quinta-feira, 30 de setembro de 2010

GREGOS

Macho

Alfa

Ameba

Beta

Plano

Delta

Time

Gama

Esses gregos...


Abraços, Marco.

ESSA MÃO

De que me adianta

O céu

Azul

Sol

Solto

Abóbora

De que me adianta

A manhã

Quente

o leite

O pão

De que me adianta

essa mão...

solidão


Abraços, Marco.

CORDÉIS

Coroas indignados eriçados ouriços magoados barbado observo a tudo com graça é fácil rir da desgraça alheia indiferença é que nos mantém a todos atordoados de novo o novo é tido como otário fracasso de fracassados imagens desfocadas equivocados mantém o artifício é mais fácil ter opinião sobre o que não entendem desmentem os cordéis os cordões que faço meus versos meus faros como, se fingem não ouvir? sacaneiam dão risadas da própria ignorância que extravagância quanta conto os meses que faltam e olha que faltam poucos fracassam tão bem quanto eu


Abraços, Marco.

CONTÍNUO

Explicado já está

mas

volto a falar sobre esse assunto

Os poetas somos animados

Por termos descoberto o tampão

Emoção e intimidade

Com as letras não podem ser confundidas

Com besteiras de amor

Adolescente

Criança

Ingenuidade

Santa

Clarividência

Evidências de como a vida se comporta a porta aberta para tudo que seja de sentimentos e momentos devem ser vividos e escritos sabemos que para a maioria é difícil senão impossível pois aprendemos a não expor o que pensamos gostamos vivemos e vivemos até a hora que tudo tem que sair e sairá vomitado ou digerido e este é o conflito que o homem não pode negar

fazer o quê? Continuar...


Abraços, Marco.

COMEÇO

Como

escrevo

Muito?!

Lendo?

Não!

Esquecendo...

Todo dia é um novo começo!


Abraços, Marco.

AVOADO

...qual é a sensação

De saber-me lido todo o dia?

...é...

como um passarinho diante de um precipício...

Obrigado a voar!


Abraços, Marco.

ASSUSTADOS

Gullar falou

e é verdade

O poeta é melhor fazendo arte

Fazendo a sua parte

que é reinventar o mundo

nossos sustos é que nos dão o direito de continuarmos nos assustando

e escrevendo sobre tudo o que nos fará sermos um pouco mais assustados e menos ruins


Abraços, Marco.

ALTA COSTURA

Nesse mundo novidadeiro

O que será novidade?

Talvez

hoje

Novidade seja

Algo

Parecido com um clássico

Misturada à linguagem mais chula

Mais da rua...

Como essas roupas de alta costura


Abraços, Marco.

A FALTA

Os músicos

anseiam

por adjetivos...

Enquanto

Espero a falta

De palavras...

(falta de ar

emocionada...).


Abraços, Marco.

INTERROGAÇÕES

um livro muda uma vida? palavras são formas de revolucionar o dia-a-dia? algum poema alguma vez fez alguém se esquecer de trabalhar? algum poeta poderia dizer que parou para pensar em algo que não pudesse ser escrito? existo sem endereço fixo? existo sem um mito? minto quando escrito? minto sobre um rito? posso escrever o que quero ou terei que me preocupar com o aluguel? odeio perguntar mas quero sua atenção então não me furtarei a aplicar minhas interrogações (interrogo ações?)


Abraços, Marco.

SARAMAGO, Poeta

"Recorto a minha sombra..."

Recorto a minha sombra da parede,
Dou-lhe corda, calor e movimento,
Duas demãos de cor e sofrimento,
Quanto baste de fome, o som, a sede.

Fico de parte a vê-la repetir
Os gestos e palavras que me são,
Figura desdobrada e confusão
De verdade vestida de mentir.

Sobre a vida dos outros se projecta
Este jogo das duas dimensões
Em que nada se prova com razões
Tal um arco puxado sem a seta.

Outra vida virá que me absolva
Da meia humanidade que perdura
Nesta sombra privada de espessura,
Na espessura sem forma que a resolva.".

RELEASE

Forma de respirar a vida...

Jeito de olhar...

Destaques de coisas óbvias...

(para quem?)

Escrita sucinta

Com rimas

Algumas vezes

Sem sentido

Pelo menos

Num primeiro momento...

(release da artista: poesia)


Abraços, Marco.

DNA

DNA de Devemos Nos Amar, nunca pensou nisso?! Então, agora você irá entender para que servem os poetas. Somos especialistas em sermos levados da breca de entendermos as coisas em vice e versa, olhamos tudo e vemos aquilo que os outros não vêem, não por falta de capacidade, não"!, por falta de atenção. Como técnicos altamente treinados identificamos os DNAs alterados que impossibilitam o olhar ingênuo e necessário nessa vida de tresloucados. Somos os não-viciados em fingir, por isso, passamos, muitas vezes, por malucos, pois enquanto os outros fingem melhor ou pior -- tentando enganar a quem?, nós somos especialistas na verdade, que até pode magoar, mas traz paz, requisito número um para alguma felicidade.


Abraços, Marco.

SOL ESCREVO

me veio uma imagem imagem de palavras imagine uma coroa um pé um pedal uma bicicleta meio amassada um jardim um balanço uma queda um tamanco imagine um parque que pode ser o mundo para uma criança de colo o colo é um transporte sacolejo forte uma ordem de fechar os olhinhos e dormir imagine um menino rindo um cachorro latindo continue imaginando pedalando com a vontade de imaginar o calor do sol... a força da chuva no telhado...continue imaginando... imagine você em tudo isso...

tudo isso é escrever



Abraços, Marco.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Vale de palavras

desculpem não consigo responder bondade em palavras não consigo citar não consigo recitar declamar então é muito difícil pois o poeta sofre e escreve escreve e sofre não consegue se desvencilhar facilmente das palavras que cairão como pedra num precipício de águas turvas o poeta faz das retas curvas não cita criação cria a citação recria pois todas as palavras são formadas de letras e todas as letras são poemas basta saber catá-las como borboletas foram são e serão caçadas pelos caçadores da emoção de uma rima fácil mas de difícil escrita uma rima é apenas uma rima mas uma vida é uma possibilidade infinita de vidas sendo mudadas pelas palavras



Abraços, Marco.

ORELHAS -- Pensamentos em Movimento

"Foi com grande satisfação que recebi o convite de Marco Plácido para apresentar seu livro de poesias "Pensamentos em Movimento", a despeito da surpresa inicial, por ter sido convidado tão logo fui apresentado ao autor. Surpresa sim, pois o que há de dizer um advogado, não poeta, sobre o Marco e sua vasta obra, pouco conhecendo ambos? Eis que, aproveitando uma das minhas muitas idas e vindas pela ponte aérea Rio-São paulo, aproveitei para me debruçar sobre os seus "poemeus", os quais, como pelo próprio bem advertido, passaram a ser meus, em ilegítima (e prazerosa) "apropriação indébita".

Marco, de plácido, tem muito pouco, ou quase nada. E o título do seu livro -- "Pensamentos em Movimento" -- bem reflete a inquietude espiritual que acomete o seu viver, exteriorizado também pela sua obra poética, onde, mesmo em momentos autobiográficos, percebemos sua verve avassaladora.

É o que vemos no seu "Pensamentos em Movimento", cuja leitura serve de verdadeiro deleita para (in)consciência.".

Paulo Fernando Souto Maior Borges
Advogado Tributarista -- Machado, Meyer, Sendacz e Ópice Advogados

ORELHAS -- Intensaidade

"Palavras que transbordam sensações. Emoções escancaradas sem pudor. Amor, medo, desejo, devaneios. Assim, é composta a poesia com a qual Marco Plácido nos brinda em Intensaidade, seu quarto livro, publicado pela RG Editores. Com maestria, o autor mistura todos esses ingredientes num misterioso liquidificador e o resultado final é um saboroso banquete de sentimentos e idéias.

A poesia tem inúmeras definições. Uma das mais adequadas foi cunhada pelo poeta espanhol Federico Garcia Lorca, ao afirmar que" todas as coisas têm seu mistério e a poesia é o mistério que todas as coisas têm". Marco plácido segue essa linha ao assoprar sua poesia para o mundo. E declara, em Poética: "Escarro palavras sem pudor".

Com belas palavras e diagramação bem cuidada que destaca a composição dos textos, Intensaidade é um livro para ser devorado lentamente, lido e relido, vivido com a mesma emoção com que o autor o criou. Não é apenas poesia a obra de Marco Plácido, mas sim uma composição de elementos artísticos que podem ser visualizados em versos como "Ao pintar/Um quadro de palavras/me ressinto/Da falta de combinação/Das tintas" (Imortais).

Marco Plácido é carioca, graduado em Ciências Jurídicas e pós-graduado em Direito Tributário. No entanto, ele cria e recria baseado em uma única lei: o sentimento. Sua poesia é recheada de amor. Amor pelas pessoas, amor pelas palavras, amor pelo amor. Não à toa, ele dispara em Regador: "Quero regar o mundo de poesia".

Em Intensaidade, nota-se essa busca frenética pelo amor, mesmo aquele já encontrado. Em Ilusão, Marco Plácido escancara sua eterna procura pelo sentimento ao proclamar:"Minha ilusão/Quero vivê-la a dois". Ao lançar sua poesia sobre as cabeças do público, o autor acaba dividindo seus anseios. O resultado é que a cada nova página devorada aumenta a torcida do leitor para que o autor enfim encontre o tão sonhado amor.".

Lara Fidélis
Jornalista e escritora

ORELHAS -- Declamador de Sonhos

COTOVIA SEM RIMA

Pode um poema mudar o mundo?

Com este Declamador de Sonhos, quarto livro de uma inquieta produção poética, Marco Plácido expressa que a poesia não se rende a manifesto algum. É, ela própria, o Manifesto maior de aprender a acreditar em sonhos impossíveis, de saber o fim / sem ter visto o início.

É esse vibrante cariz naïf que faz com que a poesia se desnovele num autêntico teclusdigitus: Sem muita frescura / Punk atitude / Marra carioca, no Ritmo da fera que não teme assumir seus insensatos e muito “A gosto” sabores do (Im)próprio Amor – reverberando tal clóvis ébrios de si mesmos nos antigos carnavais da Terra de Araribóia.

Nessa estante do nosso sentir, Plácido leva-nos através de ecos (sub)jazz(scentes) a uma variedade, digamos, de tradições-improviso, que retomam o gauche drummondiano, mas enraizado na releitura do mundo a partir dos clichês da vida cotidiana, abertamente confessional e flertando com seus limites na forma de uma cripto-paródia modernista, como nos insuspeitos versos do poema “Ancião” ou na fina trama do não menos insuspeito “Amor Esquecido”. Há também espaço para a memoralística de “Perguntas para Tetê” no qual a felicidade de hoje interroga a de ontem sobre as saudades que permanecem; nos vestígios meta-poéticos em Apenas pela vontade de mudar / Não se importando com a direção de “Manifesto-Poesia”; na incipiente visão social de “O Estofador”; ou na confissão de “Outro Como”, onde é inequívoco o sentimento de aprendizado daquele que não se entrega porque não consegue sentir; também presente na beleza rítmica dos versos de “Enigmático”, em que o poeta febrilmente interroga ... Quem comandará / Nossa direção... / para o agitado / final / do nosso / tempo.

Assim, nos deparamos ante uma pungente poética em formação que prima pelos tostões reflexivos sem rodeios. Nessa mirada, a canção da cotovia é a poesia sem rimas; se elas lá estão, talvez seja para nos lembrar do poder de nossas “Desvantagens Categóricas” .

Maria Isabel Oliveira Fróes Cruz

Bacharel em Letras e Tradutora

terça-feira, 28 de setembro de 2010

MAGOS

somos pretensão o pássaro faz o ninho por instinto nós somos apenas o princípio de um sonho somos gomos de uma fruta ímpar a planta carnívora devora sem saber bem o porquê até mesmo ela própria muita vez do pó viemos ao pó voltaremos certos ou errados duendes ou magos inteligentes ou tatuados conscientes ou encarcerados todos somos uma mistura de capacidade e pretensão se ficamos parados onde acham que devíamos não melhoramos se aceitamos o previamente estabelecido não voamos a quem escutar? Com quem contar? Somos árvores ou gaivotas?


Abraços, Marco.

SEMPRE PESSOA

Mais um trecho do "Livro dos Desesperados" do genial Fernando Pessoa:

"O campo é onde estamos. Ali, só ali, há sombras verdadeiras e verdadeiro arvoredo.

A vida é a hesitação entre uma exclamação e uma interrogação. Na dúvida, há um ponto final.

O milagre é a preguiça de Deus, ou, antes, a preguiça que Lhe atribuímos, inventando o milagre.

Os Deuses são a encarnação do que nunca poderemos ser.

O cansaço de todas as hipóteses...".

Abraços, Marco.

fantoche

Parei de correr

Admito o tempo não me pertence

Não sou ventríloquo

Sou fantoche

Estou preso a ele

É dele a vontade de me fazer continuar

Admito

por mim

Não quero parar

De continuar

A espelhar

Verdades e mentiras

Aqui nesse retângulo virtual

Esbranquiçado

Vez por outra manchado de sangue

Cinza

Porque único possível

Escrever é como a vida

Só escrevemos o que é possível ser escrito


Abraços, Marco.

CÍRCULO

Todas as vidas são inventadas

Todos os dias

invento uma palavra

Todo dia faço uma rima com seu nome

Soletro letra por letra

Pintando-o de prata

Todas as letras gostam das palavras

Não esqueço disso

E por isso

Todos os dias escrevo

Mesmo na areia da praia

Um poema tem seu lugar

Mesmo apagado é lambido

Mesmo apagado é querido

Mesmo que não tenha

Oficialmente existido

Foi gerado

E dele

Sou

Pai filho espírito

Um poema

É

Uma combinação de vidas inventadas


Abraços, Marco.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Cheiro de chuva

ouvi que sou corajoso
como?
se faço por absoluto egoísmo
se não escrevesse
já tinha mentido para mim e
pulado fora
sabe a que horas tudo acaba?
nunca!
porque não é de palha
não é uma farsa
é a mais pura verdade
meus versos são
uma continuação de mim
são reflexos
de uma imagem
num espelho encantado
por rimas sinas minas
de todos os lugares do mundo

...a tempestade caindo...

...aquele cheiro de chuva na terra...

minha poesia...

Abraços, Marco.

QUEIMADURA

faço rindo mas sério isso não é remédio ninguém deve achar que deve chorar ou ser triste para ser considerado considero isso tudo uma grande bobagem faz cara de que sabe faz mas quero ver o enredo quero ver a cor de sua vontade ninguém consegue enganar a mocidade eles já nascem sabendo nós é que ensinamos o erro de não termos coragem de tentar nós é que queremos magoar por excesso de medo nos deixamos apagar venha com seu carvão que eu lhe transformo em chama venha se queimar



Abraços, Marco.

domingo, 26 de setembro de 2010

Caminhando e rimando

nenhum olhar atravessado nenhuma lei nem a do silêncio nenhum carro nenhum engarrafamento nenhum emprego nenhum desemprego nenhum sim muito menos um não nenhum montão de coisas ruins nenhuma crítica mesmo que fosse elogiosa para os contrários nenhum aflito comentário errado nenhum podia ser melhor nenhum Bon Jovi nenhum fresco som da garotada que ainda não sabe que está errada nenhum zero nenhum universitário seja forró seja sertanejo nenhum realejo nenhum filho de famoso nenhum colosso de osso nenhum bando nenhuma banda nenhum armário nenhuma gravadora equivocada...


Abraços, Marco.

ESPÓLIO

Sabe qual é a diferença entre arte figurativa e conceitual? Ver que o artista controla suas pretensões, administra o que deseja demonstrar ao espectador, conseguindo, mesmo que em pitadas, passar suas angústias para o meio físico: papel, tela, pedra etc. É esse conceito da própria obra de arte como verdade fundamental do artista que será admirado muito tempo depois da sua vida física. Portanto, apesar da vaidade de ser reconhecido no seu tempo não deve haver ansiedade, pois a verdade um dia aparecerá e certamente será apropriada a quem de direito.


Abraços, Marco.

EXPLICAÇÃO

Faço poemas novos por pura preguiça preguiça de ter que procurar n'algum lugar onde estão aqueles de que gostava agora há pouco é mais fácil seguir em frente do que ficar a lembrar recordar doi e ninguém está aqui para sofrer esquecer é menos doloroso por isso continuo escrevendo...



Abraços, Marco.

Poetas Portugueses 1

Lendo um livro de Poesia Contemporânea Portuguesa deparei-me com:

"GOTA DE ÁGUA

Eu, quando choro,
não choro eu.
Chora aquilo que nos homens
em todo o tempo sofreu.
As lágrimas são minhas
mas o choro não é meu.". (António Gedeão, em Movimento perpétuo)


"MANHÃ

Como um fruto que mostra
Aberto pelo meio
A frescura do centro

Assim é a manhã
Dentro da qual eu entro". (Sophia de Mello Breyner Andresen, em Livro sexto).

Abraços, Marco.

No mundo

Poemas não são bebês já nascem adultos da mistura de indignação e emoção o poeta cospe vomita poesia por não haver outra alternativa do esgoto faz arte esse o segredo da obra de arte como antenas somos instados a lutar uma revolução branda perto da carnificina vista nas guerras de corpos por dinheiro e petróleo (como se não fossem a mesma coisa) branda mas revolução mesmo sabendo que nenhuma palavra irá mudar o mundo tentamos mudar o mundo por palavras ingenuidade que nos destaca e marca transformando nosso mundo no mundo nosso


Abraços, Marco.

UM LEITOR

Desde que comecei...
emociono-me ao quadrado
aos quintos
dos infernos muitos já mandei
um terço de vida
economizei
três quartos
já foram usados
com armários
para guardar os milhares
de livros que estão aguardando
um único leitor:
você


Abraços, Marco.

sábado, 25 de setembro de 2010

SILICONES

ter a sensação de ter feito um poema bem feito
é a felicidade
de achar que a vida pode dar certo
mas...
como dar certo?
se escrevo torto
por linhas que nem tortas são?!
escrevo por linhas virtuais
como a vida da maioria...
pessoas que fingem...

cabelos com tintas dentes com jaquetas silicones estéticos adereços
externos, jóias e roque em rou

me respondam:
como um poema pode dar certo?!

Abraços, Marco.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

MELECA

Instinto matador de cantor ouvi isso de um menino de cinco anos e anos foram precisos para que chegasse assim desse jeito que quase todos criticam bobagem todos sempre criticam tudo sempre poderia ser melhor não é mesmo?! tanto tempo desperdiçado... quando fico olhando os outros e não sou platéia é inveja sentimento que não nos faz melhorar o tempo em que esqueço de mim para olhar a meleca da vida alheia poderia começar a cantar meu encantos são tantos...


Abraços, Marco.

Álbum

Por que escrevo sobre o tempo?
todos os poetas escrevemos
escreveram e escreverão
o tempo
é a pimenta da nossa poção
mágica
sensação
de nos acharmos imortais
aliás
os que almejam
a fama presente
se esquecem que só
os que trabalham no fio da navalha um dia sairão
bem na foto
com cabelos molhados
no álbum dos destemperados

Abraços, Marco.

Trinta

...trinta segundos...
dura um beijo?
trinta minutos
um segredo?
trinta dias
sem dinheiro
dura quantos dias?
e
trinta anos?

foi-se o tempo...


Abraços, Marco.

TREMOR

A angústia do conhecimento...
conhecimento da coisa que mais tememos
não falo
porque tremo
me escondo de mim mesmo
quando penso...
toda a angústia criativa
vira poesia
seja ela falada escrita
pintada ou esculpida
todos somos artistas
somos poetas
da vida vivida
basta que não esqueçamos
de que iremos...
iremos...
morrer!

Abraços, Marco.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

SOLTEIRA

Não leio filósofos
os poetas me bastam
leio as entrelinhas
e as rimas
me animam
a continuar
aliás
sempre me animaram
a olhar o mar
e da janela de casa
solteira
me soltar
a cheirar
o sal o céu
de obtusas nuvens
que também me bastavam

agora aprendi
que o mundo é meu
e por isso
rimo


Abraços, Marco.

PESSOA FOREVER!

"Regra é da vida que podemos, e devemos, aprender com toda a gente. Há coisas da seriedade da vida que podemos aprender com charlatães e bandidos, há filosofias que nos ministram os estúpidos, há lições de firmeza e de lei que vêm no acaso e nos que são do acaso. Tudo está em tudo.
Em certos momentos muito claros da meditação, como aqueles em que, pelo princípio da tarde, vagueio observante pelas ruas, cada pessoa me traz uma notícia, cada casa me dá uma novidade, cada cartaz tem um aviso para mim.
Meu passeio calado é uma conversa contínua, e todos nós, homens, casas, pedras, cartazes e céu, somos uma grande multidão amiga, acotovelando-se de palavras na grande procissão do Destino.".


Abraços, Marco.

DUAS FRASES

Duas frases definem toda a nossa vida: Podia ser melhor (PSM) e Foda-se (F-se)!
O show está bom mas...PSM ou F-se!
Não gostei da sua atitude...PSM ou F-se!
Niterói está muito mudada...PSM ou F-se!
Fulana está tão magra...PSM ou F-se!
Os poetas da geração mimeógrafo são...PSM ou F-se!


Abraços, Marco.

ALICE

À Quintana

Para a escola levo a vida
da escola
trago a cola
de amizades e sabedorias
passadas
são
pés andando
n'alguma direção
nunca devemos nos dizer não
o futuro
é feito de sins
pirilipimpins
voemos para a Terra do Nunca
onde seremos eternos Peter Pans
na criativa ilusão de crianças
sem coelhos
de Alice
para nos lembrar do tempo vivido
triste
porque perdido
sem brincadeiras
adultas

Abraços, Marco.

MÁRIO QUINTANA


Só um lembrete do Quintana ...

'A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já passaram-se 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado.
Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas.
Desta forma, eu digo:

Não deixe de fazer algo que gosta, devido à falta de tempo,

pois a única falta que terá,

será desse tempo que infelizmente não voltará mais.'

Mário Quintana

Árvore ou Imagem

Dois corpos em movimento geraram um sonho um menino roxo logo falou e se comunicou pelas bochechas avermelhadas fazia um sucesso era o terror da praia andou cedo e aproveitava todos os momentos que pudesse passear na escola brincava sem parar tinha aos cinco uma namorada de nome Fernanda nanda não ficou sem flores num dia em frente à Igreja encontrou com o irmão pedindo esmola aos dez já dava aula de como fazer novos amigos e a vida seguia sempre na praia cercado protegido pela sombra das árvores aos trinta já casado mudou-se e havia uma árvore no seu caminho no meio do terreno em que iria construir sua casa havia uma árvore sem saber o que fazer resolveu sentar e escrever um poema que pudesse lhe ajudar a responder a questão: árvore ou imagem?



Abraços, Marco.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

PANTERA

Como uma pantera
encontrando um obstáculo
arisca
insaciável
nos planos de ataque
arranha as unhas e parte
sem pensamentos
puro instinto
à presa abatida
só resta os últimos suspiros de iniquidade


Abraços, Marco.

AR FRESCO

todo dia te vejo te desejo aberta como uma janela sorrindo para mim todo dia o pão com manteiga me lembra a padaria a tarde depois da praia cabelos molhados me lembram água salgada chego a sentir o cheiro da época de boas socas ondas me empurrando de volta para a areia que ainda era clara ajudava os pescadores a puxarem as redes e via os peixes pulando não desejando ar fresco todo dia me lembro...

é essa memória de janelas amarelas que estou pintando para mim


Abraços, Marco.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

PÁRA-LAMA

PÁRA-LAMA

à Bukowski


todas
todas
me querem
todas
as letras
as palavras
são
mulheres
me servem
e eu servil
continuo
tratando-as como colheres
apoio para meu farnel
de palavrões azuis
sujo uma melodia de blue
estico suas vidas no papel
faço delas o azul
o azul
do Deus que trago em mim

não me engano
me fiz assim
como Bukowski
aprendi
a olhar minhas entranhas
nas esquinas
ensinei-me beijando lama...

sem sucesso
mas sigo
íntegro na necessidade ímpar
na canalhice simples de um bêbado

em goles
engoli seus segredos

Abraços, Marco.

BUKOWSKI 2

"Carta do Norte

meu amigo escreve falando de rejeições e editores,
e conta sua visita a K., ou R., ou W.,
e pergunta se estou na S., número 12, que ele
tem um poema nela
e T. escreveu da Flórida
mas recusou seus poemas; R. dorme na tipografia
e T. o criticou impiedosamente...
encontrou o editor da revista X. na rua,
e o editor parecia que tinha levado um chute nos colhões
no momento em que ele o identificou
e pediu sua opinião sobre os poemas;
é bom imprensar esses caras de vez em quando,
dar uma escovadela neles;
as agências de publicidade esqueceram dele, e W. está
demorando demais para ler o livro, ganhou só cinco
pratas para ler no Unicorn,
telefonou a K., da revista W., parece um bom sujeito;
e acha que acabou com R.;
manda uns recortes para que eu me divirta;
seu nome numa coluna de jornal;
vai ter que telefonar para R. de novo; S. está lecionando
na universidade
e ele não aguenta ir; M. é homo,
C. não é capaz de se decidir e P. está louco com ele
porque ele bebeu cerveja na frente de N.
só cartas de recusa, mas ele sabe que sua produção é boa.
L. escreve lá para pegar um maço de Pall malls emprestado,
o puto o deixa
doente, sempre se lamentando...
B. escreve dizendo que P. está com problemas, é preciso
esquematizar
uma ajuda;
terrivelmente desanimado. dinheiro nem para os selos.
morto sem selos. escreva-me, ele diz,
estou na baixa.

escrever para você? meu amigo, sobre o quê?
eu só me interesso
por poesia.".

Abraços, Marco.

Formigas!

Grande sacrifício não acreditar em Deus! A quem culpar por nossos erros? Nossa humanidade? Como nos virar sem a crença de que teremos nova chance? Que com um pouquinho mais de tempo seríamos seres humanos melhores. Ajudaria se pensássemos que poderíamos voltar baratas, correndo o risco de sermos pisados por uma criança no recreio da escola?A coragem de sermos ateus poucos têm! Mesmo que fingindo, é mais fácil acreditar em Deus-todo-poderoso, criador do céu e da terra. Isso ameniza nossas imperfeições, nossa vida de formigas!



Abraços, Marco.

RENAS

livros são páginas ou enganos? alguém aí quer me responder?! cansei de falar comigo mesmo, algum de vocês pode colocar um dedo para ajudar no laço? esse presente é uma resposta ao passado é uma proposta para o futuro colocarei várias meias penduradas no fim do ano objetivando um maior contato com o bom velhinho prometerei limpar o cocô das renas serei um bom garoto escreverei tudo que todos os críticos querem ler não escreverei nada que eles não consigam escrever (será que estou no caminho certo?) me digam vocês a esperança é uma página ou um engano?


Abraços, Marco.

DE GATO

..e aqui ainda há esperança ouço caminhões buzinando esperando a hora de descarregar crianças passam com roupa de piscina de mãos dadas com as mães afobadas com as obrigações do lar um camelô vende frutas na esquina outro churrasquinho de gato nem o miado alunos uniformizados estressados tentam estudar cheiro de comida no ar abre meu apetite famoso por me acompanhar a toda hora pássaros cantam mas não são ouvidos o barulho dos carros não me deixa pensar como irei acabar...como irei acabar?



Abraços, Marco.

HUMILDADE

todos são parte de uma obra de que não sei o tamanho o que sei é que está sendo construída dia-a-dia essa a importância do gerúndio nas nossas vidas ir em frente seguindo que é a única coisa que podemos fazer: perdemos um filho, sigamos! de um acidente nos restou uma perna, andemos! sem visão não podemos ler, ouçamos! só temos papel de pão para escrever, rimemos! se nosso único bem é estarmos vivos, vivamos, até a última consequência, essa a verdadeira humildade, terminar sem saber como será o fim



Abraços, Marco.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

CHARLES BUKOWSKI

"Uma Palavrinha sobre os Escrevinhadores de Poemas Rápidos e Modernos

é muito fácil parecer moderno
enquanto se é na realidade o maior idiota
jamais nascido;
eu sei: eu joguei fora um material horrível
mas não tão horrível como o que leio nas revistas;
eu tenho uma honestidade interior nascida de putas e hospitais
que não me deixará fingir que sou
uma coisa que não sou --
o que seria um duplo fracasso: o fracasso de uma pessoa
na poesia
e o fracasso de uma pessoa
na vida.
e quando você falha na poesia
você erra a vida,
e quando você falha na vida
você nunca nasceu
não importa o que digam as estatísticas
nem qual o nome que sua mãe lhe deu
as arquibancadas estão cheias de mortos
aclamando um vencedor
esperando um número que os carregue de volta
para a vida,
mas não é tão fácil assim --
tal como no poema
se você está morto
você podia também ser enterrado
e jogar fora a máquina de escrever
e parar de se enganar com
poemas cavalos mulheres a vida:
você está entulhando
a saída --
portanto saia logo
e desista das
poucas preciosas
páginas.".

Abraços, Marco.

OVER AND OVER

um bebê sem culpa irá nascer sem culpa alguém consegue viver? temos tudo mais do que precisamos e insistimos em querer mais e mais over and over como as músicas em inglês preciso só de um par de olhos de sapatos de remorsos não tenho mais armários para colocar minhas camisas de marcas são escaras sob a dura pele escura cicatrizes advindas de um ato mal interpretado que ator precisa aprender? somos ou não somos não há outro modo de viver



Abraços, Marco.

domingo, 19 de setembro de 2010

VÍDEO (Música: Contra)

NA MENTE

imediatamente pico
insistentemente fico
angustiadamente resisto
alucinadamente antecipo
acaloradamente modifico
satisfatoriamente minto
momentaneamente melindro
simplesmente espirro
vagarosamente erudito
finalmente escrito
deliberadamente fino
politicamente sorrio

Abraços, Marco.

O PERIGO DA PROXIMIDADE

Um amigo me perguntou: "Marco, é assim mesmo? Nos intervalos das músicas vocês ficam brincando? Isso não é um erro?"

Isso me levou a pensar como queremos tudo perfeito, como queremos não errar?!

Um show nada mais é do que a continuação da vida, apesar de naquele momento se pretender o irreal é real! Se o cantor estiver passando mal, com dor de barriga que seja, não tem como ser igual ao dia em que ele sabe que será agraciado com um disco de ouro pela vendagem acima de tantas mil cópias, tudo é parecido mas totalmente diferente.

A própria platéia tem dias que está mais quente, dependendo do Estado, o estado das coisas muda, em Niterói o público é mais difícil do que no Rio (ainda me pergunto por quê?). E a vida segue nos iludindo que tudo irá melhorar com o tempo...

Esse o perigo da proximidade... Por exemplo, não ficamos bisbilhotando a cozinha do nosso restaurante preferido, ficamos? Com o prato na mesa sorvemos a comida com grande satisfação sem nos darmos conta da confusão para o apronto final da iguaria.
A platéia próxima ao palco também nos dá a medida do perigo. Fica muito mais difícil fazer o show alçar voo, pelo simples motivo que a proximidade aumenta a intimidade e intimidade é fogo, gera problemas ou filhos!

Tenho dito!

Abraços, Marco.

PESSOA SOA

Mais uma do bardo português:

"...Ninguém, suponho, admite verdadeiramente a existência real de outra pessoa. Pode conceder que essa pessoa seja viva, que sinta e pense como ele; mas haverá sempre um elemento anónimo de diferença, uma desvantagem materializada. Há figuras de tempos idos, imagens espíritos em livros, que são para nós realidades maiores que aquelas indiferenças encarnadas que falam connosco por cima dos balcões, ou nos olham por acaso nos eléctricos, ou nos roçam, transeuntes, no acaso morto das ruas. Os outros não são para nós mais que paisagem, e, quase, sempre, paisagem invisível de rua conhecida.
Tenho por mais minhas, com maior parentesco e intimidade, certas figuras que estão escritas em livros, certas imagens que conheci de estampas, do que muitas pessoas, a que chamam reais, que são dessa inutilidade metafísica chamada carne e osso. E "carne e osso", de facto, as descreve bem: parecem coisas cortadas postas no exterior marmóreo de um talho, mortes sangrando como vidas, pernas e costelas do Destino.
Não me envergonho de sentir assim porque já vi que todos sentem assim...".

Abraços, Marco.

CRÍTICAS

Como temos nossa prosódia, sotaque e som de voz, os poetas também têm seu jeito peculiar, cada qual apresenta seus argumentos e mentem (obrigado, Pessoa) de um jeitinho especial, não há como querer comparar.

Podemos, sim, ter opinião sobre o trabalho de cada um, isso é bastante natural, e o mais fácil, pois opinião não tira pedaço! É como se disséssemos num grupo de locutores que fulano tem a voz mais bonita do que sicrano, na verdade, essa, uma simples opinião.

Respeito todas as opiniões emitidas sobre o meu trabalho, mas também não deixo de dar opinião sobre as opiniões. Engraçado é ver a reação dos opinantes. Normalmente se vêem com dificuldades de aceitar uma opinião diferente da sua! Ora, se podem criticar não podem ser criticados?!


Abraços, Marco.

sábado, 18 de setembro de 2010

UM SHOW PEQUENO

Um show pequeno tem tantas armadilhas, tantos aspectos para que dê errado, que ensina mais do que um show grande. Senão vejamos?: não há distância entre palco e platéia, quando existe palco; as pessoas que estão assistindo estão entre familiares e amigos, o que pode ser um risco em função da intimidade; não há iluminação, muitas vezes também não há acústica e por aí vai. Bom, tantos detalhes que já não podem ser mais chamados de detalhes. E tudo isso conta contra o bom espetáculo! Concluindo: se mesmo assim o show for bom, imagina quando estiverem presentes as mínimas condições?!...


Abraços, Marco.

FOTO (Rascunhos Poéticos, de 14.09.2010)

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

FOTO (Rascunhos Poéticos, em Julho de 2010)

PÓS EM APÓS

Após a ameba, ao nascer, após a catapora, aos oito, após o braço quebrado, aos dez, após a fimose, aos doze, após a apendicite, aos quinze, após a peritonite, aos dezesseseis, após o enfarto, aos vinte e seis, após a morte, aos trinta e dois...passei a escrever aos quarenta e dois



Abraços, Marco.

PECADO

No início todos achavam que estava louco agora têm certeza... louco é sinônimo de corajoso ou de quem rasga dinheiro e come merda será que acreditam que acredito em duendes? será que ninguém consegue imaginar que não há psicografismo não há amadorismo ninguém pode ver o que resta claro alguns aprendem vivendo alguns do tombo conseguem criar algum passo algum passado não ajuda? só a alma explica? só a alma ensina? só o corpo machuca? o corpo sofrendo não pode proporcionar algum tipo de fruta ou o corpo só serve para pecar?


Abraços, Marco.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

DESCONHECIMENTO

O que sabemos sem saber que sabemos é intuição? o que escrevemos quando temos que escrever é o quê?muitos necessitam saber de coisas que poucos podem responder e assim a vida segue antigos escritos de antigos poetas não sumiram, ficaram porque foram aprovados? pergunto por não saber? ironia? rima rica? desconheço palavras que alguns têm como regras desconheço o sabor do azedo desconheço o medo desconheço seus fomentos desconheço incrementos desconheço tanta coisa e... por isso escrevo


Abraços, Marco.

BAMBA

Risco rico chão da praia areia carregada em meus pés cheiro de maresia meu perfume o pôr-do-sol é um azedume nas retinas cansadas com lágrimas guardadas em vivências que ainda não se transformaram em memórias camisas são salinas d'alma botões pedras do caminho percorrido as calçadas da praia como calças brancas e pretas Copacabanas noites escorrem nas mãos de samba enredos são cordões do tênis bamba coloridos vestidos acompanham essa alegoria rítmica que sou


Abraços, Marco.

CANASTRÕES

...no final das contas o ser humano é uma animal que aprendeu a fingir, nos treinamos em mentir, para nós mesmos, inclusive -- e o que é pior nos satisfazemos com burrices: o sanduíche com mais gordura, a pipoca mais salgada, o livro com menor número de páginas. Somos animais espertos e traiçoeiros...adoramos torcer pelo mal alheio, quer uma prova? Na Ponte Rio-Niterói geralmente o trânsito não flui dum lado quando o acidente é do outro...grande platéia de treinados e afobados espectadores, todos somos grandes atores, disfarçadores de medos e emoções, somos candidatos ao Oscar... de canastrões


Abraços, Marco.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

De uma orelha nasce um poema?

De uma orelha nasce um poema? Nasce como do mato nasce mato como do circo nasce o palhaço de uma orelha nasce a música que ninará um solitário sem peixe para quê um aquário? ninguém infelizmente fica olhando o nada com água as ondas do mar se vão sem sal é doce minha ilusão dum poema lido menino aflito em perigo pelas verdades uma orelha amolece serenidades molhadas são todas as lágrimas carne viva trágicas como trapézios sem redes como búfalos sem manada como letras sem um poema... que pudesse... me ajudar a suportar... o fim.




Poema em homenagem ao poema do post anterior. Abraços, Marco.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

ORELHA

Orelha feita pela poeta Helena Ortiz para o livro "Melhores Poemas de BUKOWSKI -- Tradução de Jorge Wanderley"

"O que move a mão do descrente? Amar com gesto de planta e montanha, agarrar a rocha, estender a mão ao raio e, coração aceso, repousar no colo das meninas. Caminhar pelo deserto povoado de audácias e erros. Caminhar sem tréguas, sem esquecimento, de pólvora moldado, e constuir, nas artes da colagem, a alucinada humana essência.
Tudo é carne viva, e por isso Jorge Wanderley nos traz agora esse Bukowski, bebedor do mesmo ácido sombrio, habitante das sombras por afinidade, sem qualquer traição. Antes morrer todos os dias. Antes palavras ásperas, tropeços, pileques patéticos e trágicos e tanta morte nesses mergulhos -- adiamentos. Buracos sombrios e mutilação, anestesias que não permitem esquecer a revolta com o imperfeito em cada altura, mesmo com a salvação disponível no pomar das palavras. Dessa obra de carne tantas vezes morta, tantas vezes aviltada, a alma de Jorge Wanderley dá sinal, agente infiltrado, escolhido pelos deuses para louvar a poesia, como se dissesse: estou de novo aqui, como sempre estive, vivendo ainda, o mesmo rigor nessa virtude, a mesma adoração da juventude, do tempo do Gráfico Amador.".

Abraços, Marco.

100 CENS

Sem voz

Não falo

Sem mãos

Não afago

Sem olhos

Não choro


100 falos

Por que voz

100 afagos

Por que mãos

100 choros

Por que olhos


Abraços, Marco.



VERBORRÁGICO

Li num filme vi num livro ouvi no teatro telespectei no Cd assisti na internet conversei como papagaio...

Só os verbos me definem


Abraços, Marco.

RIMA RICA

Alguém aí sabe qual palavra rima com gratidão?
alguém sabe?
alguém da platéia poderia arriscar dizer?
...
...
gratidão rima com amizade

essa sim
verdadeira rima rica


Abraços, Marco.

PASSOS

O passado
se foi...
isso é um presente...
no qual
preparo largos laços
para
o próximo passo


Abraços, Marco.

ROTINA

acordo cedo me mexo remexo exagero em pentes escovo os dentes exercícios frequentes ainda com sono longo percurso ao trabalho todo dia passo por exagerado falo gesticulo exalo energia é meu sobrenome uns gostam outros torcem o nariz até que chega a hora do almoço estômago latifundiário escondo biscoitos no armário para sobreviver à tarde que vem com sol a pino o menino quer escrever e não pode olha por sobre a mesa e vê problemas insolúveis que amanhã podem ter solução as palavras perdidas já se foram e não mais voltarão (penso por uns segundos que podem virar mundos...) continuo insistindo em continuar até quando essa roda gigante girará? estou por cima ou embaixo? sei lá! espero a hora de ir embora quando a rotina é a meu favor chego em casa em horas na hora que as letras ainda podem me fazer algum favor de aparecer
Abraços, Marco.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

AO GARCIA LORCA

...de um favo invisível
transformo
almas
em mel celeste
fazendo o impossível
da poesia
possível em mim


na harpa
cruzo a vida
com ânsia
abarco os corações
amargos
arrumando-os...

Abraços, Marco.

À DICKINSON

Solto – nas correntes da loucura
Contesto o perigo
Nisso a maioria me apóia? – não corre o risco!
Tenho ótimo senso -- de solidão
Não discrimino -- o apoio da bengala é louca sensação!


Abraços, Marco.

AO PANCETTI

A aurora nasce e rebate a tarde
Que morta
Respira o último ar
Da vida que sigo
Em inverno
de densas névoas...
No outono
Triste
Pareço o vento que sopra
Galhos e folhas...
Pareço longe
Um verão ardente
Não me esqueço
Das noites quentes
de cada sol amando o céu
de cada eu amando seu silêncio
Primavero
Em campos e curvas
como
pingos em chuvas

Abraços, Marco.

BOLSOS

Todos esses olhares são adivinhações ou perseguições? Estamos em todos os lugares ou somente onde paramos para pensar? O mar é azul ou verde por culpa do céu ou das algas? Seu pé está assim pelo samba ou por sua falta? Minha voz gasta é rouca ou pouca? Aquele vestido é vermelho com apliques rosas ou rosa com desenhos vermelhos? Sua vida é perigosa ou a minha é que é acanhada? Gostamos de tudo ou não gostamos de nada? Aquele livro é complicado ou eu é que não estava preparado? A vida é fácil ou sou eu que complico as coisas? Esse buraco é um rito ou um precipício? Seu sorriso está amarelo de remorso ou é outro troço? Dúvidas ou dívidas, o que pesa mais em nossos bolsos?



Abraços, Marco.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

FEDERICO GARCIA LORCA

Gigante espanhol, poeta e músico, Garcia Lorca, registrou:

(Fragmentos do poema ESTE ES ÉL PRÓLOGO:

"...poesía es amargura
miel celeste que mana
de un panal invisible
que fabrican las almas

Poesía es lo imposible
hecho posible. Arpa
que tiene en vez de cuerdas
corazones y llamas.

Poesía es la vida
que cruzamos con ansia
esperando al que lleva
sin rumbo nuestra barca..."

Tradução de Willian Angel de Mello:

Poesia é amargura,
mel celeste que mana
de um favo invisível
que as almas fabricam

Poesia é o impossível
feito possível. Harpa
que tem em vez de cordas
corações e chamas

Poesia é a vida
que cruzamos com ânsia.
esperando o que leva
sem rumo a nossa barca..."

Abraços, Marco.

PANCETTI

Poema do pintor José Pancetti, chamado AMOR:

Para Elza

"Em cada instante que a chuva desce
regando os campos e abrindo as flores
na primavera;
em cada noite de céu de estrelas
e em cada sol beijando a terra
no verão ardente;
de hora em hora que o vento sopra
balançando os galhos e derrubando as folhas
no triste outono;
em cada céu quando chega o inverno
cobrindo a vida de densas névoas,
amor respiro, de amor eu vivo!
Amor na tarde que vai morrendo
amor na aurora que vem nascendo.".

Pintores são os poetas das tintas, abraços. Marco.

EMILY DICKINSON

Um poema, dos cinquenta, de Emily Dickinson:

Much Madness is divinest Sense

Much madness is divinest Sense --
To a discerning Eye --
Much Sense -- the starkest Madness --
'Tis the Majority
In this, as All, prevail --
Assent -- and you are sane --
Demut -- you're straightway dangerous --
And handled with a Chain --

Tradução de Isa Marà lando:

Muita Loucura é a Sensatez mais divina --
Para o Olho que discrimina --
Muito Senso -- pura Loucura --
E nisso a Maioria
Como em Tudo, predomina --
Tu és são -- se consentes --
Contesta -- e és um perigo --
E és preso nas Correntes --

Abraços, Marco.

SOB PRESSÃO

meus melhores poemas foram feitos sob pressão minhas melhores respostas sob pressão as notas dos melhores alunos de uma difícil escola foram conseguidas sob pressão o exame oral do final de concurso de soletrar...sob pressão o ar, o ar nos pulmões sob pressão a diferença de um pai bonzinho que tudo aceita para aquele sargentão que nada agrada sob pressão o balão cresce e desfalece sob pressão a comida dura amolece sob pressão aqui nesse texto as palavras estão sob pressão tudo na vida quando acaba acaba porque não há pressão



Abraços, Marco.

Resposta ao post Precisamos de poemas?

AFLIÇÃO

Para quê?
Para quê perder tempo escrevendo
Todos continuam vivendo e se perdendo em suas vidas
Difíceis
Impossíveis
Porquanto sem visão dos próprios defeitos
Desejos
São
Esconderijos e nada disso será admitido
Tudo continuará seguindo
Todas as promessas de fim de ano descumpridas
E segue a vida
Na sua impossibilidade...
A vida é deveras difícil sem verdade
(É praticamente impossível escrever sem a capacidade de entrega total
Quem diz que consegue se esquece que os poucos leitores não são tolos e percebem
Aquilo que não está sendo dito como perseguem seus aflitos-desejos-amigos...)

Mesmo sem textos continuamos a sentir por palavras

...continuamos a sentir por palavras
Não adianta fingirmos que elas não existem
(talvez esse seja o motivo
das pessoas não lerem...)
continuamos a sentir...
mesmo que não admitamos os galos na cabeça não nos deixam deixar de sentir
mesmo que de olhos fechados quando a cabeça bate no muro, dói
não adianta fingir que não está doendo nem que não sabe por que bateu
sabemos de tudo mas escondemos de nós mesmos as verdades
(preferimos fingir morar em palácios para nos diferenciar dos dali de perto, das favelas)
Nos preocupamos com as crianças da Somália e não esticamos as mãos nos sinais
sinal dos tempos? Ou apenas mais uma dor de cabeça nessa cabeça teimosa e cheia de pensamentos torpes, tipo: sabe qual foi a última vez que troquei de carro? Preciso de espaço... preciso de espaço
Para quê?
Para quê mesmo?

Abraços, Marco.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A-M-O-R

...por onde começar...mais um poema...já não me importam mais os números...já me vejo com lugar garantido entre os que souberam olhar e do espelho retirar algumas palavras...quebrados no chão ainda estão alguns cacos de vida de vidro faço uma taça para comemorar a vitória de ainda estar aqui...escrevendo vendo e sofrendo tudo que deveria tudo está escrito? ou ainda posso inventar novos passos nessa dança de vida? acredito em Deus ou no poder da ciência? uma coisa anula a outra ou só inventando Deus conseguimos explicar nossa existência entre bilhões de estrelas? quem disse que não somos uma cadente? um cometa? um entredentes de insignificância, resto de pólvora perante uma estrela-guia, que só acende ajudado por uma mãozinha do fósforo criado por quem? adivinhe? ganha um doce quem soletrar a primeira letra da palavra que nos define


Abraços, Marco.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

IGUANAS

Sobra do vivido? não quero mais isso quero continuar mas escrever sobre coisas que desconheço elejo o assunto agora é meu mundo desconhecido de mim mesmo nada feito o batom esquecido pela prostituta na mesinha do apartamento do playboy o chicote do cara do décimo andar que se acha ainda o senhor de engenho e espera o último vacilo do último empregado para humilhá-lo em chicotadas que para o menino do nono talvez soem como música não sei cada louco com sua certeza absurda o pássaro irá morar fora da gaiola por saber-se dono da escola que fica aqui embaixo quero escrever sobre tudo que desconheço inventarei um mundo que apassargará minhas letras que nessa hora da noite se escondem dum poema sem eira nem beira sem uma flor que pudesse levar a um simples bem-me-quer sem um caule ao menos que me fizesse sonhar com uma árvore mesmo que anã loucura vã existência sem nexo como tudo até aqui ali ainda há uma esperança na herança que espero deixar aos meus filhos tristes dum pai com brilho azulado no olhar opaco de verdades amareladas por iguanas realidades

Abraços, Marco.

GERAÇÃO MARGINAL

Cinco poetas dessa geração tiveram seus poemas destacados no livro DESTINO POESIA. Separei trechos dos poemas, registrando o autor.

Paulo Leminski:

"...Marginal é quem escreve à margem,
deixando branca a página
para que a paisagem passe
e deixe tudo claro à sua passagem..."


Torquato Neto:

"...Mal, muito mal: a paisagem, o verde
da manhã, rever-te sob o sol tropical
reverso da mortalha (o mal), notícias
de jornal -- vermelho e negro -- naturalismo
eu cismo".

Ana C.

"olho muito tempo o corpo de um poema
até perder de vista o que não seja corpo
e sentir separado dentre os dentes
um filete de sangue
nas gengivas"

Cacaso:

"...Na hierarquia dos sexos, transparente,
escorrego

para o passado.
Na falta de quem nos olhe
Vamos ficando perfeitos e belos
tão belos e tão perfeitos
como a tarde quando pressente
as glândulas aéreas da noite.".

Waly Salomão:

" ... Hoje só quero ritmo.
Ritmo no falado e no escrito
Ritmo, veio-central da mina.
Ritmo, espinha-dorsal do corpo e da mente.
Ritmo na espiral da fala e do poema.".

P.S. Em poemas curtos com linguagem coloquial e métrica musical , com exceção de Ana C., todos cairam nas ondas sonoras brasileiras.

Abraços, Marco.

Precisamos de poemas?

TOUCINHO

...ninguém é melhor ou pior porque escreve ou deixa de escrever essa não é a questão a intenção vale mais do que dois pássaros voando conseguir passá-la é escrever com asas é se comunicar alguns tentam outros conseguem todos estão na coragem de fazer tudo o que já foi dito pode e deve ser repetido todos temos o direito de errar com nossas próprias mãos não interessa em que quantidade ou língua como o açougueiro não me preocupo com partes me preocupo com o todo do porco não vejo toucinho se esfregando na lama na cama na grama não sou mais do que um aprendiz sempre quero aprender ensinar o quê para quem? Alguém precisa parar para pensar em como as coisas chegaram até aqui alguém precisa investir em algo que não seja tempo é dinheiro, está quente hoje, acho que vai chover amanhã alguém precisa estar inteiro nas diferenças alguém precisa de um tema? De um poema?

Abraços, Marco.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

ERIC CLAPTON

Enquanto copio a coleção de CDs "Crossroads" de Eric Clapton para meu camarada Tom, estou aqui enrolando um pouco...

Clapton aos dezenove era considerado o Deus da guitarra e olha que a concorrência era forte, Hendrix, Page, entre outros.

Hoje, na música mundial, não há um músico dessa envergadura, basta dizer que Clapton fez sucesso com todos os grupos em que tocou: Yarbirds, Cream, Blind Faith, Derek and the Dominos.

Em carreira solo chegou, por amizade, a montar e fazer parte da banda que excursionou com George Harrison, que originou o Cd live in Japan do ex-Beatle.

Acabou a enrolação, abraços, Marco.

O QUE É NECESSÁRIO?

Óbvio, estou lendo o poema sujo de Ferreira Gullar, ainda sem impressões, por impressionado, ainda abismado com o abismo do meu lado, ainda assombrado com a coragem de um assombro, menino de oitenta anos completos, rezo todos os dias por poetas como você, ainda hei, ainda hei de...

Junto estou começando a ler alguns dos poetas da geração marginal, poetas que nos setenta mimeografavam seus poemas para divulgá-los, depois deixo aqui minhas impressões...


Ouvindo Seal, the best of, lendo os caras... é...vidinha mais ou menos...


Abraços, Marco.

POEMA SUJO 2

Mais um trecho do livro que consagrou o poeta maranhense, mestre Gullar:

"...Daí por que na Baixinha
há duas noites metidas uma na outra:a noite
sub-urbana (sem água
encanada) que se dissipa com o sol
e a noite sub-humana
da lama
que fica
ao longo do dia
estendida
como graxa
por quilômetros de mangue
a noite alta
do sono (quando
os operários sonham)
e a noite baixa
do lodo embaixo da casa

noite metida na outra
como a língua na boca
eu diria
como uma gaveta de armário
metida no armário (mas
embaixo: o membro na vagina)
ou como roupas pretas
sem uso dentro da gaveta
ou como uma coisa suja
(uma culpa)
dentro de uma pessoa
enfim como
uma gaveta de lama
dentro de um armário de lama,
assim
talvez fosse a vida na Baixinha...".

Abraços, Marco.

POEMA SUJO 1

Fragmento do Poema Sujo de Ferreira Gullar:
"...saímos de casa às quatro
com as luzes de casa acesas

meu pai levava a maleta
eu levava uma sacola

rumamos por Afogados
outras ladeiras e ruas

o que pra ele era rotina
para mim era aventura

quando chegamos à gare
o trem realmente estava

ali parado esperando
muito comprido e chiava

entramos no carro os dois
eu entre alegre e assustado

meu pai (que já não existe)
me fez sentar ao seu lado

talvez mais feliz que eu
por me levar na viagem

meu pai (que já não existe)
sorria, os olhos brilhando..."

Abraços, Marco.

ESTÉTICA DO DESALENTO

Mais uma do mestre luso: "Já que não podemos extrair beleza da vida, busquemos ao menos extrair beleza de não poder extrair beleza da vida. Façamos da nossa falência uma vitória, uma coisa positiva e erguida, com colunas, majestade e aquiescência espiritual.

Se a vida não nos deu mais do que uma cela de reclusão, façamos por ornamentá-la, ainda que mais não seja, com as sombras de nossos sonhos, desenhos a cores mistas esculpindo o nosso esquecimento sobre a parada exterioridade dos muros.

Como todo o sonhador, senti sempre que o meu mister era criar. Como nunca soube fazer um esforço ou activar uma intenção, criar coincidiu-me sempre com sonhar, querer ou desejar, e fazer gestos com sonhar os gestos que desejaria poder fazer.".


Abraços, Marco.

FAMA X PRESTÍGIO

O caminho para a fama já é conhecido grava-se um CD, batalha-se na noite tocando para qualquer tipo de ouvido rezando por uma chance na rádio e na Tv, ao aparecer num programa os shows estão garantidos e aí começa o chamado sucesso.

Com certeza, existe fama sem prestígio!

E o prestígio?

Como se dá? Em que esfera há? Existe sem fama? É mais difícil? O que caracteriza determinado artista como tendo prestígio?

Pergunto porque ainda não sei as respostas!


Abraços, Marco.



CORTELLA

Lá pelas tantas, Mario Sergio Cortella, magistral educador-filósofo brasileiro, disse, no livro "Qual é a tua obra?", que a semente é a árvore virtual e vice-versa, aí, unindo com o que li no prefácio, me deu um estalo e fiz TEMPOS:


O passado
no bico do pássaro
O presente
na semente
O futuro
na árvore
com fruto

Abraços, Marco.

FUNDAMENTAL

faço direto no blog porque não há diferença um poema já nasce pronto se fosse difícil seria impossível disse um filósofo desses que não são poetas somos os que nos arriscamos a além de tudo rimar criancice possível num mundo de impossibilidades só um louco ou um homem treinado em meninice pode querer convencer alguém rimando feijão com limão lembra feijoada enjoada pessoa não rima critica e julga à toa a todos sem nada fazer prefere olhar a se arriscar e é essa a diferença fundamental entre nós


Abraços, Marco.

OS VERDES

Vez por outra vou a Nova Friburgo, região serrana do Rio, e de frente da janela do meu quarto vejo uma reserva florestal. Desse modo, acabo fazendo alguns poemas sobre o verde, seja a cor, seja a vegetação, e dos que já fiz separei os dois que seguem abaixo:


DOS VERDES

A escuridão

Não me permitiu

Continuar

A perseguir

Os tons de verde

Da floresta que tenho à minha frente

As sombras

Estragam

as surpresas verdes


NEGRO

A noite chega

As luzes vão embora

Lá fora a hora rola se esconde nas folhas de verdes sombreados escuros de mundos

Os amarelos acinzentam tudo vai ficando negro a noite impossibilita qualquer sonho colorido


Abraços, Marco.