terça-feira, 30 de junho de 2015

365 dias com poesia, 30 de junho de 2015 -- mistério, elemento # 1

mistério, elemento # 1

 ...e o destino acaba sendo uma combinação de fatores tão díspares quanto qualquer outro conceito humano um pouco de sorte somado ao temperamento que deve ter ligação com alguma combinação de DNA mas também será influenciável pela condição externa social do indivíduo e além disso um pouco de mistério mistério sendo aquela vontade extrema de procurar as estrelas mesmo que seja preciso esperar a noite chegar...


(sempre sempre será o mistério a parte mais bonita da vida humana...)

segunda-feira, 29 de junho de 2015

365 dias com poesia, 29 de junho de 2015 -- lágrimas

Eu sou um rio
E rio das correntezas
Porque sei que desaguarei no mar
Doce no sal
Entre rimas e risadas
Sigo
Duro
O caminho curvo que devo seguir
Sigo sendo intransigente com meu destino
De nutrir (me)
E me misturar  (HÁmar?)
Até voltar em...


lágrimas

domingo, 28 de junho de 2015

365 dias com poesia, 28 de junho de 2015 -- lutador

lutador

Engraçado
Os que teimam em sonhar com a imortalidade
Alguns
Acabam imortais
Pelo sentido do que falam e exalam
Flores do tamanho de árvores
Pássaros do tamanho de sentimentos
Que todos trazemos mas tememos
Porque não nos deixam não temer
O medo controla ímpetos de liberdade
Por isso ditadores primeiro prendem os pensadores
Sonhadores profissionais da eternidade possível em vida
Vida difícil sim
Mas

Plenamente possível com punhos, amor e rimas

sábado, 27 de junho de 2015

365 dias com poesia, 27 de junho de 2015 -- Enfado

Enfado

O que dói não é saber que vamos morrer
O que dói é a distância do sonho para a realidade
O barulho do que quero com a placidez do que consigo
O que dói é que no fundo sei que o mundo não quer nada que não seja sujo
Sustos dinheiro imundos pensamentos de incompreensão
Calúnia injúrias difamação

Satisfazem mais do que um tênue sorriso de ilusão em olhos de fado

sexta-feira, 26 de junho de 2015

365 dias com poesia, 26 de junho de 2015 -- devir pictórico

devir pictórico

A Fabian Marcaccio

Num mundo seco
A pintura molha
Conhecimento úmido
Com outras artes naturais
Pó de raízes
Urucum
Cipós
Poesia
Mundo subterrâneo
Quase tudo molhado
Pela chuva de lágrimas

Das necessidades que temos e que sabemos não conseguir

quinta-feira, 25 de junho de 2015

365 dias com poesia, 25 de junho de 2015 -- Entrementes

Entrementes

Entre os homens há poetas, versos entre as ideias
Entre as florestas há cores, flores entre as pedras
Entre as frutas há tangerinas, agridoces entre as rotinas
Entre os fortes há dores, segredos entre os medos

quarta-feira, 24 de junho de 2015

365 dias com poesia, 24 de junho de 2015 -- estátua

estátua

Depois de ouvir Time do Pink Floyd

Por que querer crescer?
Quanto mais alto maior o tombo...
Parado quase sem respirar
Não arrisco incomodar
E fico um bom tempo sem pensar pois sem pensar não preciso me movimentar

Acontece que às vezes gostaria de sentir o gosto do vento
Saber como ardem meus olhos no movimento
E é esse peso que tenho que me faz não acreditar em mim em nada nem em ninguém

Enfim vou seguindo esperando algo alguém outra vida talvez...

terça-feira, 23 de junho de 2015

365 dias com poesia, 23 de junho de 2015 -- florarte

florarte

Parabéns Vinícius, 22 anos.

Filho
“Quando penso em você fecho os olhos de saudade”
Ela machuca e arde mas tem gosto de chocolate
Admiro sua coragem de querer conhecer o mundo
E conhecendo-o se conhecer
Essa a chave de desvendar o duro caminho da vida
Conte sempre comigo e por amar-te

Te ofereço uma flor com sombra de árvore

segunda-feira, 22 de junho de 2015

365 dias com poesia, 22 de junho de 2015 -- choques

choques

 na terra dos homens que buscam medalhas

a palavra era de prata
o silêncio era o que devia existir:ouro!
todo ar de palavras desperdiçado
provocava choques
e ninguém queria viver de choques

toda vez que se abria a boca tinha que se oferecer ou obter uma resposta
quem controlava o processo?
(e se a outra pessoa mentisse sobre o silêncio?)
não pergunte para mim ainda estou espantado com o fato de não ter me dado conta dessa realidade

adormecido?
esquecido?
inibido?
talvez
tantas são as possibilidades
que preciso pensar antes de falar

(talvez responda num próximo poema)... 

domingo, 21 de junho de 2015

365 dias com poesia, 21 de junho de 2015 -- Abstrato Ser

Abstrato Ser

Gostaria
Realmente
De saber
Colorir
Em desenhos perfeitos
Sorrisos em bocas fingidas
Lágrimas em olhos secos
Verdes em esperanças perdidas
Mas
Só sei pintar céu borrado
Com cores de potes de plásticos de
Tintas plásticas de

Um jeito Abstrato de Ser

sábado, 20 de junho de 2015

365 dias com poesia, 20 de junho de 2015 -- terráqueos

terráqueos

O poeta que não quer falar ao mundo
Desculpem
Não devia escrever porque mudo
Temos de saber que somos homens normais porque mortais
Normais na vida real e imortais na vontade de falar as verdades todas tolas que nos ajudam a ter o mínimo de utopia
A vida sem sonhos não engorda e por isso não preenche tudo o que poderíamos ter feito e que acabará com a velocidade dum espirro
Então tussamos vomitemos enfilhemos de vontade de crescer e por nos sentirmos grandes (mesmo que seja de mentirinha) passemos a ser habitantes do nosso planeta

Terra que há de nos absorver 

sexta-feira, 19 de junho de 2015

365 dias com poesia, 19 de junho de 2015 -- Quadro abstrato II

Quadro abstrato II

SIM! O quadro abstrato foi pintado por acaso mas quem foi que correu atrás do acaso do quadro abstrato?

Foi você por acaso?

quinta-feira, 18 de junho de 2015

365 dias com poesia, 18 de junho de 2015 -- sorrisos

sorrisos

A Bernardo Souza, aos 15 anos

Esse menino que chegou com olhos de fado
Agora
Tem sorrisos de carnaval
Sabe afinal que seu lugar é aqui
Junto aos seus sempre soube
Antecipou o sofrer adulto

E agora espera o mundo de cabeça erguida e olhos gulosos

quarta-feira, 17 de junho de 2015

365 dias com poesia, 17 de junho de 2015 -- Mudança de vida

Mudança de vida

Mudo mudei
Mudo fiquei
Cada mudança uma estação
Cada estação uma fruta
Cada fruta um sumo
Cada sumo um alimento
Cada alimento um aumento
Cada aumento um peso
Cada peso um corpo
Cada corpo uma alma
Cada alma uma eletricidade
Cada eletricidade um choque

(de vida)

terça-feira, 16 de junho de 2015

365 dias com poesia, 16 de junho de 2015 -- mentiroso

mentiroso

Quem sente e esconde
Mente para si
E mente tão-somente porque quer mentir não sentir
Se sentisse e não mentisse sofreria sim mas se treinaria sem precisar depois abrir mão de um novo sentimento qualquer que fosse ele
em qualquer momento

quem teme sentir acaba por não viver

segunda-feira, 15 de junho de 2015

365 dias com poesia, 15 de junho de 2015 -- colecionador III

colecionador III

Hoje me interessa mais o fracasso
Saber o tamanho da vontade do fracassado
Daquele que apesar de todas as evidências continuou tentando
Apesar de não saber falar, discursou
Apesar de não saber amar, se apaixonou
Apesar de não saber pintar, se expôs em tintas

Apesar de não saber quase nada, colecionou perguntas

domingo, 14 de junho de 2015

365 dias com poesia, 14 de junho de 2015 -- Saramandaia

Saramandaia

Gesto da alma...

Calma
Estou a falar de poesia
Aquela em que a palavra gera a lágrima
Que define uma direção de vida
Aquela em que as dores passam a ter cores pelo ritmo da dança da vida
Que desprevenidos aprendemos a dançar
Aquela em que homens viram meninos pelos versos

Escritos por meninos que se tornaram poetas para poder voar

sábado, 13 de junho de 2015

365 dias com poesia, 13 de junho de 2015 -- cadAcaso

cadAcaso


ira é o que sinto quando vejo um quadro de lado mal pousado como se estivesse esquecido um quadro que pintei não pode sofrer disto porque aquilo que ali está são meus sentimentos em tinta angústia raiva dor amor tudo o que escrevo tudo o que ainda não escrevi tudo o que li e não entendi imagens da rua algumas que nego nuas sombras coloridas dores todos ninguém rostos cheiros corpos nunca poderia deixar de estar pendurado para poder me lembrar de quem sou e o acaso que encontrei por esforço

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Talvez (Música nova -- Melodia: Tom Marques)

Talvez

A
Quando cai a noite é sinal de um amanhã, talvez
Quando chega o dia é sinal que eu vou te ter, talvez
Se a vida é de incertezas quero ter a certeza de ser alguém

E sendo estar com você  X2

B
Quando cai a noite é sinal de um novo espanto, talvez
Quando chega o dia é sinal que a noite serenou sem

Sonhos que são desejos

Desejos que são emoções X2

Manhã (Música nova -- Melodia: Tom Marques)

Manhã

A
Esta manhã deveria ser única
Nós deveríamos ser únicos também

Esta manhã deveria ser longa
Nós deveríamos ser longos também

B
A falha da vida é que ela acaba
Por isso choramos amamos tão bem

C
Pintamos enfilhamos suamos histórias
Rimamos cantamos desejando histórias


Pintamos enfilhamos suamos histórias

Rimamos cantamos amando os Beatles também

Vitória (Música nova -- Melodia: Tom Marques)

Vitória

 


REFRÃO:

Vamos vencer o sol
rir de nossas certezas

Vamos vencer o sol
esconder as asperezas?

A

Vamos vencer o sol
Vamos vencer com o som
Vamos vencer com as sombras das mentiras

SOLO

B

Vamos vencer o sol
esconder nossas certezas

Vamos vencer o sol
sorrir das aparências

C

Vamos vencer com o som
as sombras das mentiras
Vamos nos proteger       
Vamos nos proteger


D
(Vamos vencer o sol
vamos vencer com o som
vamos convencer todos juntos
o mundo
sorrir de saber X 2)



REFRÃO:

Vamos vencer o sol
rir de nossas certezas

Vamos vencer o sol
esconder as asperezas?

A

Vamos vencer o sol
Vamos vencer com o som
Vamos vencer com as sombras das mentiras

SOLO

B

Vamos vencer o sol
esconder nossas certezas

Vamos vencer o sol
sorrir das aparências

C

Vamos vencer com o som
as sombras das mentiras
Vamos nos proteger       

Vamos nos proteger

Assobio (Musica nova -- Melodia: Tom Marques)

Assobio

A
A noite azul assobiando            X2

Seu nome para mim é um pranto       X2


A noite azul me namorando      X2

Seu nome para mim é um manto       X2


REFRÃO
Em qualquer lugar
Sua voz é um assobio

Me chamando                                    X2



(Convenção com assobio)


B1
A noite azul me namorando               X2

Seu nome para mim é um encanto     X2


REFRÃO
Em qualquer lugar
Sua voz é um assobio

Me chamando                                    X2


B2
A noite sozinha assobiando                X2

Seu nome para mim é esperanço       X2


REFRÃO
Em qualquer lugar
Sua voz é um assobio

Me chamando                                    X2




(Final com assobio)

A voz (Música nova -- Melodia: Tom Marques)

A voz

Agora te entendo
agora também já tenho segredos
ouço a voz do vento
(sua voz fina)
buscando meus pensamentos...

(agora já sei por que escrevo)

agora já consigo chorar
escrever aquelas palavras tão duras
de vidas
desgastadas que para os outros são cascas
e para nós outros
são
Minas... 

folha seca (Música nova -- Melodia: Tom Marques)

folha seca

E da luz
fez-se letra  X2

Nascida
desmascarada
certeza        X2

E da palavra
Fez-se
seca recordação X2

E do choro
fez-se som X2


Da folha seca
Fez-se música
Da minha emoção fiz um som

Perturbado
Por sua chegada
Macia

Extasiante despedida...


E da luz
fez-se letra  X2

Nascida
desmascarada
certeza        X2

E da palavra
Fez-se
seca recordação X2

E do choro

fez-se som X2

Perdão (Música nova -- Melodia: João Raphael Vianna)

Perdão

  concentre a mente no momento presente

concentre a mente no presente                                     X2

presenteie o momento presente com a mente
presenteie o momento presente com a mente       X2

no momento concentre a mente no presente
no momento concentre a mente no presente

ESQUEÇA O FUTURO!

PERDOE O PASSADO! 

Folhas ao vento, poema

folhas do vento
-- Quem fez isso?
-- Foi o vento!
O vento fez a obra de arte? 
Não!
A obra de arte é seu olhar
que percebeu o que o acaso acabou fazendo
sendo uma obra de arte sem suporte
pendurada que está na sua arte de olhar
Marco Plácido

MATA (Música nova -- Melodia: Tom Marques)

MATA

Não sou nem quero ser nada
Quero água brava/ correndo por mim

Não sou nem quero ser guarda
Escorrem lágrimas das minhas mãos          X2


Não sou nem quero ser nada
Que não seja ilusão

Minha natureza bastarda
Se adapta à solidão                  X2

Nanananna/nanananana
Nanananna/nananananna


Não sou nem quero ser nada
Quero água brava/ correndo por mim

Não sou nem quero ser guarda
Escorrem lágrimas das minhas mãos          X2


Não sou nem quero ser nada
Que não seja ilusão

Minha natureza bastarda
Não se adapta à solidão            X2



Não sou nem quero ser nada
Quero água brava/ correndo por mim

Minha natureza bastarda
Não se adapta à consideração  
Aguardente de faca da solidão

Não sou nem quero ser mata         


365 dias com poesia, 12 de junho de 2015 -- Adão e Eva

Adão e Eva

A Angélica Plácido

Colho um sonho
Num dia de jardim de rimas
Rixas são pregos em árvores
Versos são caules de possibilidades
As flores que nascem são lindas porque das cores dos olhares

Que acreditamos quando nos olhamos pela primeira vez

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Oscar Araripe, quadro: Flores. Poema: Poeta das tintas

Poeta das tintas

A Oscar Araripe

...e de repente um poeta das tintas se viu sozinho vendendo ilusão...
Um quadro não é a combinação de tintas tela e solidão?
Não!
Um quadro sou eu olhando o mundo entre flores
Sou eu um homem só não porque sozinho mas porque não ouvido
Duvido quem não saiba o que digo
Duvido que a alegria das cores não seja contagiante
Duvido que minha vontade gigante não passe entre as imagens dos quadros
Que amo que falo que cato na escuridão
Duvido que você não perceba a vida que vivo que pinto que sinto e não queira molhar-se de ilusão
Duvido que a vida não passe de um instante de consideração


Marco Plácido

Marcos Coimbra, quadro: Enjoy the silence. Poema: potência.

potência
No silêncio das linhas coloridas
caminhava um sorriso
do artista
espera-se quase tudo
quase tudo
do que não entendemos do mundo...
engano elevado à décima potência
de ignorância?
não de carência
olhos enfrentando solidão...
Marco Plácido

Jeannette Priolli, quadro. Poema: olho roxo

olho roxo

 A Jeannette Priolli

um olho
olha
navega
num mar verde?
flutua no ar
verde?
um olho roxo
olha roxo?
olha torto?
me vê e enxerga quem sou?
pisca amarelo ovo?
amarelo ouro?
cisma em se jogar na imensidão?
do meu olhar?
do seu olhar?
onde está?
onde estamos?

onde estão?

365 dias com poesia, 11 de junho de 2015 -- pedra de Itapuca

pedra de Itapuca

Estou
Tentando aprender a ouvir
O silêncio
Pressentimento
De emoção
Por escutar
O respiro das ondas
Contando quantas chegadas nas areias da praia...
As histórias dos pescadores dos pecadores dos amores em cordões perdidos
Anéis aflitos procurando dedos que continuem a contar sua história
Que tem sua canção nos suspiros que a civilização não nos deixa ouvir
Sim
Estou tentado a ouvir...


(e, quem sabe, me escutar...)

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Perguntas (Música nova)

Perguntas

Pra onde eu vou
tem papai noel?
Pra onde eu vou
posso falar/escrever
Coisas de amor?

Para onde eu vou
tem amor?
Para onde eu vou
tem pavor?
Para onde eu vou
Eu posso respirar?


Para onde eu vou
Tem vizinhos amigos
Ou esquisitos?

Para onde eu vou
Papai e mamãe
Também podem ir?

Para onde eu vou
Todos vão poder sorrir
Pra onde eu vou
A pomba
da paz pode parir?
                            X2


Para onde eu vou
As crianças podem pular o muro para roubar mangas?
Para onde eu vou
Mangás serão revistas bacanas?

Para onde eu vou
Olhos puxados
Serão apenas olhos puxados?
Para onde eu vou você sabe
Existem buracos?

Para onde eu vou
Qualquer um pode ir?
Para onde eu vou

Quando acabar daqui?

MATA (Música nova -- Melodia: Tom Marques/Letra: Marco Plácido)

MATA

Não sou nem quero ser nada
Quero água brava/ correndo por mim

Não sou nem quero ser guarda
Escorrem lágrimas das minhas mãos          X2


Não sou nem quero ser nada
Que não seja ilusão

Minha natureza bastarda
Se adapta à solidão                  X2

Nanananna/nanananana
Nanananna/nananananna


Não sou nem quero ser nada
Quero água brava/ correndo por mim

Não sou nem quero ser guarda
Escorrem lágrimas das minhas mãos          X2


Não sou nem quero ser nada
Que não seja ilusão

Minha natureza bastarda
Não se adapta à solidão            X2



Não sou nem quero ser nada
Quero água brava/ correndo por mim

Minha natureza bastarda
Não se adapta à consideração  
Aguardente de faca da solidão


Não sou nem quero ser mata          

365 dias com poesia, 10 de junho de 2015 -- Lutador II

Lutador II

Gosto dos poemas fáceis e dos quadros difíceis
Das músicas com melodia se possível com poesia nas letras
Gosto de tempo solar mas que à noite esfrie
Gosto menos de alpiste do que do canto do pássaro
De gatos não gosto e pouco de alguns cachorros
Prefiro a natureza distante para olhar e admirar
O calor me cansa o mar me espanta e a altura não me levanta
Os versos sinceros são certos
As rimas cínicas são ímpares
De vez em quando ando na praia
Quase sempre acabo engordando conceitos
De pirraça consigo alguns abstratos em acrílico que sorrio
E fico pensando
Sem arte a vida seria tão leve e certa que não gostaria de despertar

Para olhar erros como se fossem segredos de ringue

terça-feira, 9 de junho de 2015

365 dias com poesia, 09 de junho de 2015 -- desistência

desistência

Muro invisível quase impossível de ser transposto
Vento de tempestade num corpo frágil e senil
O tempo
Carrasco que me impede de conseguir
Sonhar se torna quase uma infantilidade
Diante da precariedade do corpo doído
Pelas surras de despedidas
Mãos já trêmulas
Lábios já secos
Olhos já opacos

Como resistir à facilidade da desistência?

segunda-feira, 8 de junho de 2015

365 dias com poesia, 08 de junho de 2015 -- Sinal

Sinal

O vento e a chuva em fuga
Fogem de mim
Ou da solidão?
Fogem como fujo do escuro?
Sentimento do mundo tentando encontrar cores
Onde o vento traz dores

Consigo vida?

sexta-feira, 5 de junho de 2015

365 dias com poesia, 07 de junho de 2015 -- bússola

bússola

a memória é âncora ou vela?

só sei que nada sei
mas estamos de frente para o passado...

só sei que nada sei
mas estamos de costas para o futuro...

paradoxo

enxergo o que já passou...
sou cego para o que virá...

a memória é bússola
e me guiará para onde quero acreditar!

quinta-feira, 4 de junho de 2015

365 dias com poesia, 04 de junho de 2015 -- pelicano

pelicano

O problema não são os instantes do voo
O problema maior
É o esforço do pouso!


(Voltar é sempre mais difícil porque voltar é enxergar a altura do tombo)

quarta-feira, 3 de junho de 2015

365 dias com poesia, 05 de junho de 2015 -- cremes e lágrimas

cremes e lágrimas

Quando sujo um quadro de branco
Sujo o quadro de branco do medo
Do medo que sinto sobre tudo
Sobretudo da falta de argumentos
Palavras ao vento que ouço e vejo
De quem quer comprar
Apenas comprar
Um lugar no céu no sol no mar
Esquecendo-se da água fria de nossas lágrimas das perdas que já temos e ainda teremos esquecendo-se de tudo de tudo do nada de nada enquanto fecha fecho os olhos para enxergar o defeito alheio que é nosso...


Ah! se soubéssemos respirar...  

365 dias com poesia, 06 de junho de 2015 -- dançarinos

dançarinos

A Maritza Rodrigues

Pés humildes veem a dança no ar
Olhos pedintes pedem
O espaço do palco imenso
Pelo valor que carrega em seu peito
Juvenil sutil simples significativo
Saiba sempre seremos sãos enquanto alimentarmos a canção do coração

Que dizem bate que digo dança para nos dar vida

365 dias com poesia, 03 de junho de 2015 -- urbano

urbano


A Henri Matisse

"tornar doce e saboroso tudo o que é amargo"
fácil?
doloroso processo
de inclusão
dentro de mim
borbulham desilusão
pavor
credo
estranho sentimento de nexo
perto
e tão difícil de alcançar
a mim mesmo
sendo
humano
e tendo
urbano ouvido de surdo
curto raciocínio absurdo
"se pudesse me isolar seria melhor!"
como?
nunca
(manca ilusão)
não nascemos para provar o gosto amargo da solidão! 

terça-feira, 2 de junho de 2015

Teruz -- Plácido, poema: 500

500


...é preciso dizer tanta coisa...

a primeira que não há regra para ser poeta
lia absurdos
de que um poema não poderia começar com letras minúsculas que nunca poderia começar por reticências
que se não tivesse rimas era prosa
que se tivesse palavrão era troça
lia tanto absurdo
que não escrevia
aí, mais uma vez, a idade me ajudou
quando tive de começar a expurgar alguns sentimentos mal resolvidos
(isso também alguns críticos acham errado)
vi que não podem haver regras numa carreira de sentimento
sim
porque escrever poesia
não é uma carreira literária
apesar de utilizarmos palavras
que muitas vezes ganham novo sentido, ajudando a renovação da linguagem, dizem
esse não é o cerne da questão
o cerne da questão
é a exposição de sentimentos
experiências
momentos
que deixaram e deixam o poeta
perplexo
(um poema é o susto impresso do poeta!)
soltar o verbo
desanuviar o amplexo
e discutir até à exaustão
nossos dramas cotidianos
que aprendemos a fingir não existir
essa é a motivação da poesia
se vai ter valor teórico
como recriação da linguagem
se vai ser um novo patamar nas relações linguísticas
se vai trazer luz à nossa vã filosofia
são outros quinhentos... 

Teruz -- Plácido, poema: Filosóficas dúvidas

Filosóficas dúvidas


Amor é amor, não é poesia, não é Deus?
Deus é Deus, não é poesia, não é amor?
Poesia é poesia, não é amor, não é Deus? 

Teruz -- Plácido, poema: cenário

cenário

pisamos no broto de feijão
pequena amostra da natureza
porque estamos desejando sonhar grande
do tamanho das árvores que de longe estão morrendo
por falta de chuva
por falta de pássaros
por falta de sabermos de que somos nós mesmos que estamos acabando com a natureza

ao desejá-la apenas como cenário

Teruz -- Plácido, poema: a menina

a menina


entre a solidão da dor e do amor
nasce
uma menina
a rima
linda
com os olhos do pai
e os lábios da mãe
chora de fome
como o pai escreve
de fome
o homem some com o medo e produz desejos 

Teruz -- Plácido, poema: Canto II

Canto II

O pássaro canta porque necessita expressar-se para procriar
Não quer fazer bonito não treina o assobio
Apenas canta naturalmente canta para cativar o futuro
Essa nossa esperança


(O canto do artista não é canto é grito do texto suprimido pela tristeza da maldade da indiferença duma sociedade careta que ama os animais que não respondem...)

Teruz -- Plácido, poema: infinito solo

infinito solo

Solo
Cello
Calma
Olhos envoltos em lágrimas

Silêncio
Lembranças
Areia bola
Infância

Joelhos doendo
Garganta doente
Dor de dente

Medo
Medo
Crescendo

Lua crescente
Olhos minguantes
Adulto pensante

Camisas com pingos
Corpo dolorido
Cérebro oprimido

Num dia lindo tudo será finito

Penso e frio sigo sorrindo sem graça...