAI Ó

Ó PAI Ó

Alguém poderia me dizer se dói morrer?
Pergunto não porque esteja pensando nisso
Pergunto apenas pelo exercício da pergunta
Às vezes me canso das certezas
E fico pensando em tudo o que nos leva a ter certezas
Quando a única certeza nos dá tanto medo que
Não falamos não pensamos não agimos
Aí ela vem e Oh!

domingo, 25 de dezembro de 2016

sábado, 24 de dezembro de 2016

366 dias com poesia, 24 de dezembro de 2016 -- IMAGEM ILUSÃO

IMAGEM ILUSÃO

Derivado do poema INSPIRAÇÃO

Está chovendo...
Realmente está chovendo
Menos lá fora
Mais aqui dentro

E é uma chuva de sentimentos
Que mal consigo colocar para fora

Dentro de mim um tormento
Um sofrimento contínuo
Um não caber no corpo
Uma vontade de expansão
Um raio um trovão quer achar seu lugar

Meu lugar
Onde há onde há uma rima
Simples de vida?

Uma palavra fedida quase uma oração

Se soubesse rezar
Ajoelharia e diria amar
Algo alguém uma imagem uma ilusão
Uma lambida uma latinha com dizeres:

“Aqui não cabe um poeta!”.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

366 dias com poesia, 23 de dezembro de 2016 -- INSPIRAÇÃO

INSPIRAÇÃO

Adaptado de ECCE HOMO de F. Nietzsche

Encarnação
de forças superpoderosas
Revelação
Algo que se torna visível, audível
Ultra situação
Um raio
Um pensamento que vem à luz por necessidade, sem hesitação
Encantamento
Estar-fora-de-si-mesmo
Profundidade venturosa na qual o mais sofrido e mais sombrio não tem efeito de antítese mas sim de
Condição
Cor necessária
Instinto de relações rítmicas
Ritmo estendido ao longe
Encarnação

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

366 dias com poesia, 22 de dezembro de 2016 -- CANTADOR

CANTADOR

Eu não canto
Eu suspiro
As palavras têm que ter algum sentido
E sentido sinto e sento com um violão
Na outra mão o coração
E a voz embargada não pode atrapalhar
O entendimento das rimas
Simples rimas de vida...


(Divina é a capacidade de se emocionar com as próprias palavras...)

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

366 dias com poesia, 21 de dezembro de 2016 -- Taciturno

Taciturno

Marco
cada palavra difícil
no
Aurélio
Mas só uso as mais simples
Como amor e
Cruz
Que carrego no nome
Num rio
Plácido
Navego sensações
Tensas
Expansões de temperamento difícil
Mas de riso fácil
Sigo meu caminho

Tácito 

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

366 dias com poesia, 20 de dezembro de 2016 -- NÍQUEL

NÍQUEL

Se olho para trás
Um arrepio
Se olho para frente
Nem um pio

Duma sensação de saudade sinto medo

Os amanhãs se vierem serão como?
Serão mais cedo?
De que maneira seguirei com essa dor nos meus pés?

Não que esteja triste
Não é só isso
É que sinto um incômodo como se nada do que fiz tivesse sido registrado

Apesar dos livros apesar dos discos apesar dos quadros apesar do apêndice da peritonite da gastrite da falta de sisos...  

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

366 dias com poesia, 19 de dezembro de 2016 -- pequenas marés

pequenas marés

O céu estava tão azul
Num fim de tarde
Sem lágrimas
Na esperança branda duma noite abençoada
Suei suei muito me esforcei para acreditar na manhã
De manhã águas paradas esperavam a primeira remada
Braços doloridos como o corpo construindo um novo dia
E assim vamos vivendo enfrentando nossas pequenas marés

domingo, 18 de dezembro de 2016

366 dias com poesia, 18 de dezembro de 2016 -- sobrado

sobrado

À memória de Bertha Plácido

sobra no homem a necessidade do sonho
é árida a vida em cinzas
que já foram um ser humano
de nome mãe

agora floresta de saudade
onde planto um olhar azul
como o céu
choro estrelas
rimas que invento de palavras comuns
como todos somos

sonhos
sobras de homem
em choros
em coros
em recordações
exploro minha tênue imensidão

sábado, 17 de dezembro de 2016

366 dias com poesia, 17 de dezembro de 2016 -- GRINGO CARDIA

GRINGO CARDIA

todos acompanhando o bloco e
eu deslocado
sambo sem ritmo mas
intimo meu coração a bater na batida perfeita
aquela que rima
amor com tempo
tempo com comprometimento
comprometimento com cimento
cimento da emoção de
seguir seguindo sempre
o ritmo da ilusão 

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

366 dias com poesia, 16 de dezembro de 2016 -- crossroad

crossroad

A Robert Johnson

Não há mais tempo...
Por que olhar no espelho
Se não quero descobrir novas rugas?
O cansaço já demonstra o custo do esforço que parece foi em vão
Nos vãos do chão que descubro agora encontro poeira de poesia antiga que devo ter jogado fora
E se joguei é que foram palavras desperdiçadas que não voltam que não tenho mais forças para buscar...

Outra vez me vejo sem saída numa encruzilhada da vida
Sem talento para bluesman
Não consigo cantar o que me é mais dolorido

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

366 dias com poesia, 15 de dezembro de 2016 -- O grão da voz

O grão da voz

A Roland Barthes

O grão da voz
É foz?
Sendo, somos nós?
Cross?
Cruz?
Nus de múmias do antão?

Quantos somamos em quantos grãos?
Quando somos, sãos?

Quando mudos no mundo?
Quando surdos em certas ocasiões?
Quando cegos na ilusão?

O grão da voz
É uma resposta aos nãos
Som do ser são

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

366 dias com poesia, 14 de dezembro de 2016 -- POESIAZZ

POESIAZZ

É difícil escrever
Porque escrever não é só formar frases inteligíveis
Escrever é demonstrar dentro do tema aquilo que pensamos sobre o tema
E se não pensamos nada sobre o tema na verdade nem deveríamos ter começado a escrever algo
Em poesia é ainda mais difícil porque além de ter de escrever algo significativo  muito mais do que o uso de rimas deve haver uma alteração do ritmo daquilo que se quer dizer com o próprio ato da escrita
Como se fosse uma dissociação entre a melodia e harmonia que no final soasse de modo estranho mas bonito

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

366 dias com poesia, 13 de dezembro de 2016 --

Esse animal selvagem que é o tempo...

Durante algum tempo fiquei com medo...

Agora já sei que não adianta mais
Ele está junto a mim
Como uma sombra
Fazendo ou não
Ele me derrubará
E ficará nos meus ombros
Caçoando de mim porque não fui inteiro
Nos meus anos tenros
e
Aproveitando-se do fato de eu estar de joelhos
Tratando-o como um rei
Ele ri
e eu arrependido e 
Triste por ter fingido esse tempo todo que ele não existe
Fico quieto esperando ele me levar

A Mário Lago


como uma folha numa ventania

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

366 dias com poesia, 12 de dezembro de 2016 -- Anjo João

Anjo João

A John Coltrane

Não sei explicar
É como se Coltrane soubesse cantar a solidão que sinto
Como se no tenor ele fosse o vencedor das nossas angústias
Como se sozinho assumisse e não sumisse da briga pela vida
Como se enfrentasse sozinho o dragão-tempo-solidão
Como se fosse um soldado da paz interior
Como se fosse um professor de literatura que não risse dos textos dos alunos
Como se fosse um anjo da melodia que nos salvasse a todos pela harmonia de sentimentos

Anjo João, continue zelando por nós 

domingo, 11 de dezembro de 2016

366 dias com poesia, 11 de dezembro de 2016 -- STAND UP

STAND UP

Neguinho se amarra em dar ar de seriedade às coisas
Como disse um filósofo:
Ou é fácil ou impossível
Meus poemas são suspiros
Meu canto é um sorriso
Meus quadros são mergulhos numa piscina azul-marinho

Tudo com um riso com covinhas e olhos marejados com a emoção de estar vivo hoje

sábado, 10 de dezembro de 2016

366 dias com poesia, 10 de dezembro de 2016 -- Nova Friburgo

Nova Friburgo

Às vítimas da catástrofe de Nova Friburgo

Um dia por falta de deus um homem chorou
Depois virou outro
Depois da catástrofe que se abateu não podia ser o mesmo
Perdeu pais filhos irmãos tios
Perdeu sua antiga vida
Perdeu-se
Seu olhar mudou
Evitando a todos evitando fotos
Seu olhar se aproximou do seu sofrimento e transformou-o em outro
E tudo aconteceu há menos de cinco anos
Pouco tempo se deu mas ele não é mais ele e eu também não sou mais eu

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

366 dias com poesia, 09 de dezembro de 2016 -- TAO

TAO

A Ana Cristina Bonan

Tudo começou quando tinha doze anos
1977
E tentei fazer uma letra para uma música do Caetano
Depois Djavan e seu Oceano
Rita Lee e sua cabeça em chamas
Blitz Rock Brasil
E as rimas estavam presas, parece que esperavam meu amadurecimento (cimento de sofrimento)
Morte vida e não foi da Severina
Precisei descobrir que iria morrer e morri quando meu irmão partiu
Sobrevivi pelo amor e pela dor passei a escrever
Sim estou aqui em pedaços mas ainda pensando em como a graça da vida é a surpresa do caminho

Te desejo só o melhor menina mãe querida Aninha

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

366 dias com poesia, 08 de dezembro de 2016 -- HARMONIA ÍMPAR

HARMONIA ÍMPAR

A Cícero Dias

“Eu vi o mundo e ele começa na memória”.

Cada um carrega a cruz de sua história
E carrega em cada suspiro
Em cada sorriso uma pequena invenção
O brilho nos olhos a procura da ilusão

Eu vi o mundo e ele começa a me fazer crer
Que agora é a minha vez
Agora eu posso querer
E querendo posso entendê-lo minimamente
E sempre desejo o desejo de tê-lo perto de mim
O mínimo para mim é impossível
O máximo, o sonho invencível

Eu vi o mundo e me assustei...

(Mas posso pintá-lo com imagens majestosas da minha imaginação
Mas posso rimá-lo com linguagens espantosas da minha introspecção
Mas posso cantá-lo com miragens dadivosas duma harmonia ímpar) 

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

366 dias com poesia, 07 de dezembro de 2016 -- lavoura

lavoura

“Um dia eu volto pra lá!”
(diz o sertanejo afastado de sua terra...)

Esse lá não é de mar é de lar

Seja na montanha na pipa no copo de água de filtro
Seja no deserto do Crato
Esse lá é onde existe ou já existiu cheiro de tangerinas de pitangas de terra batida
Momentos vividos no passado
Banhados por lágrimas ou por rios

Esse lá somos nós desejando quem fomos (quem fomos?)
Desejando continuar a respirar um ar de lá

Esse lá é de cheiro de casa de avó
cheiro de café requentado
cheiro de chinela e cinto de couro

Esse lá sou eu sendo criança é você sendo também

Esse lá é que nos afasta nos acalma desse inferno real esse lá nos salva
Por isso deve se chamar esperanço

(ranço de esperança tanta, da poesia que inventei para ser o meu lá )

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

366 dias com poesia, 06 de dezembro de 2016 -- luz e sombra

luz e sombra

o sol está lá fora
banhando corpos na praia felizes
as ondas também
lambem sorrisos
discriminando
as lágrimas que preparo em poemas
não preciso estar na praia para saber
que não quero estar sendo banhado de luz

a poesia necessita de sombras
por isso (só por isso) ela necessita dum pouco de luz

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

366 dias com poesia, 05 de dezembro de 2016 -- ETERN’ILUSÃO

ETERN’ILUSÃO

A realidade
Com o tempo acaba...

A ilusão
Pode se apresentar eterna...

Então, o que real nessa espera?

A pergunta que aí está
ou
A resposta que não vem?

domingo, 4 de dezembro de 2016

366 dias com poesia, 04 de dezembro de 2016 -- barca diária

barca diária

Protejo o rosto contra os primeiros raios de sol
Esqueço de tudo quando vejo o mar irradiando ondas
Gaivotas colorindo o azul
Traçando imagens em nuvens muito acima de nós
Pescadores veem peixes
As barcas vem e vão na baía do Rio
É fevereiro e acabou o carnaval
A vida está entrando em sua rotina gris
Penso em outras cores e vou me enganando até chegar ao trabalho
Alguns problemas resolvidos num dia estressante de volta à casa
Na barca me lembro daquela barca matutina que me proporcionou esse poema
E penso:
Sabendo guardar
Todo o dia vale a pena

sábado, 3 de dezembro de 2016

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

366 dias com poesia, 02 de dezembro de 2016 -- HANNIBAL

HANNIBAL

Cego
pela luz da ilusão
Mudo
pela força emocional das palavras
Surdo
para conseguir escutar minha própria melodia
Assim fico
Seguindo apenas o cheiro do silêncio

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

366 dias com poesia, 01 de dezembro de 2016 -- Ex-surfistas

Ex-surfistas

A vida passa tão rápido
Que nos deixa de queixo caído e esbranquiçado
Os cabelos também se vão
E pintam de cinza uma solidão
Os olhos certos trazem uma rotina
Uma dúvida pinta um quadro
Uma angústia preenche páginas e mais páginas
A verdade, que não existe, pelo menos é relativa
Canta cisma em se expandir
Sim somos nós envelhecendo certezas
Cada vez maiores e maiores dúvidas sobre tudo
Sobre o mundo que não entendemos (como ter certezas então?)
Filhos netos e seguimos assustados com o que eles estão a desejar
Por que não sabemos mais desejar perdemos a condição de desejar
Quando muito olhamos o mar mal disfarçando o medo de nadar... 

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

366 dias com poesia, 30 de novembro de 2016 --

Os anos vão se acumulando
E o peso das despedidas também
Não quero mais essa rotina de rimas cinzas

Estou tentando me livrar de parte de mim que não quer sorrir

Muito difícil
Extremamente difícil
Somos nossas memórias
E elas sangram

Pingam no papel sonhos
Da saudade que sentimos em
Gomos da

Árvore-vida

À memória de Bertha Plácido

terça-feira, 29 de novembro de 2016

366 dias com poesia, 29 de novembro de 2016 -- Iludidos

Iludidos

“Olhos nos olhos, quero ver o que você faz
Ao sentir que sem você eu passo bem demais”

Olhos nos olhos
Vida na vida
A escuridão da ferida
Tinge de tinta sangue os signos
Momentos simples viram fantasias
Cada dia, único dia
Cada sangria, suco de vida
Cada uva, prova que é possível plantar e
Das sementes inventarmos a alegria
Euforia em olhos nos olhos
Em bocas nas bocas
Iludindo-nos iludimos
E da ilusão nascerá
Sim
O sol nascerá em nossas retinas


(E é esse calor que precisamos para te esquecer: morte: palavra proibida) 

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

366 dias com poesia, 28 de novembro de 2016 --

aquelas letras espremidas num papel amassado
se tiverem verdade
são poesia
e nunca mais deixarão de ser
porque um dia alguém vai ler
e será a coisa mais linda um ex-humano se comunicando anos depois
com um ser vivo
quase uma árvore
poderia dizer
um fruto sendo deixado e consumido
transformando realidade em sonho   


(ponho as mãos nos olhos e já posso dormir) 

domingo, 27 de novembro de 2016

366 dias com poesia, 27 de novembro de 2016 -- carvoeiro

carvoeiro

Dizem que morremos
MENTIRA!
Só morrem aqueles que não deixam lembranças
Vocês se lembram do sorvete na esquina da praia com os avós?
No cinema no circo no jogo de futebol...
Eles não morreram estão em nós, inclusive
Ardem todos os dias dentro de mim
E a raiva com que escrevo pingando pelos olhos sentimentos me ajuda a sentir Seus cheiros
Como um incêndio presente nas narinas
Sinto tudo e tudo o que vivi me pertence e irá pertencer àqueles que quiserem 
Lembrar do calor das minhas palavras

sábado, 26 de novembro de 2016

366 dias com poesia, 26 de novembro de 2016 -- A.M.O.R.

A.M.O.R.

Em tudo veem amor
Em tudo veem ódio
Em tudo veem sexo
Em tudo veem paixão
Desconhecem que no amor cabem todas as possibilidades
Amor

Movimento (que pode ser sexo, arte, fuga...)

Ode ao ex-ódio e

Raiva, que é a rara idade viciada em fazer arte

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

366 dias com poesia, 25 de novembro de 2016 -- Sombra de pétala

Sombra de pétala

Quanto tempo
Falta
Quanto tempo...
Para que a chuva pare de ameaçar as pétalas da minha rosa
Poesia tão singela e seca
Não precisa ser hidratada
Segue sendo o que sempre foi
Folha seca
Caindo leve
Ocupando apenas o espaço
Que deve ocupar


Faz sombra na terra me deixando rimar  

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

366 dias com poesia, 24 de novembro de 2016 -- REMADOR

REMADOR

Mesmo de modo disfarçado
Que às vezes pode até parecer tiração de onda
Um poema fala muito mais das derrotas
Do que das poucas vitórias
Até porque  derrotados
Já somos desde o nascimento
Pela falta de consciência da derrota final
Que nunca sabemos quando chegará
Então apuremos os ouvidos e passemos
A escutar mais a harmonia e menos a melodia das palavras escritas


(O grito do remador que pode parecer de prazer na verdade é de dor...)

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

366 dias com poesia, 23 de novembro de 2016 -- Buquê de oração

Buquê de oração

Ainda ontem conseguia lidar maravilhosamente bem com as palavras
Como se elas me pertencessem

Hoje em dia parece que desacreditei delas e está muito mais difícil formar uma frase em que eu acredite
Por isso fiquei triste porque com o poder que tinha com as palavras me sentia um jardineiro
Plantando sentenças onde só havia barulho
Como se cada palavra fosse uma semente
E cada buquê uma oração
Num mundo de ódios e incêndios
Plantava cheiros e cores e
Sentia o silêncio das flores crescendo
Como meu segredo


A Angélica Plácido

terça-feira, 22 de novembro de 2016

366 dias com poesia, 22 de novembro de 2016 -- nadador II

nadador II

É na água que não tenho peso
Não tenho passado

Na água fico iluminado
Pela ilusão

Cada braçada um esforço
Que nunca será em vão
Porque estou vivo e fazendo e acontecendo

Preparo físico para rimar cantar pintar
E continuar
Pingando necessidades e sonhos

Alívio químico de sentir em mim a gelatina da vida

Na água sou mais forte porque preciso respirar para nadar
Preciso respirar...

Na água sem passado
Sou inteiro
Um presente intenso
Um esquecimento de futuro
Simples molhado seguro