...se seu olhar pudesse...
pudesse equacionar problemas
nos fazendo acreditar no azul do seu céu
no verde do seu mar
se seu olhar pudesse destilar ódios
guardados há tanto tempo
ilhados em Angra
se seu olhar
pudesse agradar às barangas
de tangas que entopem o noticiário americano
se seu olhar
pudesse romancear as esquinas
de sexo e drogas
de Copacabana
se seu olhar pudesse nos mostrar
que ainda existe roque
que não seja universitário
se seu olhar
pudesse consagrar a melhor vista de suas bandas
(do outro lado da baía)
se o seu olhar pudesse desbravar as matas
da floresta esverdeada das nossas cabeças esperançosas
o dia a dia dessa cidade
maravilhosa
seria consagrador
redentor
Poesia, música e pensamentos, muitos pensamentos ao vento, pensamentos em movimento...
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
piscada
...naquele início em que as certezas são quase nulas em que o medo quase anula a o primeiro passo da caminhada é o momento em que os amigos se qualificam no carinho de acreditar um olhar um sorriso o pouco de brilho de uma mísera piscada pode ajudar a coragem a bondade de uma to tão pequeno e tão grande ao mesmo tempo...
mais cedo ou mais tarde
olhando para trás
vejo
fraldas e chupetas
notas em cadernetas
professoras
sorrindo como se a vida fosse fácil
vejo
um arrastão de peixes em redes na praia de Icaraí
a noite demorava a chegar
e as luzes eram menos intensas
olhando para ontem
me assusto com a intensidade do frio
arrepiando minhas retinas
as meninas mais cedo chegam mais tarde
os meninos mais tarde descobrem o medo
olhando para trás
que já é hoje
o tempo não esconde a rapidez da minha desilusão
vejo
fraldas e chupetas
notas em cadernetas
professoras
sorrindo como se a vida fosse fácil
vejo
um arrastão de peixes em redes na praia de Icaraí
a noite demorava a chegar
e as luzes eram menos intensas
olhando para ontem
me assusto com a intensidade do frio
arrepiando minhas retinas
as meninas mais cedo chegam mais tarde
os meninos mais tarde descobrem o medo
olhando para trás
que já é hoje
o tempo não esconde a rapidez da minha desilusão
pirâmide
seocarapensasseassumissemelhordizendoquevaimorrerquenadaimpediráessefatodeocorrer
iria
poder
escrever
qualquer
coisa
sem
nenhum
tipo de
preocupação
iria
poder
escrever
qualquer
coisa
sem
nenhum
tipo de
preocupação
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
TRÍPTICO
Secreto
letras
num poema
na esperança
de encontrar
olhos de flor
olhos de amor
a dor não esconde um poema
Secreto
letras
na esperança
imensa
de encontrar
olhos de flor
olhos de amor
a dor não é secreta
num poema
Secreto
letras
letro
na esperança
tanta (tonta)
de encontrar
olhos de flor
olhos de amor
não se esconde a dor num poema
letras
num poema
na esperança
de encontrar
olhos de flor
olhos de amor
a dor não esconde um poema
Secreto
letras
na esperança
imensa
de encontrar
olhos de flor
olhos de amor
a dor não é secreta
num poema
Secreto
letras
letro
na esperança
tanta (tonta)
de encontrar
olhos de flor
olhos de amor
não se esconde a dor num poema
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
INGE MORATH, fotógrafa
"Antes de iniciar um projeto, quero conhecer o seu contexto, mergulhar na sua civilização e aprender pelo menos os princípios fundamentais da sua linguagem. Tenho depois mais liberdade para chegar ao que Cartier-Bresson chama a atitude decisiva do fotógrafo. Ele tirava as fotografias com um olho aberto, observando o mundo através do visor, e outro fechado, olhando para a sua própria alma".
terça-feira, 27 de setembro de 2011
Letra
Amor é sexo
sexo é amor
Amor é sexo
porque amor sem sexo é amizade
Sexo é amor
amor é sexo
Sexo é amor
porque sexo sem amor é vida sem arte
Arte é amor
amor é arte
Arte é amor
porque arte sem amor é inverdade
Arte é sexo
sexo é arte
Arte é sexo
porque arte sem sexo é vacuidade
sexo é amor
Amor é sexo
porque amor sem sexo é amizade
Sexo é amor
amor é sexo
Sexo é amor
porque sexo sem amor é vida sem arte
Arte é amor
amor é arte
Arte é amor
porque arte sem amor é inverdade
Arte é sexo
sexo é arte
Arte é sexo
porque arte sem sexo é vacuidade
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
violino
ouço passos esses passos impressionantes sou eu
eu enquanto chuva enquanto solo enquanto choro
enquanto morro
do amor mais sublime me encontro
comigo
em instantes me socorro das cordas de um violino
que range palavras de desespero
espero
espero o acorde que irá me lembrar de quem fui
eu enquanto chuva enquanto solo enquanto choro
enquanto morro
do amor mais sublime me encontro
comigo
em instantes me socorro das cordas de um violino
que range palavras de desespero
espero
espero o acorde que irá me lembrar de quem fui
domingo, 25 de setembro de 2011
pipocas
...teve dias que eu cheguei a escrever durante vinte horas como suportei? quem disse que suportei me enfiei em mim e tracei as vísceras como pipocas no cinema fiz um filme com minha memórias
trouxa
toda vez que me lembro de ter demorado a começar me vem uma raiva raiva não de ter demorado raiva de ter ficado parado esperando não sei o que uma ligação do tico com o teco tlavez um neurônio com choque para ligar uma coisa a outra uma trouxa de roupa para me dar vontade de me livrar de mim
Oração do Rock, por VICTOR COSTA MACHADO,
Victor Costa Machado
ORAÇÃO DO ROCKRock nosso que estais na veiaMuito escutado seja vosso soloVenha a nós o riff inteiro Seja feito barulho a vontade ... ... ... ... ... Assim em casa como nos shows Musica boa de cada dia nos daí hoje Perdoai nossas loucuras Assim como perdoamos os pagodeiros e sertanejosCom aquelas músicas horríveis Não nos deixeis cair em funk carioca E livrai-nos do axé AMÉM
ORAÇÃO DO ROCKRock nosso que estais na veiaMuito escutado seja vosso soloVenha a nós o riff inteiro Seja feito barulho a vontade ... ... ... ... ... Assim em casa como nos shows Musica boa de cada dia nos daí hoje Perdoai nossas loucuras Assim como perdoamos os pagodeiros e sertanejosCom aquelas músicas horríveis Não nos deixeis cair em funk carioca E livrai-nos do axé AMÉM
sábado, 24 de setembro de 2011
parado pensando
a vida é simples assim:
tem hora de bater e hora de apanhar
tem hora de querer e hora de descansar
tem hora de correr e hora de andar
tem hora de arrefecer e hora de voar
tem hora de bater e hora de apanhar
tem hora de querer e hora de descansar
tem hora de correr e hora de andar
tem hora de arrefecer e hora de voar
elementar?
Os menos seguros adoram os sinais...gráficos. Servem a eles como eles deveriam seguir as regras gramaticais. Ocorre que, a vida real é mais complicada, a dinâmica do momento presente muitas vezes impede o aperfeiçoamente do regramento. E aí como ficam os artistas-leitores desacostumados a pensar de um modo mais abrangente? Saberão completar as lacunas? Saberão inventar algum dado complementar (elementar)?
nosotros
nos outros vejo
rugas, defeitos
se são meus são trejeitos
secos
um pó de pouca importância
num louco de dessemelhanças
rugas, defeitos
se são meus são trejeitos
secos
um pó de pouca importância
num louco de dessemelhanças
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
pastel de ventos
o tempo
traz a verdade
(a saudade)
opiniões vazias
sem experiência
são vaidades
pastel de argumentos e de ventos
traz a verdade
(a saudade)
opiniões vazias
sem experiência
são vaidades
pastel de argumentos e de ventos
esferográficas
folhas
esfolam
imaginações
devotas
pensam em letras
gozam
em palavras sussurradas
surradas
capas
de chuva
clamam por gotas
de esferográficas
esfolam
imaginações
devotas
pensam em letras
gozam
em palavras sussurradas
surradas
capas
de chuva
clamam por gotas
de esferográficas
descida
argumentos
não são para instituir um vencedor
servem
para nos mostrar o caminho menos sofrido da descida
não são para instituir um vencedor
servem
para nos mostrar o caminho menos sofrido da descida
cheiros
admito
me vejo inteiro
se sou grande?
inteiro!
pequeno?
inteiro!
melhor ou pior?
inteiro!
não me envergonho dos meus cheiros
me vejo inteiro
se sou grande?
inteiro!
pequeno?
inteiro!
melhor ou pior?
inteiro!
não me envergonho dos meus cheiros
cara limpa
o poeta
é aquele
que se arrisca
de cara limpa
entre o o céu e o inferno
o escritor
o que se esconde
atrás dos personagens
é aquele
que se arrisca
de cara limpa
entre o o céu e o inferno
o escritor
o que se esconde
atrás dos personagens
leve livro
a leitura de um livro deve ser leve os ensinamentos ali registrados são néctar vivido pelo escritor ninguém aprende com alheia dor
Chiado Editora
Agradeço a todos que, de uma maneira mais ou menos explícita, me fizeram ter vontade de escrever. E isso se dá por estar comemorando a assinatura de um contrato com a Chiado Editora. Empresa de Portugal que irá distribuir meu próximo livro chamado "RASCUNHOS POÉTICOS" no Brasil, em Portugal e em toda a Europa.Beijos aos amigos que sempre me prestigiaram e, porque não dizer, me aturaram falando de poesia muito mais do que eu deveria e muito menos do que eu poderia.
amadores
a insistência
(com ciência) é uma chatura branda
ranhadura mansa
que mais esculpe do que inferniza
se todos escolhessem algo para (se) decorar não haveriam tatuadores profissionais
(com ciência) é uma chatura branda
ranhadura mansa
que mais esculpe do que inferniza
se todos escolhessem algo para (se) decorar não haveriam tatuadores profissionais
num canto
num canto
meus filhos me vêem sofrer ao escrever
fora daqui
vêem risos esquisitos
de não entender
que escrever é registro do possível sorriso
meus filhos me vêem sofrer ao escrever
fora daqui
vêem risos esquisitos
de não entender
que escrever é registro do possível sorriso
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
riscas
a liberdade é um vício
pulo em precipício
estrela cadente querendo brilhar
riscas em livro se transformando
em experiências
pulo em precipício
estrela cadente querendo brilhar
riscas em livro se transformando
em experiências
o ser
em alguns meses as coisas aconteceram e nasceu em mim um novo sentimento de querer continuar um ano como essa em que perdi o ser que me gerou foi de uma dor tão plena que achava que iria parar
Garrincha
...quando penso em artistas penso em Chaplin Picasso Garrincha
desculpe desconheço seu apreço por Chapolin Gugu Tiririca
desculpe desconheço seu apreço por Chapolin Gugu Tiririca
jumento
...e quem disse que artista é doido ou coisa parecida não confunda bunda com funda razão de viver e mostrar o motivo de ainda estar vivo não confunda enfarte com arte não confunda televisão com visão não confunda pensamento com jumento
Dungas
...e acaba sendo assim, os temperamentos dos anões de Branca de Neve demonstram quem somos:
felizes
dengosos
zangados
mestres
atchins
dungas ou
sonecas
felizes
dengosos
zangados
mestres
atchins
dungas ou
sonecas
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
ciência
espero tanta coisa...
espero um pouco de paciência
ciência de acreditar
em passos que me permitam realizar
alisar minhas vontades
criar saudades
espero um pouco de paciência
ciência de acreditar
em passos que me permitam realizar
alisar minhas vontades
criar saudades
quedas
quando árvores choram, folhas caem
quando folhas choram, pássaros caem
quando pássaros choram, sonhos caem
quando sonhos choram, homens caem
quando folhas choram, pássaros caem
quando pássaros choram, sonhos caem
quando sonhos choram, homens caem
espantalho
roto
rosto
esfarrapado
sem amigos
sou
um troço
um espantalho
em andrajos
ando e não me vejo
falo e não me percebo
rosto
esfarrapado
sem amigos
sou
um troço
um espantalho
em andrajos
ando e não me vejo
falo e não me percebo
amido
AMIDO!
amigos são amido
fazem crescer tudo
o bolo, de coco
o louco, de santo
o beijo, de fanta
a boca, de manga
amigos são amido
fazem crescer tudo
o bolo, de coco
o louco, de santo
o beijo, de fanta
a boca, de manga
uma esperança
o tempo
é uma esperança
espero que o hoje
se transforme em futuro
espero que o ontem
não me impeça de sonhar
é uma esperança
espero que o hoje
se transforme em futuro
espero que o ontem
não me impeça de sonhar
o centímetro
não me assuste
não preciso de ninguém me vendendo medo
o centímetro desse sentimento
eu já tenho
não preciso de ajuda
mesmo
não preciso de ninguém me vendendo medo
o centímetro desse sentimento
eu já tenho
não preciso de ajuda
mesmo
hojes
Hojes, hojes
vamos aproveitar os dia de hojes
está cheio o dia está cheio de hojes
o dia de hojes está cheio hoje
vamos aproveitar os dia de hojes
está cheio o dia está cheio de hojes
o dia de hojes está cheio hoje
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
vírus
oventonorostoumavisoprecisotudopodeevaimelhoraramedicinasabeondepodeatacaremelivrardessesvírusdejuntarletras
olhos rasos
um choro
(de violino)
fino
feito
chuva
fraca
rápida na inconstância
na fragrância de chão
olhos rasos
procurando razão
(de violino)
fino
feito
chuva
fraca
rápida na inconstância
na fragrância de chão
olhos rasos
procurando razão
segredos
em nervos
enervado
pelos fatos do passado
magoados
sem futuro
num homem escuro de tudo
sem fruto
com medo dos seus segredos
presentes
enervado
pelos fatos do passado
magoados
sem futuro
num homem escuro de tudo
sem fruto
com medo dos seus segredos
presentes
saltos
poesia não é nada
é tudo ao contrário
é mundo em que cabeças saltam de olhos querendo bocas
loucas de tanto suar
saliva de palavras
benditas
é tudo ao contrário
é mundo em que cabeças saltam de olhos querendo bocas
loucas de tanto suar
saliva de palavras
benditas
ser pente
sempre a serpente mente para a presa sem pressa se enrola se esmera em serpentear ser pente ser tear ser serpente ser sempre pente e tear sem serpentear se pentear a serpente somatiza solidões
augusta
os ponteiros do relógio não fazem música
tocam e todo toque é forte para meu coração assutado
ouço os segundos gritando
e do meu lado acabam depois de horas de angústia
augusta vigília
tocam e todo toque é forte para meu coração assutado
ouço os segundos gritando
e do meu lado acabam depois de horas de angústia
augusta vigília
(entendimento)
...(de difícil entendimento)...
a imensidão do silêncio cobra seu preço
tento o tempo todo tento
descobrir o segredo
o som da última gota de palavra
que me derrotou
a imensidão do silêncio cobra seu preço
tento o tempo todo tento
descobrir o segredo
o som da última gota de palavra
que me derrotou
domingo, 18 de setembro de 2011
aquiles
aquele mundo
aquele mudo
aquilo tudo
que me fez calar
aquele outro
aquele troço
aquilo fundo
que me fez pensar
em parar
em parar
de olhar
para
atacar
o problema
aquele mudo
aquilo tudo
que me fez calar
aquele outro
aquele troço
aquilo fundo
que me fez pensar
em parar
em parar
de olhar
para
atacar
o problema
mudo
quanta injúria num céu sem estrelas
mudos planetas esperam as luzes brilharem
refletindo seus milhares de corpos em uma distância ardida de cinema
mudo
espero um cometa mudar minha direção
mudos planetas esperam as luzes brilharem
refletindo seus milhares de corpos em uma distância ardida de cinema
mudo
espero um cometa mudar minha direção
enfeites
lá fora o sol já se foi
e a noite tenta chegar
acanhada ainda não sabe que lutei para trazê-la para com as estrelas enfeitar meus poemas
e a noite tenta chegar
acanhada ainda não sabe que lutei para trazê-la para com as estrelas enfeitar meus poemas
pas sado
tanta coisa ficou para ser dita
tanto se pensou
tanto
e no entanto
nunca será dito
nunca mais será escrito
o momento passou
o passado se consolidou
tanto se pensou
tanto
e no entanto
nunca será dito
nunca mais será escrito
o momento passou
o passado se consolidou
o processo
é lento
é certo
é ferro
o processo
se insere
interfere
no indivíduo
aflito
arrisco
com suas
nossas imperfeições
são concretas
são corretas
no rascunho de nossas ilusões
é certo
é ferro
o processo
se insere
interfere
no indivíduo
aflito
arrisco
com suas
nossas imperfeições
são concretas
são corretas
no rascunho de nossas ilusões
do esgoto
absolutamente
a mente luta
extraordinariamente
e sempre
mente
para si para mim para nós outros
ratos do esgoto de nossas mentiras deslavadas que correm em águas atávicas
a mente luta
extraordinariamente
e sempre
mente
para si para mim para nós outros
ratos do esgoto de nossas mentiras deslavadas que correm em águas atávicas
nado
parem
parem de tentar entender
escrevo para esquecer
não perder tempo
tentando explicar
é o que desejo
me deixo levar
nada
nada
a maré em mim nada
parem de tentar entender
escrevo para esquecer
não perder tempo
tentando explicar
é o que desejo
me deixo levar
nada
nada
a maré em mim nada
entupidos
olhos me olham
tentando entender minhas rugas
sugam
o açucar
que ainda escorre
em goles desejam
enormes
quantidades
desejam entopem
seus pensamentos
tentando entender minhas rugas
sugam
o açucar
que ainda escorre
em goles desejam
enormes
quantidades
desejam entopem
seus pensamentos
Capítulo 4 (parte do Ensaio SILÊNCIO OLHAR AZUL)
Num livro de um crítico de literatura li que a pedra no caminho de Drummond era na verdade as dificuldades que todos temos na vida. Que tudo que nos aflige é a pedra no caminho.
Mas, refletindo, poeticamente, afirmo, a pedra, as pedras no nosso caminho são as perdas que temos durante a vida. Aprendi isso sofrendo na carne. Ninguém me contou.
Quando da morte do meu irmão, comecei a descobrir e agora, com a morte da minha mãe, esse sentimento se consolidou.
Vamos ao poema do mestre de Itabira.
No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
Não há possibilidade de esquecimento. As retinas fatigadas são os olhos azuis cansados da vida cinza de perdas. De pedras.
O poema mais famoso em língua portuguesa talvez o seja por exalar perfume de destino. Todos estamos fadados a conviver com esse sentimento, o da perda, como uma pedra no caminho. Nosso destino é levar a pedra (a pedrada) até o final, que não sabemos quando será, que não desejamos, mas sabemos, que temos de carregar, as pedras fazem parte da nossa rotina, retinas?
E por que as retinas estão fatigadas?
Cansadas de tanto conviver com as pedras, as perdas! É isso e disso termos de tirar o fôlego para continuar...Difícil...Diante de tal desafio como nos comportaremos? Paramos, insistimos ou voamos para longe de quem somos?
Mas, refletindo, poeticamente, afirmo, a pedra, as pedras no nosso caminho são as perdas que temos durante a vida. Aprendi isso sofrendo na carne. Ninguém me contou.
Quando da morte do meu irmão, comecei a descobrir e agora, com a morte da minha mãe, esse sentimento se consolidou.
Vamos ao poema do mestre de Itabira.
No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
Não há possibilidade de esquecimento. As retinas fatigadas são os olhos azuis cansados da vida cinza de perdas. De pedras.
O poema mais famoso em língua portuguesa talvez o seja por exalar perfume de destino. Todos estamos fadados a conviver com esse sentimento, o da perda, como uma pedra no caminho. Nosso destino é levar a pedra (a pedrada) até o final, que não sabemos quando será, que não desejamos, mas sabemos, que temos de carregar, as pedras fazem parte da nossa rotina, retinas?
E por que as retinas estão fatigadas?
Cansadas de tanto conviver com as pedras, as perdas! É isso e disso termos de tirar o fôlego para continuar...Difícil...Diante de tal desafio como nos comportaremos? Paramos, insistimos ou voamos para longe de quem somos?
domingo, 11 de setembro de 2011
Conto Voem e Noel (adaptado de trecho do Romance OLHOS DE PICASSO)
Tinha para mim isso como verdade. Nunca escreveria um conto. Até hoje não sei sua diferença para crônica. Como iria escrever? Mas...queria contar um pouco da vida de dois velhinhos que conheci não faz muito tempo. Quando começamos a tratar, ambos já estavam com mais de setenta. Na verdade, um com setenta e um e o outro com oitenta. Anos de amizade proporcionaram uma intimidade que era reconhecida pelas homéricas brigas. De copo d'água à hora do almoço, do ônibus errado ao troco do cafezinho. Brigavam por tudo, mas quando o mais moço morreu o mais velho me contou o que irei transcrever agora. Parte de uma história de amizade bonita toda vida.
"Voem me olhou emocionado e passou a falar, sem parar, durante uma hora e meia, só fez falar e chorar.
”Sinto saudade de um, dois, feijão com arroz, três, quatro, feijão no prato, cinco seis, feijão outra vez, sete, oito, quero biscoito, nove e dez, começa outra vez.
Sinto saudade do tempo em que meu pai me obrigava a esperá-lo voltar do trabalho para recitar poesias que ele tinha feito com a barriga no balcão da farmácia.
Sinto saudade da Mariazinha do bole-bole, peitinho duro, boceta mole, o galo canta meu pau levanta a vaca berra meu pau enterra.
Sinto saudade do cheiro do arroz que minha mãe fazia. Comia, comia, comia sem parar, era de chorar!
Sinto saudade do pirulito que bate, bate, pirulito que já bateu quem gosta de mim é ela, quem gosta dela sou eu.
Sinto saudade dos amigos que já se foram, das peladas na praia, do basquete no clube, das caçadas de passarinhos, coitados prendíamos os bichinhos e ficávamos bobamente alegres.
Sinto saudade de eu vi uma barata na careca do vovô, assim que ele me viu bateu asas e voou, Do,ré,mi,fá,fá,fá do,ré,do,ré,ré,ré do,sol,fá,mi,mi,m,i do,ré,mi,fá,fá,fá.
Sinto saudade de primeiro time é meu segundo time é teu, Andaraí no seu gramado, bola pro mato que o jogo é de campeonato.
Sinto saudade das noites de seresta em que ouvia minha mãe cantar várias músicas da Maria Creusa.
Sinto saudade de escravos de jó, jogavam caxangá, tira, bota, deixa ficar, guerreiros com guerreiros fazem zig, zig, zá..
Sinto saudade da calçada da praia das Flechas.
Sinto saudade do Huguinho, do Zezinho e do Luisinho.
Sinto saudade de Fé, Tête, café, fedo, Fred, Fernandes.
Sinto saudade da canoa virou, por deixar ela virar, foi por causa do Zezinho, que não soube remar...
Sinto saudade da gangue, do Gaguinho, do Bruninho, do Cláudio, do Osvaldo e da Betina.
Sinto saudade do Pai Francisco entrou na roda, tocando seu violão, paradão, dão, dão. E vem cá seu delegado e pai Francisco foi para a prisão Como ele vem todo requebrado, parece um boneco desengonçado.
Sinto saudade do coração de Boceta, do capitão Buraco, do Burackson Five.
Sinto saudade do sapo não lava o pé, não lava porque não quer, ele mora na lagoa, não lava o pé, porque não quer.
Sinto saudade do Ratonildo; do Dudu, Piru e do Carlinhos.
Sinto saudade do meu pintinho amarelinho, cabe aqui na minha mão, na minha mão. Quando quer comer bichinho, com seu pezinho cisca no chão. Ele bate as asas, ele faz piu, piu, mas tem muito medo do gavião.
Sinto saudade de jogar bola e sair na porrada.
Sinto saudade das meninas de saia.
Sinto saudade de torce, retorce, procuro mas não vejo, não sei se era pulga ou se era um percevejo. A pulga e o percevejo fizeram uma combinação, fizeram uma serenata, bem debaixo do meu colchão.
Sinto saudade do cravo brigou com a rosa, debaixo de uma sacada, o cravo saiu ferido e a rosa despetalada. O cravo ficou doente e a rosa foi visitar. O cravo teve um desmaio e a rosa pôs-se a chorar.
Sinto falta de atirei o pau no gato-to, mas o gato-to não morreu-rreu, Dona Chica-ca admirou-se-se do berro, do berro, que o gato deu. Miau!
Sinto saudade da pouca idade, da intensidade que a ingenuidade permite, ver em olhos de piques a vida pulsando a vida me chamando e eu sem medo gritando amá-la.
Sinto saudade de como pode o peixe vivo viver fora da água fria? Como poderei viver? Sem a tua, sem a tua, sem a tua companhia?
Sinto saudade do meu filho e da minha nora que me deixaram num momento delicado, me deixaram com dois anjos para cuidar.
Sinto saudade da inteira coragem que tive que ter para cuidar da Bela e do Rique.
Sinto saudade do alambique do meu vô, que em vão tentou me dar um pouco da branquinha que eu recusei por não saber como dói uma recordação.
Sinto saudade de ir ao Maracá com meu tio.
Sinto saudade do cai, cai, balão, cai cai, balão, aqui na minha mão. Não vou lá, não vou lá, não vou lá, tenho medo de apanhar.
Sinto saudade de tomar banho na banheira da casa de minha vó Diva, para os íntimos, ou gordinha, para meu pai, ou Divanaghy, para todos.
Sinto saudade da minha outra avó Arlete, que era apaixonada por mim e por gim, uísque e outros destilados, a velha era animada e brincava comigo de tocar instrumentos nas minhas costelas.
Sinto saudade de marcha soldado, cabeça de papel, quem não marchar direito, vai preso pro quartel. O quartel pegou fogo, Francisco deu sinal, acode, acode, acode, a bandeira nacional.
Sinto saudade do som das panelas na casa da minha tia Ana, todo ano íamos para São Pedro da Aldeia, e faziámos a maior bagunça.
Sinto saudade do salgueiro entrando na avenida, com meu tio Quincas.
Sinto saudade do mundo, do quadro de Drummond, do menino-passarinho Quintana, do sacana do Vinícius.
Sinto saudade do alecrim, alecrim dourado, que nasceu no campo sem ser semeado. Foi meu amor, quem me disse assim, que a flor do campo, é o alecrim.
Sinto saudade de tudo o que poderia ter escrito mas fiquei com preguiça, medo, sei lá.
Sinto saudade da voz do poeta Tiago de Melo.
Sinto saudade do cello de Jaquinho.
Sinto saudade do poema que meu irmão leu em homenagem ao meu pai e que agora não me recordo...Perái, lembrei:
um poeta não precisa escrever ter a capacidade de antever sofrer de amor escorrer lágrimas por amizade parecer desatento mas cuidar de longe, alisar os cabelos do pai mesmo que por palavras não ditas, não escritas um eu te amo num simples:”oi, pai!”
Sinto saudade do Ginho.
Sinto do menino que fui!”.
Aí, emocionado, falei. Eu também sinto saudade, sinto saudade tanta coisa...principalmente da casa que foi meu abrigo, da casa onde vivi com minha família e que o vício me tirou.
Essas sombras que invadem minha sala...São flexões do meu corpo? Ou ações da luz que incide contra mim...Um rastro de tão pouco...
Vendo um jardim da sacada (nada me escapa): as abelhas,
as moscas, os mosquitos se divertem com um carrossel colorido de cheiros e ilusões...
Uma flor sendo cortejada pelo beija-flor que a trata vendo alimento e amor, vendo carinho e a dor de perdê-la, no primeiro bater de asas...
Sob o sol, carências serão reveladas, as árvores da inveja desprenderão folhas e sementes de discórdia, de desatenção...
Depressão por saudade, por vontade de fazer algo, sem ter coragem
Só nos resta arrancá-las, produzindo clarão na nossa floresta de desilusão.
Dentro de mim tenho a vida, os rios, as montanhas, a ferida,
o óbito, a felicidade, os óculos, a mentira, a flor, o maluco...Não me importo com o antes ou com o que virá...Me vejo com tempo para aproveitar. Dentro de mim tenho o mundo a girar, sou cachorro latindo,
menino pedindo, mãe chorando de felicidade, velho namorando a feliz idade, sou o bobo, freirinha namorando o Senhor, acelero a dor da descoberta, sou bombeiro, sou novela, Saavedra de aventuras, sou fartura, sou cisterna cheia, que é vida ou morte, Severina sem sorte
de conhecer seu Romeu, Julieta sem julho, agosto sem outubro,
Sou seu tudo e nada também, setembro sem vintém...enfim...
Tudo está aqui, dentro de mim!
Se eu fosse poeta esqueceria as regras e me prenderia aos sentimentos. Enrolaria breves momentos ao tecido fino da memória
e nunca mais me esqueceria de mim...
...ser poeta...Ser poeta é enxergar poesia na vida. É antecipar o canto do pássaro, inventar o nascimento do pássaro que ainda não cantou, é transformar o canto do pássaro no canto das coisas que ainda estão por acontecer. Ser poeta é voar para viver, viver inventando o sofrer, reinventando-se para tecer com fios de ouro o imaginário do leitor, ajudá-lo a pisar num chão de estrelas caindo, subindo, fingindo não ligar, para tocar o céu com as mãos. Ser poeta é ser deus numa fração, transcender às primeiras intenções. Sou(l) poesia?
Caralho, Noel! Você é um puta poeta!, disse Voem emocionadíssimo!".
Se isso é um conto não sei, mas contei!
"Voem me olhou emocionado e passou a falar, sem parar, durante uma hora e meia, só fez falar e chorar.
”Sinto saudade de um, dois, feijão com arroz, três, quatro, feijão no prato, cinco seis, feijão outra vez, sete, oito, quero biscoito, nove e dez, começa outra vez.
Sinto saudade do tempo em que meu pai me obrigava a esperá-lo voltar do trabalho para recitar poesias que ele tinha feito com a barriga no balcão da farmácia.
Sinto saudade da Mariazinha do bole-bole, peitinho duro, boceta mole, o galo canta meu pau levanta a vaca berra meu pau enterra.
Sinto saudade do cheiro do arroz que minha mãe fazia. Comia, comia, comia sem parar, era de chorar!
Sinto saudade do pirulito que bate, bate, pirulito que já bateu quem gosta de mim é ela, quem gosta dela sou eu.
Sinto saudade dos amigos que já se foram, das peladas na praia, do basquete no clube, das caçadas de passarinhos, coitados prendíamos os bichinhos e ficávamos bobamente alegres.
Sinto saudade de eu vi uma barata na careca do vovô, assim que ele me viu bateu asas e voou, Do,ré,mi,fá,fá,fá do,ré,do,ré,ré,ré do,sol,fá,mi,mi,m,i do,ré,mi,fá,fá,fá.
Sinto saudade de primeiro time é meu segundo time é teu, Andaraí no seu gramado, bola pro mato que o jogo é de campeonato.
Sinto saudade das noites de seresta em que ouvia minha mãe cantar várias músicas da Maria Creusa.
Sinto saudade de escravos de jó, jogavam caxangá, tira, bota, deixa ficar, guerreiros com guerreiros fazem zig, zig, zá..
Sinto saudade da calçada da praia das Flechas.
Sinto saudade do Huguinho, do Zezinho e do Luisinho.
Sinto saudade de Fé, Tête, café, fedo, Fred, Fernandes.
Sinto saudade da canoa virou, por deixar ela virar, foi por causa do Zezinho, que não soube remar...
Sinto saudade da gangue, do Gaguinho, do Bruninho, do Cláudio, do Osvaldo e da Betina.
Sinto saudade do Pai Francisco entrou na roda, tocando seu violão, paradão, dão, dão. E vem cá seu delegado e pai Francisco foi para a prisão Como ele vem todo requebrado, parece um boneco desengonçado.
Sinto saudade do coração de Boceta, do capitão Buraco, do Burackson Five.
Sinto saudade do sapo não lava o pé, não lava porque não quer, ele mora na lagoa, não lava o pé, porque não quer.
Sinto saudade do Ratonildo; do Dudu, Piru e do Carlinhos.
Sinto saudade do meu pintinho amarelinho, cabe aqui na minha mão, na minha mão. Quando quer comer bichinho, com seu pezinho cisca no chão. Ele bate as asas, ele faz piu, piu, mas tem muito medo do gavião.
Sinto saudade de jogar bola e sair na porrada.
Sinto saudade das meninas de saia.
Sinto saudade de torce, retorce, procuro mas não vejo, não sei se era pulga ou se era um percevejo. A pulga e o percevejo fizeram uma combinação, fizeram uma serenata, bem debaixo do meu colchão.
Sinto saudade do cravo brigou com a rosa, debaixo de uma sacada, o cravo saiu ferido e a rosa despetalada. O cravo ficou doente e a rosa foi visitar. O cravo teve um desmaio e a rosa pôs-se a chorar.
Sinto falta de atirei o pau no gato-to, mas o gato-to não morreu-rreu, Dona Chica-ca admirou-se-se do berro, do berro, que o gato deu. Miau!
Sinto saudade da pouca idade, da intensidade que a ingenuidade permite, ver em olhos de piques a vida pulsando a vida me chamando e eu sem medo gritando amá-la.
Sinto saudade de como pode o peixe vivo viver fora da água fria? Como poderei viver? Sem a tua, sem a tua, sem a tua companhia?
Sinto saudade do meu filho e da minha nora que me deixaram num momento delicado, me deixaram com dois anjos para cuidar.
Sinto saudade da inteira coragem que tive que ter para cuidar da Bela e do Rique.
Sinto saudade do alambique do meu vô, que em vão tentou me dar um pouco da branquinha que eu recusei por não saber como dói uma recordação.
Sinto saudade de ir ao Maracá com meu tio.
Sinto saudade do cai, cai, balão, cai cai, balão, aqui na minha mão. Não vou lá, não vou lá, não vou lá, tenho medo de apanhar.
Sinto saudade de tomar banho na banheira da casa de minha vó Diva, para os íntimos, ou gordinha, para meu pai, ou Divanaghy, para todos.
Sinto saudade da minha outra avó Arlete, que era apaixonada por mim e por gim, uísque e outros destilados, a velha era animada e brincava comigo de tocar instrumentos nas minhas costelas.
Sinto saudade de marcha soldado, cabeça de papel, quem não marchar direito, vai preso pro quartel. O quartel pegou fogo, Francisco deu sinal, acode, acode, acode, a bandeira nacional.
Sinto saudade do som das panelas na casa da minha tia Ana, todo ano íamos para São Pedro da Aldeia, e faziámos a maior bagunça.
Sinto saudade do salgueiro entrando na avenida, com meu tio Quincas.
Sinto saudade do mundo, do quadro de Drummond, do menino-passarinho Quintana, do sacana do Vinícius.
Sinto saudade do alecrim, alecrim dourado, que nasceu no campo sem ser semeado. Foi meu amor, quem me disse assim, que a flor do campo, é o alecrim.
Sinto saudade de tudo o que poderia ter escrito mas fiquei com preguiça, medo, sei lá.
Sinto saudade da voz do poeta Tiago de Melo.
Sinto saudade do cello de Jaquinho.
Sinto saudade do poema que meu irmão leu em homenagem ao meu pai e que agora não me recordo...Perái, lembrei:
um poeta não precisa escrever ter a capacidade de antever sofrer de amor escorrer lágrimas por amizade parecer desatento mas cuidar de longe, alisar os cabelos do pai mesmo que por palavras não ditas, não escritas um eu te amo num simples:”oi, pai!”
Sinto saudade do Ginho.
Sinto do menino que fui!”.
Aí, emocionado, falei. Eu também sinto saudade, sinto saudade tanta coisa...principalmente da casa que foi meu abrigo, da casa onde vivi com minha família e que o vício me tirou.
Essas sombras que invadem minha sala...São flexões do meu corpo? Ou ações da luz que incide contra mim...Um rastro de tão pouco...
Vendo um jardim da sacada (nada me escapa): as abelhas,
as moscas, os mosquitos se divertem com um carrossel colorido de cheiros e ilusões...
Uma flor sendo cortejada pelo beija-flor que a trata vendo alimento e amor, vendo carinho e a dor de perdê-la, no primeiro bater de asas...
Sob o sol, carências serão reveladas, as árvores da inveja desprenderão folhas e sementes de discórdia, de desatenção...
Depressão por saudade, por vontade de fazer algo, sem ter coragem
Só nos resta arrancá-las, produzindo clarão na nossa floresta de desilusão.
Dentro de mim tenho a vida, os rios, as montanhas, a ferida,
o óbito, a felicidade, os óculos, a mentira, a flor, o maluco...Não me importo com o antes ou com o que virá...Me vejo com tempo para aproveitar. Dentro de mim tenho o mundo a girar, sou cachorro latindo,
menino pedindo, mãe chorando de felicidade, velho namorando a feliz idade, sou o bobo, freirinha namorando o Senhor, acelero a dor da descoberta, sou bombeiro, sou novela, Saavedra de aventuras, sou fartura, sou cisterna cheia, que é vida ou morte, Severina sem sorte
de conhecer seu Romeu, Julieta sem julho, agosto sem outubro,
Sou seu tudo e nada também, setembro sem vintém...enfim...
Tudo está aqui, dentro de mim!
Se eu fosse poeta esqueceria as regras e me prenderia aos sentimentos. Enrolaria breves momentos ao tecido fino da memória
e nunca mais me esqueceria de mim...
...ser poeta...Ser poeta é enxergar poesia na vida. É antecipar o canto do pássaro, inventar o nascimento do pássaro que ainda não cantou, é transformar o canto do pássaro no canto das coisas que ainda estão por acontecer. Ser poeta é voar para viver, viver inventando o sofrer, reinventando-se para tecer com fios de ouro o imaginário do leitor, ajudá-lo a pisar num chão de estrelas caindo, subindo, fingindo não ligar, para tocar o céu com as mãos. Ser poeta é ser deus numa fração, transcender às primeiras intenções. Sou(l) poesia?
Caralho, Noel! Você é um puta poeta!, disse Voem emocionadíssimo!".
Se isso é um conto não sei, mas contei!
torcidas
o jogo se desenvolve
em times que desconhecem as cores da paixão
todos esperam o fim da partida
para iniciarem-se em orgias
torcidas
em times que desconhecem as cores da paixão
todos esperam o fim da partida
para iniciarem-se em orgias
torcidas
com fissões
onde estão as palavras proibidas?
sinistras?
esquisitas?
monolíticas?
onde estão aquelas a quem cobrirei com confissões
sinistras?
esquisitas?
monolíticas?
onde estão aquelas a quem cobrirei com confissões
aventuras
as palavras cortam como o frio de hoje a tarde
cada vez me interesso menos por tudo à minha volta as letras me sugam formam grossas dobras da espessura de aventuras
cada vez me interesso menos por tudo à minha volta as letras me sugam formam grossas dobras da espessura de aventuras
estrume
em algum lugar
nesse momento
alguém está
querendo mudar de vida
sem saber que nada muda
tudo pó
tudo sólido
tudo cheira
a
estrume de árvore
é só chorarmos
nesse momento
alguém está
querendo mudar de vida
sem saber que nada muda
tudo pó
tudo sólido
tudo cheira
a
estrume de árvore
é só chorarmos
lâmpada
a palavra se gasta
o gesto tem tempo
tudo tem seu mínimo detalhe
o olhar tem encaixe
perfeitos
quando sabemos escolher a hora certa
gênios da lâmpada
ideia
o gesto tem tempo
tudo tem seu mínimo detalhe
o olhar tem encaixe
perfeitos
quando sabemos escolher a hora certa
gênios da lâmpada
ideia
inspiro
andando pelas ruas
num domingo escuro e frio
me dei conta
dum arrepio
que me inspirou a pensar
que o maior problema da vida é não saber respirar
num domingo escuro e frio
me dei conta
dum arrepio
que me inspirou a pensar
que o maior problema da vida é não saber respirar
sangro
alguns poemas me dão raiva
saem sem que eu queira
têm
asas
alam por aí
sem a minha presença
algumas vezes cansam
sangram-me sem saber
saem sem que eu queira
têm
asas
alam por aí
sem a minha presença
algumas vezes cansam
sangram-me sem saber
assado
opino
o pino
fino
deveria
estar
assim
ou
assado
de lado
de banda
de franja
de santa
o pino
sangra
simples assim
assado
o pino
fino
deveria
estar
assim
ou
assado
de lado
de banda
de franja
de santa
o pino
sangra
simples assim
assado
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
verdes dilemas
a terra é azul
e eu com isso!
os marcianos estão verdes de saber disso
e não resolvem a porra do problema
apareçam homenzinhos estranhos
nos salvem dos nosso terráqueos dilemas!
e eu com isso!
os marcianos estão verdes de saber disso
e não resolvem a porra do problema
apareçam homenzinhos estranhos
nos salvem dos nosso terráqueos dilemas!
raivoso
nessa vida tudo acaba sendo feito com raiva
raiva dentro de mim
raiva fora de ti
raiva por querer e não ter
raivar por temer
raiva pela pequena quantidade de inteligência para saber
raiva pela grande quantidade de pequeneza
raivoso
escrevo
raivoso
padeço
raivoso
esqueço
de você e de mim
raiva dentro de mim
raiva fora de ti
raiva por querer e não ter
raivar por temer
raiva pela pequena quantidade de inteligência para saber
raiva pela grande quantidade de pequeneza
raivoso
escrevo
raivoso
padeço
raivoso
esqueço
de você e de mim
terça-feira, 6 de setembro de 2011
pés de pato
a qualidade rara
de uma piscina farta
de águas azuis
exerce uma atração farpa
na minha falha chata
de ser observada
com pés de pato
crus
de uma piscina farta
de águas azuis
exerce uma atração farpa
na minha falha chata
de ser observada
com pés de pato
crus
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
criativ idade
da minha cabeça até a tela do computador as letras voam coloridas
pela vida nelas impressas nos desenhos que invento com olhos de argumento
borboletras
filhas da criativa idade
pela vida nelas impressas nos desenhos que invento com olhos de argumento
borboletras
filhas da criativa idade
domingo, 4 de setembro de 2011
super-HUMANOS
a visão de raio x do super-homem
é a visão de todas as nossas dificuldades em exergar-nos
como somos humanos
super-HUMANOS
é a visão de todas as nossas dificuldades em exergar-nos
como somos humanos
super-HUMANOS
status quo
alguns detalhes de tintas
escapam às minhas retinas
preocupadas que estão em manter o status quo
escapam às minhas retinas
preocupadas que estão em manter o status quo
FrANS
desejo
a coragem do artista
que espera a folha cair
o galho retorcer
que espera as rugas
aparecerem como sinal de vida
a coragem do artista
que espera a folha cair
o galho retorcer
que espera as rugas
aparecerem como sinal de vida
Krajcberg
os livros ensinam?
apenas partes
entalhes do tronco
galhos de árvores
peças para artista plástico
paciente esperando a natureza lhe doar alguma sobra de vida
algumas folhas acabam em feridas
apenas partes
entalhes do tronco
galhos de árvores
peças para artista plástico
paciente esperando a natureza lhe doar alguma sobra de vida
algumas folhas acabam em feridas
ouro de tolo
espremidos pelo tempo
seguimos
rodando em argumentos
normalmente torpes
enganos de amadores
(quem leu o manual de viver?)
os mais afoitos
interrompem coitos
para tentar convencer os outros
como se todos fôssemos tolos
o ouro é só para quem quer tentar descobrir a direção dos nãos
seguimos
rodando em argumentos
normalmente torpes
enganos de amadores
(quem leu o manual de viver?)
os mais afoitos
interrompem coitos
para tentar convencer os outros
como se todos fôssemos tolos
o ouro é só para quem quer tentar descobrir a direção dos nãos
sábado, 3 de setembro de 2011
o carvão
à medida que as letras vão alcançando o poema os olhos desatentos passam a sofrer com o tempo em que as verdades falhas vão sendo mostradas torcendo para que o poeta mostre seus erros esquecendo que são nossos erros o carvão para as letras que solitárias seriam apenas grãos sem chão sem vento sem sol sem momento
perto do álcool
choro, xingo, arroto, minto
pinto, coço, livro, poço
não me importo com opinião
acendo o fósforo perto do álcool para ver suas lágrimas gratas pela desculpa esfarrapada
pinto, coço, livro, poço
não me importo com opinião
acendo o fósforo perto do álcool para ver suas lágrimas gratas pela desculpa esfarrapada
ENfarTes
Enfartes
artérias entupidas de pessoas entupidas com as dificuldades advindas com as besteiras adquiridas com a idade
artérias entupidas de pessoas entupidas com as dificuldades advindas com as besteiras adquiridas com a idade
ArTes
Artes
feitas com as mãos
faço a parte que me cabe
o todo coube no colchão
faço tarde mas faço
não fico invejando solidão
feitas com as mãos
faço a parte que me cabe
o todo coube no colchão
faço tarde mas faço
não fico invejando solidão
adubo
enquanto fingimos desconhecer nossos absurdos ansiando sermos fruto o futuro nos aproxima cada vez mais rápido do adubo
os futuros
enquanto comem, bebem e mentem
alguns dormentes esperam para sempre que a saudade passe grande bobagem a saudade somos nós presentes desejando os passos mal dados temendo os frutos de nossos absurdos
alguns dormentes esperam para sempre que a saudade passe grande bobagem a saudade somos nós presentes desejando os passos mal dados temendo os frutos de nossos absurdos
saldade
de qualquer forma alguma sobra de sentimento estabelece uma esperança de que tudo o que foi vivido continue gerando a fruta de sal, árvore de idade
batida
não é ao tempo a que se referem
esperança e saudade
têm como diferença
a possibilidade da visita
a esperança tem de ser convidada
a saudade entra e bate
esperança e saudade
têm como diferença
a possibilidade da visita
a esperança tem de ser convidada
a saudade entra e bate
instantânea
todo dia preciso me lembrar de rezar
pedindo paciência e esperança
a oração da saudade é instantânea
pedindo paciência e esperança
a oração da saudade é instantânea
salgada
se a crença no futuro é esperança e o sal dos passos da idade é saudade
hoje
é uma crença salgada?
hoje
é uma crença salgada?
salgado
se saudade é o passado sendo desejado
e
esperança é a crença no futuro
por que me salgando continuo acreditando em mim?
e
esperança é a crença no futuro
por que me salgando continuo acreditando em mim?
absurdos
...e não há porque ter saudade aquela semente virou árvore seus frutos são mundos para nós outros: absurdos
saudade X esperança
solidão da lembrança
saudade
sal da idade
olhos voltados para trás
adiante há a esperança por dias melhores
dias sem idade?
dias sem saudade?
saudade
sal da idade
olhos voltados para trás
adiante há a esperança por dias melhores
dias sem idade?
dias sem saudade?
digestão
donde veio a fruta que muda está sofrendo uma mordida da vida? vomito perguntas na cabeça as respostas estão sendo mastigadas
o sol
reflexo do sol exagero de olhos miúdos o mundo é dos que não se furtam a espelhar a própria loucura ensolarada
alimentos
alimento-me do ensejo como a boca do beijo como o dente deseja fartura como os olhos desejam a culpa
Desvios
amigo
quando vir um carro, na Ponte, em zigue-zague
não se espante
é meu carro
desviando da saudade
quando vir um carro, na Ponte, em zigue-zague
não se espante
é meu carro
desviando da saudade
carvão
uma caminhada sem azul
com cinzas de saudade
tudo arde
nem tudo que imita a vida é
arte
sendo capacidade de entrega
do presente
num futuro escrito
passado em ferro de carvão
pedras
da emoção verdadeira
miséria
em olhos fundos
do poço
com cinzas de saudade
tudo arde
nem tudo que imita a vida é
arte
sendo capacidade de entrega
do presente
num futuro escrito
passado em ferro de carvão
pedras
da emoção verdadeira
miséria
em olhos fundos
do poço
margarido
prepare-se
amasse-se
transforme-se
escute-se
acostume-se
aprofunde-se
fecunde-se
margaride-se
amasse-se
transforme-se
escute-se
acostume-se
aprofunde-se
fecunde-se
margaride-se
trigo
o lugar mais perto do infinito
é dentro de um livro
a vida não acaba os conflitos são inícios os meios estimulam segredos e beijos sendo um norte um grão de arroz numa plantação de trigo
é dentro de um livro
a vida não acaba os conflitos são inícios os meios estimulam segredos e beijos sendo um norte um grão de arroz numa plantação de trigo
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
RI(s)COS
coragem de viver a vida com todos os erres, os is, os esses, os ces, os os, os esses da palavra
R
I
S
C
O
S
essa a fortuna do poeta
R
I
S
C
O
S
essa a fortuna do poeta
em planetas
o tempo late em meus sofrimentos
exaspera-me
emperra-me
ajoelha-me
aglomera-se
em mim
que como única salvação
sento e choro em letras
estrelas em planetas
exaspera-me
emperra-me
ajoelha-me
aglomera-se
em mim
que como única salvação
sento e choro em letras
estrelas em planetas
Imprensa do
as letras publicadas
ficam prensadas
durante horas...
pensas
que é fácil
se espremer para lacrimejar?
ficam prensadas
durante horas...
pensas
que é fácil
se espremer para lacrimejar?
Pensamentos
"uma porção de buracos amarrados com barbante, rede" (Guimarães Rosa)
sal e idade, saudade
letras que voam com o simples objetivo de voar, borboletras
ranço de esperança tanta, esperanço
ver o mundo na velocidade de dedos digitando vida, teclusdigitus
pensamentos que refletem olhos rimados, pensamentos em movimento
sal e idade, saudade
letras que voam com o simples objetivo de voar, borboletras
ranço de esperança tanta, esperanço
ver o mundo na velocidade de dedos digitando vida, teclusdigitus
pensamentos que refletem olhos rimados, pensamentos em movimento
artes, partes e enfartes
mistura frenética de vento e pretensões
o tempo não alivia
estimula tensões
letras e canções
são desperdiçadas
no intuito de estancar lágrimas espalhadas
pelas estradas desta vida ingrata em ser do jeito que é
sem perdão sem ilusão sem satisfação
por isso
sexo, drogas e roque em rou
por isso
artes, partes e enfartes
o tempo não alivia
estimula tensões
letras e canções
são desperdiçadas
no intuito de estancar lágrimas espalhadas
pelas estradas desta vida ingrata em ser do jeito que é
sem perdão sem ilusão sem satisfação
por isso
sexo, drogas e roque em rou
por isso
artes, partes e enfartes
Dengos
"uma porção de buracos amarrados com barbante, rede" (Guimarães Rosa)
tempo
o tempo é um instante
entre
um beijo e um segredo
cedo
cedo é o tempo de um ensejo
deixo
deixo é um deixar com dengo
dengo é um barbante sem buracos, sem desterro
tempo
o tempo é um instante
entre
um beijo e um segredo
cedo
cedo é o tempo de um ensejo
deixo
deixo é um deixar com dengo
dengo é um barbante sem buracos, sem desterro
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
pequeninas
esquecido dos romances
voltei a escolher meu destino
menino
nessas pequeninas letras
que perfazem um poema
voltei a escolher meu destino
menino
nessas pequeninas letras
que perfazem um poema
caraminholas
...às vezes é como se numa cidade dessas ninguém ligasse para o que pensamos e olha que todos pensamos apenas alguns ultrapassam o limite do risco e começam a mostrar as caraminholas
Caro Luiz Roberto
Caro Luiz,
Como agradecimento pelo apoio, competência e amizade, arrisco mostrar o manuscrito ("teclusdigitus") do Romance ESPERANÇO. Arrisco porque um romance, como manifestação da vida, nunca está completamente pronto e esse não seria diferente. Sempre pode ser modificado e essa é a humildade do autor que num ímpeto passou a escrever e num átimo deve entregá-lo aos leitores. Espero que você goste e espero, como sempre aconteceu, sua opinião sincera a respeito do meu "ranço de esperança tanta". Abraços, Marco.
Como agradecimento pelo apoio, competência e amizade, arrisco mostrar o manuscrito ("teclusdigitus") do Romance ESPERANÇO. Arrisco porque um romance, como manifestação da vida, nunca está completamente pronto e esse não seria diferente. Sempre pode ser modificado e essa é a humildade do autor que num ímpeto passou a escrever e num átimo deve entregá-lo aos leitores. Espero que você goste e espero, como sempre aconteceu, sua opinião sincera a respeito do meu "ranço de esperança tanta". Abraços, Marco.
Assinar:
Postagens (Atom)